sábado, 28 de abril de 2012

Camboja - parte 1

Travessia da Tailândia para o Camboja por terra

Já estava decidido: a Indochina seria feita por terra. Mas lendo os relatos da travessia da fronteira da Tailândia com o Camboja dava arrepios. Alguns afirmavam que só era possível se fossem pagos subornos, outros davam a entender que seria impossível fazer o trecho de Aranyapratet a Siem Reap sem levar no mínimo um golpe. Nem uma coisa nem outra seria um enorme problema em si. Mas um país com este cartão de visitas... o Camboja foi destruído pelo Khmer Vermelho no fim dos 70 e o manual de construção foi queimado junto. A reconstrução de fato, só foi retomada a partir de meados dos anos 90. Se o Brasil que nunca foi destruído é o que sabemos, imagine o que esperávamos do Camboja. Mas, recentemente, foi criada a possibilidade de se obter vistos pela internet, o e-visa. Nos animamos e fomos por este lado. E a esperança surgiu na poeira. Osite oficial é perfeito, pasme (navegue pelas páginas análogas da Índia e China e entenderá o espanto). Conseguimos nossos vistos e partimos.

De Bangkok para Aranyapratet pegamos um ônibus comum e não houve sobressaltos. Aliás, vale registrar que Bangkok tem uma eficiente rodoviária, coisa relativamente rara no sudeste asiático. Em Aranyapratet tomamos um tuk-tuk até a fronteira, pois já tínhamos o e-visa. O motorista até tentou parar numa agência que fica poucos metros antes da fronteira e cobra mais caro pelo visto aos desavisados. Dissemos que já estávamos com o visto e ele tocou adiante sem problemas. A fronteira é uma área bem feiozinha, com um mundo de gente indo e vindo, vendedores de tudo quanto é bugiganga. Tudo isto dividindo espaço com vários cassinos (lado do Camboja). Mas nessa altura do campeonato, pobreza não nos assusta mais. Na Ásia não se associa pobreza a violência, como nos acostumamos nas grandes cidades brasileiras.  Pegamos a fila da emigração e recebemos nossos carimbos sem qualquer problema. Mas eu vi um europeu, pouco antes disso entregando uma cédula de dólar a um agente de fronteira com roupa parecendo de militar... enfim, estávamos dentro. Um ônibus gratuito nos levou até um terminal em Poipet, já no Camboja. Ali, rachamos um taxi com um americano e um inglês para uma viagem de 2 horas até Siem Reap. Chegamos. Sem golpe, sem suborno e sem susto. Na moral.

Um pouco da História

O Império Khmer se formou dominando os povos da região que hoje compreende o Camboja e outras vizinhanças, como o delta do Rio Mekong entre os séculos IX e XIII. Em seguida entrou em declínio e em 1431 os tailandeses dominaram a então capital, Angkor. Os khmers sempre foram beligerantes, mas depois que tomaram um pau dos tailandeses, parece que só conheceram fracassos e o declínio persistiu até o século XIX. Para sair da pressão constante sofrida a leste pelos vietnamitas e a oeste pelos tailandeses, pediram arrego para a França e se tornaram uma colônia deste pais, quase que voluntariamente em 1867. Esta situação se manteve ate 1953 (com um pequeno intervalo entre 1941 e 45, sob o domínio japonês), quando o rei Norodom Sihanouk, colocado pela própria França no trono por acharem que o cara era um toloba, declarou a independência do Camboja. A França, combalida pela Segunda Guerra, mesmo ajudada pelos Estados Unidos, tomava um pau na Indochina, principalmente no Vietnam e teve que ceder.

Como se fosse pouco o longo período de submissão e exploração estrangeira, em 1964 surge o Khmer Vermelho. Este seria o nome com o qual ficou conhecido o braço armado da rebelião comunista que em 1975 assumiu o poder, liderada por Pol Pot. Temos aqui uma prova histórica de que nada está tão ruim que não possa piorar. O regime promoveu um dos maiores massacres já registrados, principalmente se considerarmos que os assassinatos eram da própria população. Cerca de um terço dos habitantes foram mortos, seja por execuções, doenças ou fome. A ideia básica era de que aquele país, então renomeado como Kampuchea Democrático, recomeçasse tudo do zero. As cidades foram evacuadas e todos deveriam voltar às origens, plantando arroz. Então, quem não servisse para isso, era executado, geralmente a golpes de picaretas, porretes, etc, para se economizar munição. Quem decidia quem ia morrer? Fácil! Qualquer soldadinho khmer vermelho. Professores, médicos, jornalistas, intelectuais em geral, quem usasse óculos, enfim, não serviam e foram mortos, quantos foram encontrados. Após frequentes incursões do khmer vermelho no terrritório do Vietnam e pressão popular para intervenção no país vizinho, o Vietnam em 1979 invade o Camboja e encerra o domínio do khmer vermelho, pondo fim ao massacre. Pol Pot se embrenha na selva com o restante de seu exército, que passa a agir como guerrilha e assim permanece até sua morte em 1998.

Chamar Pol Pot de monstro ou compará-lo a Adolf Hitler, pelo furor assassino, é um recurso de linguagem para explicar as dimensões do mal que provocou. O perigo é deixar de dizer que Pol Pot não agiu sozinho. Se viveu até morrer docemente numa cama com mosquiteiro, foi porque soube tirar vantagem da geopolítica da Guerra Fria e ser aceito como um obstáculo importante ao expansionismo soviético na Ásia. Até as eleições supervisionadas pela ONU em 1993, o Khmer Vermelho era reconhecido pelos Estados Unidos como o governo legítimo do país, enquanto o Camboja, sob intervenção vietnamita, sofria pesadas sanções internacionais. Ocupava uma cadeira nas Nações Unidas e participava ativamente em seus organismos, como a Unesco. A China continuou fornecendo-lhe armas até 1990 e a Tailândia ainda lhe dá certo apoio logístico. A partir de 1979 nenhum país podia argumentar ignorância sobre o genocídio cometido pelo regime do Khmer Vermelho. (Veja Internacional – 1998)

Hoje o país está estável e vive um período de democracia, dependendo ainda de ajuda internacional e da ONU.

Significado de Kampuchea: Karma de dor (Tiziano Terzani). Coincidência?

Tailândia - parte 4


Massagens

Em Bali fizemos várias sessões de massagem balinesa e já chegamos na Tailândia na expectativa de abusar desta prática (muito boa e barata por aqui). Para ser famosa no mundo todo algo de bom aquilo tinha que ter. E tinha. Ficamos até meio viciados. Os “golpes” chegam bem perto da dor. Pancadas, estalos de articulações, alongamentos, torções, pressão com pés, mãos antebraços, cotovelos, pisadas. Além de prazeroso, é bonito de se ver como uma mulher com metade do meu peso podia fazer tanto “estrago” no corpo de um cristão (ou budista, ou hinduísta ou quem se deitar naquela maca). Porém, interessante mesmo é ver que as pessoas se massageiam o tempo todo. Em filas, sentados em bancos, batendo papo. Volta e meia se vê alguém massageando as costas ou o pescoço do outro. Legal. Fizemos 5 vezes em menos de 2 semanas.  


Ferrovia da Morte

Resolvemos dar uma escapulida de Bangkok em um passeio que era uma boa aposta. Conheceríamos a Ferrovia da Morte, o Rio Kwai, com direito à sua mais famosa ponte, um passeio sobre uma jangada de bambu (que eles chamam de “rafting”) e mais algumas atividades.

Museu e ponte

Partimos de manhã da capital e fomos para Kanchanaburi. Conhecemos o cemitério dos prisioneiros de guerra aliados que os japoneses usaram como escravos para construir a Ferrovia da Morte. A maioria era de holandeses, com boa representação de australianos também. Em seguida, fomos a um Museu que tenta ilustrar as condições de vida dos prisioneiros feitos de escravos. Devido às péssimas condições de trabalho, esforço contínuo e má alimentação, cerca de 16.000 prisioneiros morreram neste empreendimento. Do lado do museu fica a famosa ponte, que inspirou o filme “A ponte sobre o Rio Kwai”. De especial mesmo, a ponte tem a sua história e a importância que adquiriu na região durante a II Guerra. Atravessamos todo seu comprimento no meio de centenas de turistas. Vale a vista e a história.

Pegamos um trem numa estação bem próxima à ponte e seguimos para um vilarejo onde faríamos o “rafting”. Paisagens bonitas, várias curvas do rio e plantações e mais plantações de arroz. O trem é de uso constante das pessoas locais. É simples, mas bastante funcional.

O que mais me impressionou no rafting foi a forma construtiva das jangadas, com a parte flutuante feita de bambu. É claro que não deve existir “madeira” melhor que bambu para isto, pois além de ser leve por natureza, seus gomos são perfeitamente lacrados e são verdadeiras boias. Além de tudo, é barato e resistente à água. Na Indonésia vimos andaimes com cerca de 20 metros feitos de bambu. Não entendo como no Brasil usamos tão pouco este vegetal em nossas construções.


O rio em si é muito bonito e é realmente gostoso sentir o atrito da água nos pés enquanto a jangada desliza. Descemos em um sítio e lá, sabe quem encontramos? O Zé. Ele mesmo: ozélefantes (hehehehe, essa foi boa!). Fizemos mais um passeio sobre este simpático paquiderme. Tivemos a brilhante ideia de no meio do passeio combinar com um casal de coreanos que tiraríamos fotos deles e eles da gente, pois assim as fotos ficariam bem melhores. Depois a gente trocava e-mails. Nós fizemos nossa parte, mas os tapados até agora nada. Se alguém souber de um vírus bem letal por favor me passe o esquema, que eu quero infectar o computador daqueles idiotas. O resultado é que só temos fotos alimentando os bichinhos. Mas valeu.


Gatos

Desconfio que os asiáticos tem uma certa predileção pelos gatos, pelo que tenho visto. Os bichanos são mais frequentes que os cachorros. Muitas vezes usam coleirinhas e nunca são assustadiços como os gatos brasileiros, que costumam serem vítimas de maus tratos feitos gratuitamente, até mesmo por crianças. Talvez por isso, apesar do aspecto de pobreza das cidades asiáticas, por vezes tão sujas quanto às brasileiras, vi apenas um rato em Bangkok (e olha que nosso principal meio de transporte eram barcos que tem a função de ônibus coletivos, que sobem e desce o Rio Chao Praya) e nenhum na Indonésia. 


sábado, 21 de abril de 2012

Tailândia - parte 3


Moai Thai
Esta arte marcial é mundialmente famosa, principalmente pelo poder de fogo que seus lutadores adquirem. Ás vezes é chamada da luta dos 8 membros, já que os lutadores usam com total desenvoltura punhos, pés, joelhos e cotovelos para tentarem acertar a fuça ou onde for possível no oponente. É o esporte nacional e há envolvimento até de militares para fazer com que o esporte seja bem praticado, divulgado, e que um dia traga a medalha olímpica para o país. Inclusive, se o viajante se interessar, existem tours para luta nos principais estádios. Como se não bastasse, existem também pacotes que incluem treinos com lutadores de verdade (talvez uma surra). Já estávamos dispostos a pagar quase 100 dólares cada pra assistir a luta no estádio principal, mas descobrimos um esquema que é de graça, hehehe. Renilza descobriu que um canal de televisão mantêm um ginásio e que transmite lutas ao vivo todos os domingos. E num dia desses, fomos lá ver qual era a deles. Chegamos 1 hora antes e já havia uma pequena multidão esperando. Aí, alguém falou em voz alta "คนทั่วไปสามารถเข้าแถวมากกว่าหกสิบปี!". É claro que não entendemos nada, mas os espertos aqui se levantaram e entraram rapidamente na fila que começou a se formar. Aí, um guardinha passou por toda a fila fazendo uma inspeção e gritando "คนเท่านั้นที่หกสิบกว่าปี" Ele olhou bem pra nossa cara e disse: "คิวเฉพาะสำหรับผู้สูงอายุ แต่เป็นคุณเป็นชาวต่างชาติจะได้รับ". Continuamos sem entender nada apenas estranhando que todas as pessoas que permaneciam sentadas nos olhavam e alguns riam. Foi então que um senhor que estava logo atrás da gente nos explicou em inglês que “esta fila é só para quem tem mais de 60 anos, mas o guarda disse que vocês dois podem ficar, porque são estrangeiros”. Aí então nós reparamos que TODAS as pessoas até então na fila eram velhinhos. E o pior: não paravam de rir olhando bem na nossa cara (como parece ser bem comum para os asiáticos desta região: rir na cara do outro no exato momento em que dá vontade, como fazem as crianças). E pior ainda: éramos de longe os maiores da fila, parecendo dois bonecos de Olinda, sem a possibilidade de nos escondermos. Mas o Sr. Tana (pelo menos foi o que eu entendi) nos deu todo apoio e inclusive nos disse para falarmos que éramos seus amigos se mais alguém questionasse. Ele nos deu informações muito interessantes sobre aquele evento. Disse que, para entrar no estádio era obrigatório usar camisa de gola (exceto estrangeiros), porque o canal de TV queria que todos ficassem bonitinhos nas telas. Explicou como funcionavam as apostas, quais eram as principais lutas do dia e até o salário médio de cada lutador. E ainda nos avisou que, por algum motivo não era permitido ficar tirando fotos em todos os momentos.
O Ginásio é composto por um ringue, toda a estrutura para transmissão ao vivo, arquibancadas para os expectadores e durante todas as lutas uma banda fica tocando músicas aparentemente thai. Os lutadores são anunciados, entram no ringue usando além das vestes e equipamentos da luta, uma argola na cabeça com uma espécie de cabo (como se fosse uma raquete de tênis sem a tela). Depois de apresentados eles fazem uma série de exercícios que entendemos como alongamentos, mas ao mesmo tempo são rituais sagrados e podem ser facilmente confundidos como provocação ao oponente.
No dia em que fomos, as lutas foram muito equilibradas (um indicador de qualidade buscado pelos organizadores) e apenas uma acabou com knock-out técnico. O que mais nos impressionou foi o porte físico dos lutadores. Os mais pesados não devia passar de 70 kg e os mais leves não mais que 45.  Uma das lutas foi de garotos de 14 anos. A princípio achamos que era um pouco desumano, mas em qualquer lugar do mundo, o esporte nacional é praticado desde a infância e ninguém chega a ser profissional em nenhuma modalidade sem ter começado a praticar quando criança.
Mas as pancadas eram de verdade.

Mercado Flutuante
Este é um passeio quase obrigatório para quem visita Bangkok. O sudeste asiático apresenta relevo bastante plano e é fácil ver rios e canais facilmente navegáveis. Então, em alguns lugares se tornou interessante para os estabelecimentos terem as partes dos fundos abertas para quem passa de barco. Logo em seguida, se tornou interessante também vendedores em canoas transitarem para lá e para cá vendendo artesanatos, sopas, frutas e o que mais imaginassem. E, por fim, os turistas se interessaram em ver aquilo tudo.
Num certo dia, pegamos uma van e fomos para um mercado. Com certeza é algo que não podíamos ter perdido. Aquele monte de barquinhos indo pra lá e pra cá, os trabalhadores das lojas às vezes tentando arrastar com um bastão um barco para perto, para tentar convencer as pessoas a comprarem, as canoas se chocando, etc. Comprei uma camisa de algodão que no Brasil custaria uns 60 reais por 12 (provavelmente valia a metade).

Cobra Show
No mesmo dia em que conhecemos o mercado flutuante fomos a uma estranha apresentação. É um Show em um espaço totalmente montado para receber cobras najas e outros tipos, todas peçonhentas em exibições onde o “domador” as provoca com movimentos provocativos e até tapas por trás da cabeça. Este show já foi exibido no Faustão. São vários números. Em um deles o cara “luta” com três cobras, capturando as três, sendo a última com a boca. Em outro, uma cobra é quase arremessada fora da arena, contra o público. No final eles extraem o veneno das cobras na frente de todos, para comprovar o risco que os caras correm para nos ver felizes.

Tailândia - parte 2

Bangkok
Temos uma teoria de que se queremos realmente começar a entender um pouco de um país, devemos nos afastar das capitais. Este era o plano também para a Tailândia. Mas decidimos usar Bangkok como base para conseguir alguns vistos de países que visitaríamos nos próximos meses. O visto da Índia estava se saindo especialmente complicado. Mais pela má qualidade do site oficial do que pelas etapas realmente necessárias. Mas o principal, é que só fomos entender que nossos passaportes ficariam retidos no escritório da Embaixada Indiana já no local. Então decidimos naquele momento que iríamos unir o útil ao desagradável: como estávamos mesmo precisando parar em algum lugar com uma boa estrutura para estudar, lavar roupas, descansar, escrever para o blog, organizar fotografias, enfim esperar a poeira de 40 dias de viagens baixar e não queríamos ficar pipocando pelo país sem passaportes, Bangkok se tornou a cidade em que ficamos por mais tempo até agora. Ficaríamos uns 10 dias e depois iríamos para o Camboja. Os planos de fazer a Indochina por terra deixava em aberto a possibilidade de voltarmos à Tailândia...

Transporte
Em pouco tempo Renilza entendeu bem a lógica do transporte público de Bangkok. Com certeza é uma metrópole bem servida deste recurso. Táxis e tuk-tuks carecem de mais organização, fiscalização e uma forma eficiente de padronização de preços também para os turistas. Para quem mora na cidade e a conhece é fácil negociar uma corrida, mas qualquer recém chegado se sentiria mal em ter que negociar algo assim. E o pior é que os motoristas não tem vergonha de começar uma negociação em 50, quando o preço a que estão dispostos a fazer o trajeto seja 10. Por outro lado, metrô é muito abrangente, confortável, barato e pontual. Na TV do metrô vimos um comercial com a Gisele Bündchen. Foi muito bom ver alguém com a cara da gente depois de tanto tempo longe de casa (brincadeirinha). Além disso, ao longo do Rio Chao Phraya percorre um transporte público igualmente eficiente e ainda mais barato. Além de a vista da cidade a partir do rio já ser uma atração à parte. A cidade ainda conta com ônibus e moto-taxis, que não chegamos a usar. Alguns ônibus são bem velhos, mas parece ser proibido o transporte de pessoas em pé. O mais importante é que, usando uns 4 mapas diferentes, Renilza aprendeu a chegar a qualquer ponto da cidade pegando um boat no Chao Phraya e passando para uma estação de metrô. Difícil era ficar na mão dela, toda se achando.

Wat Po
A concentração de templos em Bangkok com certeza é maior do que de igrejas em qualquer cidade do Brasil. A cidade conta com centenas deles e alguns são especiais e mesmo passando mais de 10 dias na cidade deixamos vários dos principais para trás. Wat Po fica na parte antiga da cidade. Na verdade, é um complexo com várias construções. Impressionam os riquíssimos detalhes das construções, revestidas com pedaços de cerâmica cuidadosamente assentados, as dezenas de Budas expostos, as passagens históricas e lendárias em alto relevo. Porém, o mais impressionante neste complexo é o “Buda Deitado”. Uma estátua com quase 50 metros de um Buda deitado com a cabeça apoiada no braço direito. Ela é foliada com ouro 24 quilates.

Quase se esquece que está em um templo, ou seja, lugar onde as pessoas vão para cumprir ritos de sua religião. Em várias partes do complexo o acesso só é permitido para quem realmente está ali para isto. É grande a quantidade de monges e pessoas meditando ou entoando mantras. Toda vez que se entra em um templo é obrigatório retirar os calçados, pratica comum também em vários estabelecimentos, hotéis e principalmente nas residências. Pode-se ficar perdido por algum tempo no Wat Po, dado a quantidade de coisas interessantes para se ver.

O Grande Palácio


Este talvez seja a principal atração de Bangkok, talvez da Tailândia. Um mega complexo contendo incontáveis templos, esculturas, pagodes, o Palácio e torres. Os turistas entram e saem em multidões. Quase impossível uma boa foto sem um monte de figurantes nos arredores. E dá para entender por que. Tudo é muito caprichado. Cada centímetro parece ter sido construído com o maior zelo. Na aquisição dos ingressos se ganha um mapa do local. Sem ele pode se perder muito tempo dando voltas e o pior, deixar para trás partes importantíssimas deste local. A principal atração, com certeza é o Buda de Esmeraldas, que fica em um templo que não abre todos os dias. O Rei da Tailândia tem o privilégio de ter este templo como a sua capela pessoal. Então, se der na teia dele de querer ir lá fazer suas orações, babau visitações. Mas demos sorte. O dia estava muito bonito (e tórrido) e conseguimos entrar no templo e ficar lá dentro sentados por alguns minutos. Fotos do Buda de Esmeraldas são proibidas e os guardas podem até, em casos extremos, confiscar seu cartão de memórias. Mesmo assim Renilza, do lado de fora do templo, tirou uma foto usando o zoom da máquina, inspirada por um japonês que fazia o mesmo. O problema é que ela ficou ali parada um tempão, até que um guardinha surgiu na frente da lente dizendo: Eliminar agora! Eliminar agora! Renilza virou as costas e se enfiou na multidão. Que vergonha que eu fiquei! Mas deu tudo certo.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tailândia - parte 1

Tailândia

Moai Thai, Massagem e Culinária Tailandesa são conhecidos no mundo todo. Além disso, a Tailândia tem língua e alfabeto próprios.  Não é qualquer nação que conseguiu emplacar pelo mundo tantos atributos. O país é essencialmente budista, muito quente e tem praias famosas e templos budistas mundialmente conhecidos. Além de tudo isso, entrar no país é moleza e os custos são baixos.

Um pouco da História

Thai significa “livre”. E o país se orgulha de nunca ter sido colônia de ninguém. Nos séculos 18 e 19 seus governantes tiveram muita habilidade em usar as divergências entre Inglaterra e França, que dominavam a região, e ora cedendo aqui e ganhando ali, se seguraram. Contudo, o território já foi composto por uma área maior. Partes da Malásia, Birmânia e grande área a oeste do Rio Mekong foram perdidas. Na segunda guerra, a Tailândia conseguiu a façanha de ter sido aliada dos japoneses e se tornar aliada dos Estados Unidos logo após o conflito. Contudo, estabilidade política nunca foi o forte do lugar, além de a organização administrativa ser bastante confusa (para nós). Em 2006 houve um golpe de estado e o poder foi assumido por militares. Quem manda é uma junta militar, que escolhe os primeiros ministros. poder legislativo é investido em uma legislatura apontada pela junta. O judiciário é independente do executivo e do legislativo. As atividades políticas são proibidas atualmente. Antes do golpe de estado de 2006, o reino era uma democracia parlamentar, com uma legislatura bicameral eleita (Wikipédia). O Rei é o chefe de Estado e é bastante respeitado, até mesmo venerado e fotos da Majestade são expostas em vários locais, pessoas ganham a vida vendendo figuras do rei e é muito comum usarem uma medalhinha com sua face. Mandar mesmo, ele não manda, mas ele é sempre ouvido e sua vontade geralmente é feita.

Entrada no país

Entrar na Tailândia é bastante fácil. A gente desce do avião, procura primeiro o órgão de controle sanitário e apresenta o cartão de vacinas. Ganha um carimbo e segue direto para a emigração. O visto é ali, na hora, sem taxa e sem perguntas. Apenas temos que preencher um folheto breve, o que se pode fazer dentro do avião. O agente recebe o folheto preenchido, o passaporte, carimba, assina e estamos na Tailândia.

O metrô da cidade chega até o aeroporto. Então pegamos um trem para a estação mais próxima possível do endereço do nosso hotel. Mais um taxi ou um tuk-tuk e estaríamos em casa. Mas este é o momento mais irritante que se tem que conviver em Bangkok: a desordem desses meios de transporte. Taxímetros não são respeitados quando se trata de turista. Os preços tem que ser negociados a cada trajeto, e podem ter ágios de 300, 400%. O melhor é evitar. Pegamos aí o nosso único tuk-tuk em Bangkok.

Tuk-Tuks

Já que tocamos no assunto... essas máquinas fazem parte da paisagem de Bangkok. Tuk-tuks são carrinhos que levam de 2 a 4 pessoas (oficialmente, pois chegamos a ver com 8), cuja propulsão vem de uma moto de baixa cilindrada. Alguns são construídos em fábrica já com a moto incorporada. Outros são carretinhas presas a uma moto que de diferente das outras só tem um ponto para engate. Tem um certo charme, ocupa menos espaço e consome bem menos que um carro, mas é bem mais lento. O veículo é largamente usado pelos habitantes da cidade em seus deslocamentos rotineiros. Porém, para o turismo talvez esteja sendo mais um problema do que algo que agregue.

Bangkok deve estar perdendo mais turistas do que se pode imaginar devido à enxurrada de comentários negativos nos sites especializados em viagens, a respeito da fama geral dos condutores de tuk-tuk, suas práticas e, principalmente à forma com que abordam as pessoas. Se veem um turista andando pelas ruas, não se contentam em buzinar e perguntar se precisam de transporte. Muitas vezes eles param, vão até o turista, perguntam se precisa de ajuda e mesmo com uma resposta negativa, insistem que podem ajudar, que conhecem um excelente tour, que conhecem toda a cidade, etc. Se o turista responde que ainda assim não quer sua ajuda, é comum eles preguntarem “por que não?”. É preciso ter bastante paciência. Mas fica só nisto mesmo. O melhor a fazer é ignorar. Se tiver que usar, pesquise bastante os preços, para negociar bem. 

domingo, 8 de abril de 2012

Indonésia - parte 3 (Bali)

Ubud - Bali

Bali é o lugar. Escolhemos a cidade de Ubud. Arquitetura de forte influência indu preservada, religião Bali-Hinduísta e com estrutura ótima para turismo. Os preços muito baixos de alimentação, hospedagem e passeios.

Mas em vez de economizarmos, tivemos alguns dias de boa vida. Topamos pagar os preços de albergues fedorentos na Austrália por quartos extremamente confortáveis, em hotéis com piscinas de águas termais, limpíssimos e muito aconchegantes. Nossa estimativa é de que estávamos pagando entre 20 a 25% do que pagaríamos por algo do mesmo nível no Brasil.
O primeiro passeio foi na floresta dos macacos. Lá a macacada fica esperando aparecer alguém com banana (que se compra na entrada). Eles sobem na gente e até dão uma mexidinha nos nossos cabelos, como fazem entre si, catando piolhos. Só que a gente tem que ficar atento porque eles não gostam que fiquemos muito tempo próximos a seus filhotes. Por 2 vezes uma mamãe macaca correu em direção à Renilza, que gritou bem alto para toda a floresta ouvir (ver salto de bungge jump da Renilza). Ai que vergonha! Neste lugar tem alguns templos, onde só podíamos entrar de sarongue.
No mesmo dia fomos ao Zoo, dentre outras coisas, para passear de elefante. Os elefantes asiáticos são bem menores que os africanos, que estamos acostumados a ver nos zoológicos do Brasil. Me informei que por uns 3 mil reais eu consigo um filhote. Mas segundo eles, o mais caro e difícil é alimentar e treinar um bichinho desses.

O tigrinho aí de baixo é um filhote, mas já era do tamanho de um pastor alemão. Quando os funcionários o trouxeram, parece que ele não tava muito a fim não, porque tentou bocar os caras várias vezes. Os filhotes, neste tipo de exibição podem ser até mais perigosos que os adultos, porque se começam a brincar, uma patada pode fazer cortes muito profundos. Ficamos um pouco na dúvida sobre aquele tipo de exposição e exploração, mas é uma forma de o zoo levantar grana para se manter. A consciência pesou um pouquinho, mas entramos na fila e fotografamos o gatinho também.

Para o dia seguinte a missão era encarar o vulcão Batur. 1717. Eu sei, 1717m não é lá essas alturas todas. Mas a promessa era um passeio com uma parada em uma plantação de café, onde produziam o famoso Kopi Luwak. Em seguida pararíamos na base do morro, caminharíamos 2 horas subindo o vulcão e chegaríamos lá por volta das 5h da manhã, para vermos o nascer do sol.

Na fazenda de café, nos explicaram porque o dito cujo deles era tão melhor que o dos outros. A civeta, um bichinho muito simpático do tamanho de um gato, sobe no pé de café, escolhe os melhores frutos, come e vai embora. Só que o caroço não é digerido e sai “naturalmente”. Mas no aparelho digestivo do animal o grão sofre uns ataques químicos que alteram sua composição. O café deste grão, dizem, é o mais saboroso do mundo, chegando a custar 100 dólares a xícara. Eles tentaram fazer a gente comprar, mas eu queria mesmo era comprar um casal do civeta.

Bom, chegamos ao pé do vulcão e começamos a subida. Vacilamos e estávamos mal equipados. Não fomos com nossas melhores roupas (ou de reserva, para trocar quando estivéssemos suados) e não tínhamos lanterna. Estava frio e com muita neblina. Mas isto era normal e segundo nossa guia, normalmente ela se dissipava antes do sol nascer. No começo a subida era leve, mas logo o caminho empinou e aí foi duro. Sofremos um pouco, mas finalmente chegamos no topo, antes das 5h. Com certeza o sol nasceu naquele dia, mas foi um parto que não pode ser assistido. A neblina não foi embora e mal dava para ver uns 30 metros a diante. Mesmo assim tomamos nosso café da manhã, com ovos cozidos em fumarolas do próprio vulcão. O gosto dos ovos era o mesmo, mas não deixa de ser uma experiência. Não havia o que fazer. Descemos e voltamos para Ubud. Faz parte.
Já no nosso primeiro dia de hotel escolhemos fazer uma massagem balinesa. Gostamos tanto que desde então não ficamos mais de 3 dias sem massagem. Ao todo em Bali fizemos 4.

Nossa última noite foi encerrada em um espetáculo teatral de Kekak. Uns 70 homens se colocam sentados em círculo fazendo um coro muito bem orquestrado de “tchaca, tchaca, tchaca, tchaca”, enquanto dançam apenas com os ombros, troncos e braços. No meio do círculo se passa a representação (que não entendemos nada), onde duas bonitas moças representam os personagens (sempre dançando) e outros personagens interpretados por homens, vestidos de entidades, (geralmente com formas de bichos) também se sacolejam. Juntando isso tudo com o cenário, um pátio de templo hindu, fogueiras e estátuas, está formado o espetáculo.

A Indonésia é muito sedutora. Apesar de ser um país pobre, passa a impressão de que está se virando bem. Saímos de lá muito satisfeitos por termos escolhido aquele país.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Indonésia - parte 2

Manado

Fica no nordeste do país. Esta referência não ajuda muito, devido à escalafobética forma do território. Mas existe. Nosso destino era uma ilha chamada Bunaken, com mais de 20 pontos para mergulho. Do aeroporto fomos para o píer em uma van. Ao caminharmos no pier, começou uma gritaria do barco vizinho ao que nos levaria: “Brazii, Brazii, Brazii, Robino, Ronaldo, Kaká”.

É que um de nós vestia camisa da Seleção. Sermos brasileiros, altos (pelo menos para eles), morenos, ao contrário da gringaiada que tá sempre lá, e bonitos como ninguém mais é nesse mundo de meu Deus, nos tornava celebridades. Um Alemão, Rolf, que se tornou nosso amigo na ilha estava dentro do barco esperando. Ele disse que estava lá, tranquilo, quando ouviu uma gritaria la fora e pensou que era uma briga, ou um acidente, mas era a gente chegando. Ele disse que para ele não teve nada disso.

No trajeto do barco à Bunaken, de repente os tripulantes começaram a gritar: “dolfin, dolfin, very lucky, very lucky”. Era um bando de centenas de golfinhos ao redor do barco. Os golfinhos eram muito bonitinhos, mas o mais engraçado eram os caras pulando e comemorando, era óbvio que eles estavam de sacanagem, mas era muito engraçado.
Ficamos três dias na ilha, no Diving Resort Bastianos. O quarto muito bom, a comida mais do que perfeita. Acho que comi o melhor peixe da minha vida lá. Para nadar era bom com a maré alta, pois se entrássemos muito mar adentro, era tudo cercado por um coral enorme, muito bonito, muito rico em bicharada de mar, inclusive ouriços, com um dos quais tive um contato mais próximo. Mas nadamos nos corais assim mesmo. A barreira de corais era pouco profunda, 1 metro, mais ou menos. Só que de repente ela acabou e o mar era abismo de azul intenso. Pensei: se com essa facilidade já estamos vendo algo tão bonito, imagina em um mergulho!

Não somos mergulhadores experientes. Só fizemos os mergulhos do curso (4) em Guarapari, pouco antes da viagem. Mas duvido que veremos muitos lugares mais bonitos e ricos em vida marinha do que ali. Infelizmente não tiramos fotos submarinas, mas nenhuma fotografia conseguiria expressar aquilo. Aí eu entendi a razão de o nosso amigo Rolf estar ali. Ele passaria suas férias naquela ilha e faria com a esposa 21 dias de mergulho. E não era sua primeira vez em Bunaken.

O Rolf é um cara muito engraçado e inteligente. Nos deu várias dicas sore mergulho e trocamos muitas ideias sobre várias coisas. Mas ele era bom mesmo era de piadas. Éramos 10 pessoas no barco do mergulho e estávamos todos ali, descansando entre um mergulho e outro. Eu estava sentado no meio do barco, olhando o horizonte, concentrado para evitar enjoo e sua esposa e outra alemã conversavam bem perto de mim :“Ah, aber der Preis von Kohl in Berlin ist die Nase. Es ist Schumacher, sollte nicht die Ferrary verlassen haben. Was Ich mag die meisten ist es, Bier zu trinken..”. Aí o Rolf falou, em inglês com elas ouvindo: “Elas são mal educadas. Ficam falando alemão e você não pode entender nada.... Todos rimos e Renilza perguntou: “Rolf, na Alemanha, quem fala mais, os homens ou as mulheres?” Ele fez uma cara de expert e respondeu: “na verdade, as mulheres falam mais que os homens em qualquer lugar do mundo; Inclusive, duas pessoas estavam conversando sobre qual seria o sexo de Deus e um deles encerrou o assunto: "Com certeza Deus é do sexo masculino, porque se fosse mulher já teria falado com a gente".

Voltamos para Manado e passamos 3 dias lá. Não tem nada de especial em termos de turismo, mas precisávamos de uns dias para descansar, telefonar, nos equipar, etc. Por outro lado, tem pouca coisa mais turística do que conhecer o modo de vida de um povo diferente do seu, em cidades que não vivem do turismo. Nesta cidade tomamos os sucos mais gostosos de nossas vidas, num Pizza Hut. Além de extremamente saborosos, tinham algo que parecia massagear a língua. Coisa difícil de explicar. Lá pudemos ver também, a todo momento, pessoas de diferentes religiões convivendo numa boa. Senhoras islâmicas com cristãs andando juntas e tagarelando, meninas adolescentes de religiões diferentes (e roupas) com o mesmo comportamento comum em todo mundo, dando risinhos, de braços dados, rindo da e para a gente.

Parecia até que tinha algo errado. Todo mundo olhava para a gente por onde passávamos e eram sempre sorrisos largos. E a gente tava gostando.
Mas antes que se cansassem de nós fomos pra Bali. No nosso voo, não seria servido boia. Levamos umas bolachinhas água e sal, mas uma senhora islâmica sentada do nosso lado, levava uma enorme vasilha com uns bolinhos (que não conseguimos aprender o nome). Os bolinhos eram de uma massa meio crua, recheados com carne ou com doce de coco. Nós devemos ter ficado com cara de agoados, pois a senhora fez questão que comêssemos. E nós comemos, vários! E eram muito bons. Mas o mais louco deste voo nem foi isto. A viagem era de Manado para Denpasar, capital da província de Bali. Só que no meio do caminho o avião pousou em um aeroporto até grande, todo mundo desceu, teve que pegar outra passagem e voltou todo mundo, exatamente as mesmas pessoas, para o mesmo avião. Tivemos medo de aquilo estar errado, mas deu tudo certo. Saímos a Indonésia sem entender aquele processo. Deve ter a ver com a confusão que é a divisão política-geográfica do país. Se alguém souber, me explique.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Indonésia - parte 1

Antes da viagem sabíamos pouco desse país, que é formado por milhares de ilhas, é tropical, tem variedade e tolerância religiosa, é barato e de fácil acesso, além de ter vulcões. Então não podia ficar de fora.
Um pouco da História
O espaço que hoje é a Indonésia, até o domínio holandês no século XVII era um amontoado de reinos. Os portugueses chegaram primeiro, mas não conseguiram manter o domínio (exceto no Timor Leste). Sempre foi uma região importante para o comércio na Ásia e este era o principal objetivo de todos que chegaram ali. As populações originais parecem ter tido certa facilidade em absorver culturas estrangeiras e o país é a maior nação islâmica do mundo, embora o induísmo e o budismo também estejam bem representados. O domínio holandês prevaleceu até o início da segunda guerra. Como a Holanda foi dominada pelos alemães, o Japão “herdou” a colônia. Terminada a guerra, a Holanda quis de volta o que “era seu”, mas os Indonésios se negaram a voltar ao status de colônia e disseram mais ou menos assim:
“Nananinanão! Ser colônia de uma potência a gente aceitou até agora porque não tinha outro jeito, mas ser dominado por um país em frangalhos que tomou um pau dos alemães, nem pensar”. E declararam sua independência em 1945. Mas os aliados apoiaram a Holanda em sua reivindicação e houve guerra pela independência até 1949, quando finalmente a Indonésia foi reconhecida como nação soberana. Daí em diante o país passou por vária turbulências, incluindo catástrofes naturais (vulcões, tsunamis), conflitos políticos, militares e ideológicos. Finalmente em 2004, tiveram sua primeira eleição direta para presidente.
A Indonésia tem cerca de 240 milhões de habitantes e uma de suas grandes marcas talvez seja a enorme diversidade cultural. É composta por mais de 17 mil ilhas, mas “apenas” 6 mil são habitadas (e umas milhares nem nome tem).
Jacarta
Estava passando da hora de irmos para lugares realmente diferentes. NZ e Austrália foram novidades, mas Sudeste Asiático prometia adrenalina de verdade. Em 4 de março nos despedimos do André em Brisbane, fomos pra Sydney e de lá pra Jacarta.
Na chegada, pegamos o visto e fomos pra imigração. Renilza vestia camisa da seleção e eu do Atlétoco – MG, uma de treino, com listras verticais laranja e preta. O agente perguntou: “Flamengo?” e eu “Nooo! The best of Brazil! Atlético!” ele “Atlético Mineiro” eu: “YEEEÉS”. Ele pediu uma camisa, mas eu não podia dar. E estávamos oficialmente na Indonésia.
Jacarta não era de nosso interesse e apenas passamos uma noite lá. Estas poucas horas, contudo, foram marcantes, porque tivemos contato com este novo mundo, marcado a princípio pela pobreza material, trânsito caótico, barulho, etc. Mas a manhã seguinte nos animou. O trânsito que parecia caótico tinha uma lógica que funcionava, as crianças que vimos estavam indo para a escola, barulhentas, sempre sorrindo pra gente e com uniformes muito bonitinhos.
Pegamos um voo doméstico pra Manado. Era muito interessante o comportamento das pessoas no avião. A Cia não se preocupava com o excesso de bagagem de mão e cada um levava o que queria pra cabine. As aeromoças às vezes se esbravejavam com um ou outro que não acomodava a bagagem direito, mas ninguém se importava. Durante o voo, uma barulheira constante. Pessoas rindo, falando alto, conversando com amigos sentados a várias poltronas de distância, etc. Parecia uma excursão de BH pra Guarapari. Nada parecido com os voos que estamos acostumados, com pessoas taciturnas, caras sérias, como se estivesse indo cada um salvar o mundo.