domingo, 23 de outubro de 2011

A decisão

Nós dois sempre gostamos de viajar. Nos conhecemos com 22 e 24 anos, mas nossos anos passados foram marcados,  de certa forma, pela vontade de ir ver outros lugares. Bem antes de termos condições financeiras para viagens, mapas, guias 4 rodas, atlas, aviões, barcos sempre nos causaram interesse. Conhecidos que viajavam para algum lugar menos usual viravam alvo de nossa curiosidade. Na faculdade nos conhecemos no Movimento Estudantil. O objetivo podia ser defender alguma ideia, administrar uma e outra entidade, lutar contra o que julgávamos injusto, participar da vida universitária fora da sala de aula, diversão, etc., mas as viagens estavam sempre lá. Brasília, Porto Alegre, Recife, Goiânia, Viçosa, São Paulo, Brasília, Brasília, Brasília... também tinham as visitas técnicas, os congressos, tudo que envolvesse algum deslocamento, era com a gente mesmo. Assim, nos acostumamos a viagens de baixo custo, simplesmente por não termos outra opção. 
Nos formamos, fomos trabalhar, nos casamos e as viagens estavam sempre na ordem do dia,  nas conversas, nos planos para férias e feriados. Até que há algum tempo veio a ideia de uma viagem de volta ao mundo, a ser feita daqui a uns 10 anos, com filhos e com grana. Mas essa ficaria para depois. Primeiro viria a carreira, o apartamento, os filhos, etc. E então, entre maio e junho de 2011, íamos pela Lagoa da Pampulha a um boteco, e comentávamos como as coisas iam ficando caras, especialmente apartamentos, talvez motivado pela especulação imobiliária, Copa do Mundo 2014, crescimento econômico, etc. E papo vai, papo vem, preços, mercado de trabalho, saúde dos pais e parentes e então um de nós disse algo como “quem sabe não deveríamos fazer essa viagem agora?” “É mesmo. Vamos fazer isso então!”. Chegamos ao boteco, bebemos, comemos, e só falamos da viagem. No dia seguinte compraríamos um globo e começaríamos a estudar.
 E aí a viagem teve início. Empregos, pais, grana, cachorrinha, imposto de renda plano de comunicação, carro, apartamento, planejamento familiar. Tudo deveria ser bem estudado sob a ótica de quem vai ficar viajando por mais de um ano.
Acredito que tivemos muita sorte de termos sacado o momento. Um ano a mais talvez o contexto não permitisse e se esperasse 10 anos, minha mãe estaria com 78 anos. Teríamos coragem?
Bem no início entendemos que um bom planejamento era vital, e ao mesmo tempo seria impossível (e até indesejável) alcançar um nível muito alto de detalhamento. O roteiro sonhado ficou diferente do que acabamos fechando por um motivo simples: o mundo é grande demais, com belezas naturais em excesso e nos últimos 10.000 anos as pessoas parecem ter dedicado bastante tempo construindo (e destruindo) lugares e coisas belíssimas. Por culpa disso, os primeiros roteiros fechavam com 500 a 600 dias. Mas nosso tempo seria 1 ano e uma seleção difícil teve de ser feita. Lugares de interesse, custos, vistos, clima, disponibilidade de voos no bilhete de volta ao mundo escolhido e a situação política de cada país foram os parâmetros para a definição do roteiro.

Nunca fomos usuários assíduos dos recursos disponíveis na internet, principalmente das redes sociais. Também não somos bons em registrar nossas viagens e passeios. Mas desde a decisão de sair mundo adentro as melhores informações foram extraídas de blogs de pessoas que fizeram ou mesmo estão no meio de suas viagens ao redor deste planeta. Outro ponto: um blog pode ser um ponto de encontro, com amigos, parentes e colegas, que desejarem saber do nosso paradeiro.

Vamo lá?