terça-feira, 30 de outubro de 2012

Romênia - parte 5

Bran

Saímos de Brasov em uma manhã em um ônibus intermunicipal todo cheio de enfeites e chegamos a Bran sem maiores dificuldades. Esta é a localidade de endereço do Castelo do Conde Vlad II, inspiração para o Drácula. Como já foi descrito acima, Vlad era feroz e usavas técnicas de tortura e execução muito radicais. Mas seu povo o admirava muito, pois era reconhecido como um governante justo e muito corajoso em batalha.

Suas maldades, aliás, se justificariam: suas terras eram constantemente assediadas pelo ultra poderoso Império Otomano. Conta-se que certa vez, um corajoso guerreiro Otomano desistiu de invadir com suas tropas a Transilvânia depois de avistar e se aterrorizar com a carnificina e a podridão de milhares de corpos que haviam sido empalados e deixados expostos a mando de Vlad.


Pois bem. Apesar da fama mundial do Drácula, os romenos não dão muito bola para isto. Mas em Bran há uma boa exploração do mito do vampirismo nas lojas de artesanato. O castelo é bonito, mas não chega a ser impressionante se comparado a outros muito famosos pela Europa. Mas pelo menos tem originalidade. Gostamos de saber que o luxo ali não era muito exagerado.

Percorremos todos os cômodos, que estão organizados mais ou menos como um museu. Um dos andares é dedicado atualmente a servir de museu sobre a vida de Maria da Romênia, antiga rainha, que lá viveu no início do século 20. Mas não nos interessamos por isso. Preferimos explorar as escadas e túneis. E qual não foi nossa surpresa ao encontrarmos por lá um vampiro de verdade, ostentando o charme comum desses seres.


Curtimos também um pouco dos jardins e da feira de artesanatos situada próximo ao castelo e fomos embora. Ainda de tarde já estávamos no hotel.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Romênia - parte 4

Ida para o interior

Chegamos a Bucareste com poucas expectativas e estas, com dificuldade, já estavam satisfeitas. Seguiríamos para a região da Transilvânia. Era tarde do nosso terceiro dia e sairíamos no quarto. Mas Renilza, que acabara de se curar do tornozelo torcido, ao se curvar para amarrar os cadarços, lesionou a lombar. Mais do que torcer tornozelo, sua coluna dar pau é ainda mais comum.

Tadinha. Ela estava na minha frente, conversando e de repente soltou um “ai”. Já estava condenada. Eu a ajudei a se deitar na cama e ela não conseguia nem tirar o tênis. A primeira coisa que fizemos foi informar na recepção que ficaríamos mais uns dias. E demos início ao tratamento, com anti-inflamatório e aplicação de gelol e aquelas gases que se colam à pele.

Apesar de a cidade não ser lá aquele paraíso, tivemos boas experiências. Conhecemos uma jovem em uma sapataria que correu para nos atender, pois suspeitava que éramos brasileiro, pela cútis. Ela disse que adorava o Brasil. Sabia várias coisas, nomes de rios era fã do Tribalista. Registre-se: na Romênia ouvimos a maior variedade de músicas brasileiras. Michel Teló e Tche Tchererê Tchê Tchê tocam no mundo todo. Ouvimos também Bará Berê, Tribalistas e Carrapicho (bate forte o tambor...) além da saudosa “chorando se foi quem um dia só lhe fez chorar...”.

Brasov

Localizada no centro do país Brasov foi escolhida pela sua localização para sediar nossa base de exploração a um monte de lugares. Nela mesmo, apenas fizemos caminhadas e um passeio de teleférico subindo a montanha que domina a cidade e exibe um enorme letreiro com o seu nome. Somado à bela paisagem e à excelente luminosidade da tarde escolhida, deu um ótimo resultado. Chegamos lá com chuva caindo e fazendo um friozinho arretado. Mas foi só neste dia que pegamos chuva.

Em Brasov ficamos em um hotel bem melhor, mais organizado e com funcionários realmente prestativos. Isto nos fez acreditar que escolhemos o lugar certo como base. Além disso, a cidade era bastante agradável, apesar de não ter nada de especial.


domingo, 28 de outubro de 2012

Romênia - parte 3

Bucareste

A capital do país nos pareceu uma cidade gasta. Os prédios e casas volta e meia nos pareciam não terem sido pintados, árvores pediam poda e era comum ver trepadeiras dominando semáforos e placas. Além disso, a cidade deu um grande azar de ter seu nome relativamente parecido com Budapeste, cidade bem mais famosa e visitada. Isto já rendeu pelo menos duas situações constrangedoras com celebridades: numa delas o mestre de cerimônias em um estádio de futebol numa partida internacional cumprimentou os torcedores com um sonoro “BOA NOITE BUDAPESTE”! E foi respondido com vaias. Na outra, Michael Jackson teria dito aos fãs “Eu amo Budapeste”!



Palácio do Parlamento

O calor na cidade estava desumano e nosso albergue era bastante limitado. Não tinha nada das vantagens de um albergue, estava mais para um modesto hotel. Então tínhamos que partir para o ataque. Assim que possível fomos visitar o Palácio do Parlamento. No palácio só havia disponibilidade de visita em tours guiados. Aí começaram as decepções com a cidade. Teríamos que esperar mais de uma hora para a próxima visita, mas eu precisava ir ao banheiro. Não havia opção. Apesar de ser talvez a atração turística mais importante da cidade, eu só poderia usar o banheiro quando já estivesse dentro do prédio, no meio do tour. Paciência. Me segurei como pude.

O prédio é o maior palácio do mundo. Lá funcionam a Câmara e o Senado da Romênia. O palácio realmente é uma contribuição para a arquitetura mundial, apesar de nunca ter sido concluído. Foi encomendado pelo ditador Nicolae Ceausescu e o luxo que se pretendia obter e em boa parte se conseguiu alcançar é uma ofensa ao povo romeno, que tinha uma grande parcela de pessoas em condições miseráveis.

Pinturas, entalhes, móveis, lustres, são realmente muito bonitos, mas pode-se ver claramente que não foi barato para os surrados cofres públicos. Há muito exagero em quase tudo. Em um salão, um tapete que, fica enrolado em um canto não é colocado na posição normal porque é muito pesado. Pesa mais de 30 toneladas e a dificuldade para desenrolá-lo torna a tarefa inviável.



Village Museum

Localizado dentro de um grande parque na cidade o Village Museum tem uma proposta interessante: retratar as diferentes formas de habitações e os hábitos dos cidadãos do país em diversas épocas e localidades. Está bem cuidado e, devido à grande quantidade de árvores, as sombras tornam o passeio muito agradável.



Centro Histórico

Para encerrar a cidade demos uma volta pelo centro histórico, tentando dar uma chance à cidade de mudar a primeira impressão. Infelizmente não conseguiu. O centro histórico está mal preservado e praticamente não se vê nada de novo por ali. Aliás, vê-se muitos bares e algumas boates com fotos de belas mulheres. Infelizmente Bucareste hoje é uma cidade que atrai muitas pessoas pelo turismo sexual.


sábado, 27 de outubro de 2012

Romênia - parte 2

De volta para a viagem

A chegada à Romênia marca o retorno ao nosso roteiro. Saímos de madrugada de Milão e ainda de manhã estávamos no Aeroporto Internacional de Bucareste. Nos primeiros corredores do aeroporto já víamos propagandas estreladas por Nádia Comaneci, a segunda pessoa nascida na Romênia mais conhecida no mundo (a primeira com certeza é o Drácula).

Fazia um calor infernal, mas não achamos isto ruim. A entrada foi tranquila, com as perguntas básicas das autoridades (propósito, lugares que visitaremos, tempo, etc). Pegamos um ônibus no aeroporto e descemos alguns quilômetros antes do local desejado. A caminhada foi boa para termos certeza de que o pé de Pretinha estava bem. Enfim, de volta ao leste europeu.

Um pouco de história

Documentos históricos persas de mais de 2500 anos comprovam que Dario havia encontrado tribos vivendo na área da atual Romênia. Eram os Getas. Vários povos caminharam e deixaram suas marcas por lá depois disso: Dácios, Godos, Gépidas, Avaros... Muitos impérios dominaram a região, como o Huno, o Búlgaro, Romano, Otomano, Russo.

O nome “Romênia” vem de a região ter sido uma província do Império Romano naquela área que era na sua maioria dominada por povos de tradições muito diferentes das de Roma. Isto fica claro quando se compara o idioma Romeno com as línguas dos países vizinhos (Bulgária, Ucrânia, Hungria). A língua romena é de origem latina e várias palavras são perfeitamente entendíveis para nós (rua = strada, casa = acasa, homem = om, mulher = femeie). .

A Romênia moderna nasceu quando os principados da Moldávia e da Valáquia fundiram-se em 1859. Após a Primeira Guerra (na qual aliou-se às potências da Tríplice Entente), a Romênia viu a sua área de soberania duplicada com as aquisições da Transilvânia e da Bessarábia.

A Transilvânia é uma região com belíssimas montanhas, dotadas de picos pontudos, que ficou especialmente famosa depois da publicação da obra do escritor irlandês Bram Stoker, “Drácula”, de 1897.

Vlad III, que governou esta região por vários anos no século XV e foi a inspiração para Bram Stoker é historicamente conhecido por sua política de independência em relação ao Império Otomano, cujo expansionismo sofreu sua resistência. Dentre suas “técnicas” para aterrorizar os inimigos, estaria a empalação, que é um método de tortura e execução que consiste na inserção de uma estaca no ânus, vagina, ou umbigo até que o corpo seja atravessado. Era usual deixar um carvão em brasa na ponta da estaca para que, quando esta atingisse a boca do infeliz este levasse algumas horas para morrer de hemorragia. Usava-se também cravar a estaca no abdômen. O cara tinha estilo, mas vampiro mesmo ele não chegou a ser.

Após a Segunda Guerra Mundial, a Romênia tornou-se um estado comunista sob direto controle econômico e militar da URSS até 1958. O Regime se acabou com a queda do ditador Nicolae Ceausescu na Revolução de 1989. Como todos os outros países do bloco socialista na Europa, os anos após o colapso foram duros. Em 1997 a Romênia iniciou um grande programa de reformas estruturais e estabilização macroeconômica.

Apesar das nítidas melhorias, a Romênia ainda enfrenta vários problemas-chave: corrupção elevada, falta de transparência a respeito dos gastos públicos, falta de competitividade econômica, especialmente no sector agrícola. Em 2007, passou a fazer parte da União Europeia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Romênia - parte 1

Romênia

República da Irlanda, julho de 2010. Estávamos de férias no país, com um carro alugado, ainda tentando entender a rotina dos Irlandeses. Fazíamos por nossa conta um tour conhecido por lá como Ring of Carry. Descobrimos um passeio dentro do passeio que não estava previsto e resolvemos fazê-lo. Para isso teríamos que dormir em uma pequena vila.

Para o pernoite fomos a uma cidade próxima comprar roupas e quando chegamos à vila, famintos, tudo estava fechado. Não tínhamos ideia de como nos alimentaríamos. Mas, veja como são as coisas... descemos do carro na porta do pequeno hotel. Enquanto eu pegava os pacotes no porta-malas Renilza foi andando e um homem se aproximou dela, com uma panela de macarronada em uma mão e uma grande colher na outra, falando para ela algo assim: “Romênia, Romênia, espaguete” e batia a colher na panela. Renilza se virou para mim assustada e rindo e eu não sabia o que fazer.

Aquele senhor nos cercou, nos fez sentar em uma mesa de bar colocada à frente do hotel e foi gritando para a gente e batendo na panela: “Romênia, paaammm (onomatopeia representando o som da batida), Romênia, espaguete”. Sem que respondêssemos serviu dois pratões de macarrão para a gente. Dois rapazes se aproximaram rindo. Eram jovens também vindos da Romênia. O senhor em seguida serviu cervejas para todo o grupo, inclusive a gente. Antes de esvaziarmos os pratos, ele lascava mais colheradas de macarrão. Estava ótimo. Eu estava adorando aquela fartura.

Aquele senhor, apesar de viver na Irlanda há mais de 15 anos falava muito pouco inglês, mas os rapazes faziam um bom meio de campo. Chegou um vizinho irlandês e ficamos conversando ali um tempão, sem acreditar no que acontecia. E o senhor repetia: “Presente da Romênia!”. Foi a primeira vez que a Romênia entrou em uma lista de lugares que gostaríamos de visitar. Podia ser inocência nossa, mas pensamos que um país que gera pessoas tão agradáveis com certeza é um lugar especial.

Já na Romênia, várias vezes nos perguntaram o motivo de termos ido ao país (por incrível que pareça, foi o lugar onde mais vezes isto foi perguntado) e a gente contava este caso.

Por outro lado, devido ao encontro com pessoas desagradáveis, outros países já foram cortado de nosso roteiro.

No episódio da macarronada começamos a entender como as nossas ações como viajantes são importantes para o nosso país. Quando somos simpáticos, receptivos, honestos e respeitosos estamos transmitindo para as pessoas que encontramos que o nosso povo é assim. Em uma terra estrangeira, cada visitante é um embaixador. Temos a consciência de que cada vez que interagimos com alguém em um lugar pouco visitado por brasileiros, é bem possível que sejamos os primeiros que esta pessoa conhece e ela pode formar uma ideia de todo um país baseado apenas no que viu na gente.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Itália

Itália

Entramos num ônibus de noite na França e de manhã descemos em Milão. Além do calor bravo, o tornozelo de Pretinha ainda exigia repouso. Ficamos em um hotel em que os funcionários (possivelmente os donos) eram egípcios. Dois caras muito gente boa que eram muito prestativos e nos cediam gelo sempre que pedíamos, para o pé de Pretinha.

No último dia na cidade Renilza já conseguia fazer pequenas caminhadas. Então pegamos um metrô e fomos ao centro histórico. A Catedral de Milão é a terceira maior igreja do mundo e é repleta de obras de arte. Mas só fomos saber disso já fora do país. De qualquer forma, estava fechada quando a visitamos. Demos a volta no mercado que fica na mesma praça e que de mercado não tem nada: é mais um shopping center repleto de marcas mundialmente famosas e restaurantes caríssimos.



É complicado falar que já estivemos na Itália sendo que só pudemos curtir algumas horas de passeio em uma cidade que nem é das mais importantes no cenário turístico do país. Mas o que aconteceu foi isto. Na madrugada seguinte partimos para a Romênia.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

França

França

Com tínhamos que buscar nossos cartões em Vichy, uma cidadezinha perto de Lyon, escolhemos esta cidade para nos hospedarmos na França. Lyon é até bonita, mas fazia um calor danado e nosso quarto de hotel não tinha ar condicionado. O calor tinha pelo menos a vantagem de secar rapidamente as roupas lavadas clandestinamente no quarto do hotel. Seriam só 4 dias.

O primeiro, gastaríamos atualizando nossos compromissos com a internet e lavando roupa. O Segundo, indo a Vichy para buscar os cartões e o terceiro e quarto, seriam gastos com um pouco de trabalho de planejamento e turismo. Analogamente à decisão tomada sobre a Alemanha, também não postaremos nada sobre a história deste país.

Apenas uma curiosidade, que será contada aqui como um caso. O Brasil deve muito à França (a Napoleão, mais precisamente) por ter conseguido sua independência de forma relativamente pacífica. No início do século XIX, Napoleão fazia o diabo pela Europa e acabou dominando Portugal. A família real portuguesa e boa parte da nobreza fugiu para o Brasil. Dom João VI, então decretou que o Brasil não era mais uma colônia de Portugal. Agora éramos um “Reino Unido a Portugal”. Afinal, seria menos humilhante um chefe de estado fugir para um “Reino Unido” do que se esconder em uma de suas colônias.

Alguns anos se passaram e os ingleses derrotaram Napoleão. Assim, a família real poderia voltar para a terrinha. Mas, e o Brasil, voltaria a ser colônia? Nananinanão! É claro que a rapaziada aqui não ia topar um retrocesso desses. E nesse interim, Dom Pedro I já havia aprendido a gostar do Brasil e se sentia bastante em casa (o cara era um dos maiores pegadores do Rio de Janeiro). Aí, conversa vai, conversa vem, Portugal acabou aceitando a independência do Brasil, contando que Dom Pedro I ficasse como o Imperador do Brasil.

Vichy

Essa era a cidade onde eu buscaria os nossos cartões. A Renata, esposa de nosso amigo Daniel Antipoff veio para a Europa 1 mês antes dele, com a filha e a mãe, e trouxe os nossos cartões. Em uma tarde eu saí de Lyon e fui até lá busca-los. Acabei encontrando apenas a sogra e a filha do Daniel. Batemos um papão enquanto caia um toró na cidade, que é bem bonitinha. Mas o tempo urgia e voltei logo para Lyon, pois a essa hora Pretinha já estava morrendo de saudades (ela não aguenta ficar longe de mim).

Renata e Daniel, muito obrigado!

Lyon

Cumprimos bem o planejado para os dois primeiros dias. No terceiro, faríamos um pouco de turismo. Mas na noite do segundo dia, Renilza torceu o tornozelo e foi para o estaleiro. Como não é a primeira vez que isso acontece com ela, já sabia tudo que deveria ser feito. Fui a uma farmácia e comprei gases e spray e fizemos uma imobilização responsa. É claro que depois disso foram cancelados todos os planos de turistar pela cidade.

Enfim, no quarto dia pegamos outro ônibus, dessa vez para Milão.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Alemanha

Alemanha

A Alemanha só entrou no roteiro por causa dos nossos cartões perdidos. Traçamos uma rota para buscá-los com um amigo na França que incluía a Alemanha. Nada contra o país, pelo contrário. Conhecemos vários alemães super legais até aqui nessa viagem. Aliás, são os viajantes mais espertos do momento. Ótimas companhias, não tem frescura e dão dicas ótimas.

Mas o país é caro para o padrão de nossa viagem e por isso ele nem entrou no roteiro original. Então decidimos não postar “Um pouco de História”. Mas, cá pra nós, nem precisa, né? Quem nunca ouviu falar de Fusca, Primeira e Segunda Guerra ou Lutero? Ou seja, eles influenciaram na forma como a gente se locomove, no mapa mundi e no jeito que a gente reza. Não é pouca coisa.

Entrada

O dia anterior foi passado dentro de vários ônibus tipo “cata-jeca” dentro da República Checa para chegarmos na fronteira com a Alemanha. Acordamos em Razvadov, comemos uns biscoitinhos e pusemos a mochilas nas costas. Se estávamos corretos, caminhando 3 km chegaríamos à fronteira e mais 4 na cidade de Waidhaus. Fomos lá. O dia estava bonito e a estrada vazia.


Passamos uma ponte sobre um riacho que era a fronteira. De cada lado havia a bandeira do respectivo país. Era tchau pros checos e olá pros alemães. Continuamos andando. Num dado momento um carro comum parou do nosso lado. Estávamos em frente a uma casa e achamos que ele estava parando para entrar. Continuamos andando e o motorista fez sinal para pararmos. Mostrou um distintivo policial e muito educadamente pediu nossos passaportes.

Conversamos um pouquinho, o cara se admirou dos nossos carimbos, rimos e nos liberou. Interessante. Não tem na fronteira um posto de verificação todo formal e imponente, mas é claro que eles controlam bem as entradas do país. Nos deram informações de como chegar à cidade (eu esperava que nos dessem uma carona, oras!), e fomos andando.

Enfim, chegamos em Waidhaus. Nada mal. Bonitinha, agradável, mas tínhamos que dar um jeito de arrumar um transporte pra Nuremberg. Achamos um ponto de ônibus e ficamos esperando. Enquanto isso pedimos carona pela primeira vez na viagem, mas não conseguimos nada. Até que um ônibus parou do outro lado e o motorista nos chamou. Ele nos explicou que era aquele carro que tínhamos que pegar. Fomos então parar em Vohenstrauss.

Descemos numa rua que parecia ser a principal e ficamos esperando outro ônibus para a próxima cidade na direção de Nuremberg. A ideia era repetir o que fizemos na República Checa. Isto porque o ônibus direto da República Checa pra Alemanha era muito caro. Esperamos um pouco até que outro ônibus parou e o motorista, num ótimo inglês nos deu o serviço: o melhor caminho seria ir com ele até Weiden e lá pegarmos um trem para Nuremberg. Mas o bilhete do trem a gente compraria com ele mesmo, na maquininha do ônibus, ainda por cima com desconto. Ficamos babando com o sistema de transporte e com o nível cultural das pessoas.

Fomos então. Chegamos em Weiden, já na estação ferroviária e procuramos uma roleta ou algo que o valha. Nada! Pelo que entendemos funciona assim. A estação está lá para todos e os trens também. Para usar o sistema você deve comprar o seu bilhete. Mas não há ponto de checagem. Assim, se você quiser pegar trem sem pagar passagem, ok. Mas há fiscais espalhados que podem pedir para você mostrar seu bilhete. Se você não tiver comprado a multa é pesada. Pegamos nosso trem e algumas horas depois estávamos dentro de Nuremberg.

Nuremberg

A gente bem que podia ter encurtado nossa estadia na Alemanha, mas já que estávamos ali, pelo menos em Nuremberg resolvemos passar uns dias. A cidade ficou mundialmente famosa por ter ocorrido lá o julgamento dos principais líderes nazistas após a Segunda Guerra. Tem até um bom filme, com Alec Baldwin, “O Julgamento de Nuremberg” que mostra um pouco do que rolou.


Mas nosso encantamento com a Alemanha ficou apenas na já famosa organização do país. Para o nosso padrão, tudo é muito caro. Demos ainda o azar de não conseguirmos usar a internet no hotel em que ficamos. Foi a única vez que isto aconteceu até agora. E os funcionários do hotel não fizeram nada para tentar ajudar.

Então não fizemos praticamente nada de turismo. Demos apenas umas voltinhas pela cidade e três dias depois de entrarmos no país já estávamos a caminho de Lyon na França.

domingo, 21 de outubro de 2012

República Checa - parte 3

Cesky Krumlov

É uma cidadezinha muito bonitinha que fica no Sul da Bohêmia. No vale entre duas montanhas se formou uma área plana, onde o Rio Moldava passa fazendo um zigue-zague muito acentuado. A cidade foi construída nesta planície. As curvas do rio deixam o turista desorientado. Que é legal é. A cidade tem por volta de 700 anos. Tem um castelo bonitinho, com um urso de verdade na entrada.


Cortando a cidade o rio é cheio de passagens de nível. A cada cerca de 300 metros há uma represa. Em uma parte da represa há uma rampa por onde caiaques, botes e boias podem passar. Alugamos um bote e fomos descendo o rio. Nos pontos onde o risco de o bote virar é maior (e a toda momento tem um barco virando) fica lotado de gente nas margens, para apreciar os tombos. Fomos bem. Apenas em uma das decidas o nosso bote perdeu a direção e chegou na parte de baixo de lado. Mas não tombamos e fomos até aplaudidos.


Saída do país

Apesar da beleza do país, talvez o dia mais emocionante foi o da partida. Renilza montou uma rota aproveitando apenas transporte público de ônibus pulando de cidadezinha em cidadezinha. A sequência foi a seguinte: Cesky Krumlov, Cesky Budejovice, Klatovi, Pilsen, Bor e Rosvadov. Esta última fica a 7 km de Waidhaus, já na Alemanha.

Decidimos pernoitar em Rozvadov e fazer a travessia no dia seguinte, já que chegamos lá no final do dia. Essa ideia de chegar à fronteira da Alemanha utilizando transporte local nos fez economizar alguns euros, mas gastamos praticamente o dia inteiro nessa brincadeira. Mas aproveitamos a paisagem e o contato com os checos fora das áreas turísticas, o que foi bem melhor.

Rozvadov, pelo que vimos vive da jogatina e da prostituição. Cidadãos alemães com poder aquisitivo muito maior que os checos cruzam a fronteira para terem um pouco de farra a baixo custo. Como o dia foi longo e o seguinte não seria diferente, apenas jantamos, trocamos nossas últimas coroas checas por euros e fomos dormir.

sábado, 20 de outubro de 2012

República Checa - parte 2

Praga

Esta cidade com certeza figura entre as mais bonitas do mundo. Desde a década de 90 se firmou como um dos principais destinos da Europa. Os turistas são vistos pelas ruas em multidões. A Ponte Carlos, o enorme e bem preservado centro histórico, o rio com as eclusas, monumentos, igrejas, etc, realmente garantem a alegria do turista. Além disso, se pode comer muito bem por bons preços. 















O albergue

O albergue Ujezd funciona só no verão, alta temporada. Trata-se de um ginásio de esporte onde são colocadas camas e armários e improvisada uma sala de estar. Muito interessante a proposta. Em uma quadra eles abrigam cerca de 70 pessoas. O preço é baixíssimo: menos de 10 dólares a diária por pessoa. Depois de termos ficado em um albergue ex-igreja na Escócia, não era de se estranhar.



Mendigos de Praga

Esquisitaços os mendigos de Praga. Eles usam blusas com capuz, ficam ajoelhados e com os cotovelos apoiados no chão segurando o copo para as moedas. Olham para baixo, para dificultar vermos seus rostos e, sempre, tem um cachorro grande. Achamos que os cachorros são para evitar serem atacados. Muito estranho. E eles são muitos.



Parque Petrin

Nosso albergue ficava aos pés do morro que abriga este parque. Lugarzinho agradável, bem arborizado, com uma própria “torre Eiffel”, áreas para piquenique, etc. Chegamos lá e subimos na torre e tivemos a melhor vista da cidade. Descemos e entramos no labirinto de espelhos. Que lugar legal! A gente fica gordo, magro, com perna curta. O chato é que fica cheio de criança atrapalhando a gente. Terminadas as atividades descemos para a cidade numa espécie de trenzinho puxado por cabos.





Castelo

Esta é a principal atração da cidade. Sua construção teve início no século XI e segundo o Guiness, é o maior castelo do mundo. Atualmente serve de residência presidencial. Lá dentro tem uma enorme e muito bonita igreja, a Catedral de São Vito. Os vitrais são de beleza insuperável e alguns deles, ao serem atravessados pela luz do sol formam figuras impressionantes. Tem também, dentro do castelo um convento de São Jorge, uma estátua dele espetando a barriga de um dragão com uma lança. E não é só isso: tem o Palácio Lobkowicz, que abriga um museu, a Torre Dalibor, um enorme jardim, plantação de uva e vários cafés, restaurantes, lojinhas de artesanatos, etc.



Ponte Carlos

Hoje é apenas uma entre várias que ligam a cidade velha e as adjacências, mas durante séculos foi a única via existente para isto. Sua construção teve início em 1357. Hoje é usada apenas por pedestres, artistas de rua, turistas e mendigos. Lá vimos uma das mais bonitas apresentações de artistas de rua durante a vigem. Três rapazes executando "Nothing else matters", do Metálica. A ponte é toda decorada com dezenas de estátuas de santos, Jesus e patronos.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

República Checa - parte 1

República Checa

Ainda não havíamos recuperado nossos cartões de crédito, mas um amigo viria para a França e traria novos cartões para a gente. Então, tínhamos que nos deslocar no sentido de facilitar as coisas para a ida à França. Partimos de Wroclaw para Praga. Esperávamos na República Checa ver cidades bonitas, comer e beber bem (Pilsen é uma cidade e Bohemia uma região checas).

Um pouco de história

O país é composto hoje por duas regiões, Morávia e Bohemia. Esta já foi um reino promissor, que acabou caindo nas mãos do Império Austro-Húngaro. Da confusão da Primeira Guerra, os Checos se uniram aos Eslovacos e criaram uma nação independente, a Tchecoslováquia, em 1918.

Nas vésperas da Segunda Guerra a parte Checa foi anexada pela Alemanha e a Eslováquia se separou. Ao fim do conflito as duas nações voltam a se unir (parecendo certos casais de namorados...). Porém, o país ficou sob forte influência soviética e acabou sendo invadido por tropas deste país em 1968, quando tentava implementar reformas políticas (Primavera de Praga) que não agradaram aos russos.

Houve incontáveis protestos e até suicídio de estudantes, mas o país não ofereceu nenhuma reação militar, evitando um enorme massacre. Lembremos que em 1968 os Estados Unidos estavam afundados até o pescoço na lama do Vietnam e a URSS teria muita facilidade em promover um massacre na frente das câmeras, já que o rival massacrava milhões de asiáticos. O país ficou ocupado pelos russos até 1990.

Até o momento dentre os países que visitamos foi onde sentimos que havia maior ressentimento contra o Comunismo.

Em 1989, a Checoslováquia recuperou a liberdade por via de uma "Revolução de Veludo" pacífica. Mais ou menos assim: o povo protestava muito, de forma pacífica. O Comunismo se derretia pela vizinhança. O presidente não esperou para ser deposto e humilhado e deu um jeito de entregar o poder. Em 1993, o país separou-se em dois pacificamente, resultando em países independentes: República Checa e Eslováquia.

A República Checa é um país bastante próspero, com 99% de alfabetização, excelente índice de mortalidade infantil e IDH elevado. O tipo de cerveja mais popular do mundo, a Pilsen, é, na verdade a tentativa de copiar uma cerveja que foi desenvolvida na cidade de Pilsen, e que recebe seu nome.

sábado, 13 de outubro de 2012

Polônia - parte 6

Wroclaw

Concluímos que a próxima cidade na Polônia tinha que ser, de preferência pro rumo da República Tcheca, nosso próximo país. Assim, escolhemos Wroclaw. É uma cidade universitária com 640 mil habitantes. Possui um centro histórico que pede de 1 a 2 dias para ser bem percorrido. De lá também saem tours para Auschwitz. Mas como já tínhamos ido lá, ficamos três dias batendo perna por Wroclaw mesmo.


Conseguimos um hotel muito bom em uma promoção, que ficou pelo preço de albergue. Ali assistimos a abertura dos jogos olímpicos, usamos e abusamos da banheira e ficamos a toa, plagiando nosso amigo Wagner, em retiro olímpico.

A cidade antes da Primeira Guerra era da Alemanha, que foi obrigada a entrega-la para a Polônia como indenização. Na Segunda Guerra, foi toda destruída e saqueada quando os russos a tomaram da Alemanha. Mas não há sombra disso lá. É uma cidade vibrante, com muitos bares, restaurantes e uma vida cultural intensa. Mas para aproveitar bem isto, é preciso visita-la no período de aulas das Universidades. Não foi o nosso caso.

Em vários pontos da cidade se encontram estátuas reduzidas de simpáticos anões. Se trata de uma referência a um movimento cultural anti-comunista, de um grupo conhecido como Laranja Alternativa. Wroclaw foi uma boa despedida da Polônia, que nos recebeu e nos tratou muito bem.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Polônia - parte 4

Mina de Sal de Wieliczka

Acordamos cedo e iniciamos uma caminhada. Alguns quilômetros dentro de Cracóvia e mais outros por auto-estrada. Depois de 12 km estávamos na Mina de Sal de Wieliczka. A mina entrou em operação em 1290 e foi durante muito tempo a maior fonte de divisas da Polônia. Ficou em operação até a década de 1990. Mas a mina já é um destino turístico desde o século XIX, e mesmo antes disso era alvo da curiosidade de muitos.


Até Nicolau Copérnico, já esteve lá e ganhou um monumento em sua homenagem. Estiveram também outras celebridades, como Goethe, Bill Clinton, Humboldt, o Papa João Paulo II e muito mais. Tem várias capelas dentro da mina, além de salões onde equipamentos que foram usados em diversas épocas contam um pouco da história da atividade mineral. Também é possível ver lustres feitos com cristais de sal e esculturas esculpidas por funcionários da mina.

Num dos salões pude mostrar um pouco do que sei sobre operações de mina.


A mina está muito bem organizada tanto para passeios quanto como um verdadeiro museu, onde se pode aprender um bocado da história da Polônia. É patrimônio da Unesco desde 1978 e recebe a visita de mais de um milhão de pessoas todos os anos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Polônia - parte 3

Bairro Judeu

Algo comum nas cidades turísticas europeias é a oferta de tours guiados grátis. Funciona assim: o guia oferece e divulga um tour, a ser feito a pé em hora marcada, geralmente por uma região da cidade, passando por monumentos e locais de interesse. Os turistas se apresentam e a caminhada começa com o guia dando as explicações sobre os locais. Ao fim do passeio, os turistas dão gorjetas nos valores que julgarem justos, ou mesmo não dão nada. A prática tem me parecido ser boa tanto para os turistas quanto para os guias.

Fizemos um passeio desses pelo bairro Judeu de Cracóvia. Passamos em várias sinagogas, praças, um cemitério e outros locais. A menina, uma simpática jovem que tem neste tipo de trabalho uma segunda fonte de renda, é muito paciente e prestativa, dando ótimas explicações. Ela disse que o interesse turístico pela cidade e principalmente ao bairro judeu cresceu muito após o filme “A Lista de Schindler”. A Cidade de Cracóvia é um dos principais cenários para o filme. Segundo a jovem, o bairro judeu estava praticamente abandonado. Ela mostrou uma casa, restaurada, e que valia uma grana preta, que ela se lembrava em sua infância de passar por ali e ver a casa ainda com marcas de tiros da época da Segunda Guerra.


Nesta praça, onde foram colocadas várias cadeiras como monumentos, se passava algo muito cruel: na Segunda Guerra, já no período em que os judeus eram enviados para campos de extermínio (Solução Final da Questão Judáica), era dito nos guetos de judeus, que um trem os levaria para uma região onde eles ganhariam terra. Naquela praça funcionava a estação, onde os judeus esperavam, cheios de esperanças a chegada do trem. Mas na verdade, eles eram levados para serem exterminados em câmeras de gás. As cadeiras simbolizariam esta esperança inútil, já que tudo era mentira.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Polônia - parte 2

Cracóvia

Cracóvia é a cidade onde viveu e se educou Karol Józef Wojtyła (Carol Voitila), o Papa João Paulo II. Mas não fomos lá por isso. Ela já havia sido indicada por um polonês que conhecemos em Bangkok e é um dos pontos altos do país. Pegamos um clima ótimo: muito sol, mas com temperatura agradável. Pela primeira vez vimos algo que se repetiria pelo leste da Europa: para todo lado, pés de maçã carregados, com os galhos até entortados pelo peso das frutas.

 
Nesta cidade curtimos a praça mais vibrante que já vimos. Um enorme espaço com vários bares e cafés, um mercado, uma igreja muito bonita e vários artistas de ruas apresentando ao mesmo tempo. Sem contar as carruagens para turistas, crianças correndo. Estabelecemos ali a nossa “praça benchmark”.



Encontramos na cidade também um dos melhores albergues desta viagem, em termos de estrutura e de pessoal, embora aí quase fomos envolvidos em uma briga de um grupo de rapazes portugueses e um australiano. Mas isto não desabona o albergue, que aqui indicamos: Atlantis Hostel.

Comida

Até o momento na Polônia foi o lugar onde nos alimentamos melhor. É comum restaurantes do tipo “comida a quilo” quase iguais aos do Brasil. Já no primeiro dia encontramos uma praça muito bonitinha onde batemos um pratão de joelho de porco, bigos (chucrute) e batata assada, com uma ótima cerveja. Em um restaurante indicado pelo albergue, provamos o pierogi, um tipo de pastelzinho cozido ou frito.


Um alimento bastante popular por lá, zapiekanki, é feito de uma bisnaga enorme de baguete cortada longitudinalmente e coberta por molho, queijo, etc. E ainda conhecemos uma sopa incrível, zurek: feita de batata, pedaços de linguiça, com um ovo cozido partido, e um tempero ótimo. E tudo era muito barato.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Polônia - parte 1

Polônia

Entramos na Polônia pelo aeroporto de Cracóvia. Sem maiores dificuldades, passamos pelas burocracias. Fomos até uma máquina para comprar tickets de ônibus. Não tínhamos trocado, mas um homem da igreja, acho que um frade, nos forneceu uma quantia bem maior que a necessária. Tentamos pagá-lo em euro, ou que ele trocasse nossas notas grandes, mas ele se recusou, dizendo: “presente de boas vindas da Polônia”.

No primeiro restaurante que fomos a garçonete nos atendeu com um caloroso “hello!”. Era tudo que ela sabia de inglês, mas com um sorriso enorme, nos ajudou a montar nossos pratos, sempre sorrindo.

Gostamos muito quando os outros nos dão dinheiro, e mais ainda quando somos bem tratados e o tempo estava ótimo. Ficamos muito otimistas a respeito dos próximos dias.

Um pouco de História

No ano de 966 surge o primeiro estado Polaco, com um território parecido com o atual. No século XIII foi devastada pelos mongóis e no XIV foi reunificada pelo rei Ladislaw. O país conseguiu se manter de fora dos que foram atacados pela Peste Negra, do que se supõe que possuíam conceitos de higiene e organização melhores que os países do outro lado da Europa.

Os polacos tinham muita afinidade com a Lituânia e através de tratados entre estas nações, a Polônia progrediu muito, chegando a ser no século XVI o maior país europeu. Essa prosperidade teve fim no século XVII, quando a Suécia invadiu o país. Esta invasão seguida de revoltas internas e mais o assédio de outras potências condenaram o país a sumir do mapa e só foi recolocado em 1807, por Napoleão.

Isto não durou muito, e logo o país já estava invadido, dividido e anexado pelos vizinhos. Tenho a impressão de que estes nunca levaram a sério a existência dos polacos. Várias vezes invadiram, anexaram e dividiram o país, com a Rússia quase sempre envolvida. Não é a toa que sentimos algumas vezes um grande desprezo no país pela Rússia.

Ressuscitou novamente em 1918, mas em 1939 foi ocupada pela Alemanha e URSS, que mantinham um tratado de não agressão que até o momento ia bem. A invasão alemã foi o estopim para que nações do ocidente declarassem guerra à Alemanha. Na segunda guerra foi o país com a maior perda humana proporcionalmente à população original, já que além de ter sido invadida foi um dos cenários de guerra mais ativos em todo o conflito.

Nos últimos 2 séculos, que eu consegui contar, a Polônia teve pelo menos 9 configurações territoriais e chegou até a desaparecer algumas vezes. Mas os polacos tem uma estrutura cultural muito forte, formada por hábitos, e principalmente uma língua única, extremamente difícil para nós. Tente pronunciar as palavras przeszlość, Szkocji, strzal, dluższy przyjeździe. Não dá para negar que se esforçaram ao máximo para manterem-se como um país, mas tiveram o azar histórico de estarem cercados por nações muito competentes em assuntos militares e deu no que deu.

Com o fim da Segunda Guerra a Polônia voltou a existir, mas ficou sob forte influência soviética e por isto se tornou ou país socialista. No início, o governo era muito autoritário, seguindo influencia de Stalin. Mas na sucessão de ditadores, aos poucos as liberdades civis foram aumentando e em 1980 surgiu o Sindicato independente “Solidariedade”, que ficou mundialmente famoso e se tornou uma força política.

Em 1990, Lech Walesa, candidato pelo Solidariedade vence eleições presidências, prenunciando o fim do socialismo europeu. Com a queda do comunismo soviético e países alinhados, todas estas nações passaram maus bocados em suas organizações sociais e econômicas, chegando alguns a terem seus PIB’s reduzidos em 50%.

Contudo, a Polônia aplicou bons programas econômicos que, mesmo sendo cruéis com a população no início, levaram o país a ser o primeiro do antigo bloco a se recuperar. Hoje faz parte da União Europeia. Seus indicadores sociais são muito bons, ostentando IDH de 0,813 e alfabetização de 99,3%.

domingo, 7 de outubro de 2012

Reino Unido - parte 8

Museu

Edimburgo tem um museu muito bom, que, separadamente, expõe sobre história, cultura e ciências. Mesmo depois de abusar dos museus de Londres, conseguimos nos impressionar aqui. Esse boneco aí dentro do vidro é nada menos que o cadáver empalhado da simpática ovelha Dolly, primeiro animal clonado pelo homem, justamente na Escócia.


Tour Fantasma

Edimburgo é uma cidade cheia de mistério e, segundo nos informaram, as pessoas lá são especialmente supersticiosas. Vários “fatos” estranhos são relatados por lá. Tanto que foi lá que se instalou um dos primeiros (talvez o primeiro mesmo) Departamento de Parapsicologia em uma universidade. A cidade tem um passado macabro, onde a Inquisição matou e torturou de todas as formas possíveis com grande intensidade.

A peste negra dizimou boa parte da população. Durante um período da história, qualquer infração que um habitante da cidade cometia era punida com morte, esquartejamento e exposição das partes do corpo em locais de trânsito intenso de pessoas. Sendo este o passado da cidade, não é de se estranhar que esteja cheia de fantasmas.

Aproveitando esta vocação, foram desenvolvidos vários tours pela cidade, à noite, onde os guias levam grupos a lugares especialmente macabros, como cemitérios, locais de assassinatos, de ocorrências de manifestações do além, etc., enquanto vão contando os causos. Em alguns passeios os guias usam fantasias e em outros, são promovidos sustos para animar os turistas. Nós pegamos um tour sério, em que a guia se focava apenas em fatos reais ou de grande repercussão, remetendo ao máximo à terrível história da cidade. Sabendo disso ficávamos tranquilos, pois se algum fantasma se manifestasse era de verdade e não precisaríamos pagar nada a mais por isso. Se apareceu, nem notamos.

É um programa barato e interessante, que leva geralmente duas horas e onde se pode aprender muito sobre a cidade.

Alerta

Nunca, jamais, em hipótese alguma, saia do Reino Unido com Libra Escocesa no bolso para ser trocada fora. A Libra Escocesa, no UK é a mesma coisa que a Libra Inglesa, só que as cédulas são diferentes. Mas tem o mesmo valor. Saindo da ilha a história muda. Na troca de Libra Escocesa por Euro na Polônia e Alemanha, perderíamos mais do que 20%. Isso quando a casa de câmbio topava fazer a troca. Tínhamos 120 libras e fomos ficando com elas no bolso. Por fim conseguimos trocar perdendo cerca de 10% nem me lembro em que país.

Despedida

Enfim fomos embora. Se gostamos da ilha? Claro que sim. Mas confesso que já estava meio chato esse negócio de tudo dar certo, comida ruim, sorry pra cá, sorry pra lá...

Pegamos um voo de Edimburgo mesmo para a Cracóvia, Polônia. Nem carimbaram o passaporte na saída. E algumas horas depois já estávamos batendo um pratão de purê, repolho e joelho de porco.

sábado, 6 de outubro de 2012

Reino Unido - parte 7

Edimburgo

Albergue, igreja

Chegamos em Edimburgo com chuva caindo e fazendo um friozinho muito enjoado. Mesmo assim fomos andando para o nosso albergue, que era uma igreja. Explico. O prédio onde o albergue foi construído foi concebido para ser uma igreja, um templo. Funcionou como isto por muito tempo. Não sabemos se era da igreja católica, anglicana ou escocesa (nesse quesito essas religiões são semelhantes na Grã Bretanha).


Como o negócio não deu certo como tal, por algum ato perdeu sua condição sagrada e hoje é um albergue. Achamos muito estranho, mas aprendemos com uma guia que na Escócia isto é muito comum. Muitos outros prédios que antes eram igrejas cristãs abrigam atividades mundanas, como escritórios de empresas, salões de exposições, etc. Muito moderno esses escoceses! Se a moda pega em Ouro Preto vai dar um dinheirão. É só a diocese identificar os períodos de menor frequência de fiéis nas missas e usar uma ou duas igrejas como dormitórios de turistas excêntricos, desviando os fiéis para as outras igrejas.

E eu espero que minha mãe não comece a ler este blog justamente nesta postagem.

O Castelo de Edimburgo

Esta construção que domina a paisagem da capital escocesa conta boa parte da história e até da pré-história da região. É possível que fortalezas tenham sido construídas naquele cocuruto desde a idade do bronze. Ao longo da idade média ele foi sendo construído, puxadinho por puxadinho, paredão por paredão, até se tornar uma das fortalezas mais famosas do mundo.

Não obstante, foi tomado e retomado, várias vezes em ataques cinematográficos. Em uma delas, Robert the Bruce (aquele que em “Coração Valente” acaba o filme liderando os escoceses) promove um assalto fazendo com que 30 de seus homens escalassem as encostas de cerca de 100 metros à noite e pegassem as sentinelas de surpresa. De outra feita, os invasores se disfarçaram de mercadores e quando estavam entrando pararam a carroça impedindo que o portão se fechasse possibilitando a chegada do resto do time.

Apesar de toda a imponência, o rochedo que o sustenta retém muito pouca água, impedindo que os ocupantes pudessem se manter por longos períodos de cerco. Uma das vezes em que foi tomado o inimigo usou deste expediente, cercando o castelo e esperando até a sede obrigar aos ocupantes a se renderem.

O castelo foi cenário de incontáveis intrigas, traições e disputas que determinaram os rumos da Escócia. Lá estão expostas as joias da coroa escocesa e em tempos mais recentes serviu de prisão, desde para revoltosos das colônias americanas até soldados inimigos da Segunda Guerra

Bom, o castelo é muito bonito e este foi o motivo para a gente ter ido lá. Lá tem museu, apresentações de espadachins, tiro de canhão (todos os dias eles dão um pipoco em hora exata), tem a prisão, exposições, etc, além de propiciar lindas vistas da cidade.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Reino Unido - parte 6

Stonehenge

O Stonehenge não fica longe de Londres. Dá para ir, ver o que tem que ser visto e voltar em um passeio de 4 ou 5 horas. Trata-se de um círculo feito com blocos de pedra no qual se pode identificar os principais eventos solares anuais. É praticamente consenso que sua construção tem também motivos religiosos. Tudo está em ruínas. Porém, o mais interessante é que o monumento foi construído a cerca de 5.000 anos. Ou seja, anterior às pirâmides do Egito.

Algumas estimativas apontam que se gastou cerca de 30 milhões de horas homem nos trabalhos. Ainda não há consenso do real objetivo da construção, como as pedras foram trazidas e os recursos que foram empregados. A explicação científica para a construção está no ponto em que o monumento tenha sido concebido para que um observador em seu interior possa determinar, com exatidão, a ocorrência de datas significativas como solstícios e equinócios, eventos celestes que anunciam as mudanças de estação.

Para isto bastava se posicionar adequadamente entre os mais de 70 blocos de arenito que o compunham e observar-se na direção certa. Foi um feito esplêndido, já que as organizações sociais naquele tempo eram tribais, onde nem a produção do ferro ainda era dominada. Não se pode transitar por entre as pedras. O círculo é mantido isolado e os turistas ficam a uns 20 metros dos monólitos. Choveu quase que o tempo todo, mas mesmo assim ficamos satisfeitos.


Viagem para Escócia, ônibus

Depois de alugarmos o Angelo e a Carol por quase duas semanas, com o ponteiro do desconfiômetro colado no setor “alerta vermelho”, pegamos nosso busão para Edimburgo. O ônibus era novo e não estava cheio. Pudemos ficar cada um, com um conjunto de duas poltronas. Não era para ser uma noite dos sonhos, mas acreditávamos que daria para tirar boas sonecas. Que nada!

Os bancos inclinavam minimamente e o busão, muito mal fabricado, tremia todo. Se eu tivesse um alicate e uma chave de fenda passaria a noite inteira apertando porcas e parafusos. Era vidro batendo com metal, plástico batendo com a lataria, poltronas que tremiam, motoristas que davam golpes na direção e no freio (tudo bem, isto não é culpa do fabricante). Além disso tudo, choveu e nossas bagagens se encharcaram no bagageiro. Noite longa. Chegamos a ter saudades dos ônibus do Camboja.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Reino Unido - parte 5

Canterbury

Trata-se de uma cidade a leste de Londres, a menos de duas horas de ônibus. Fomos os quatro, dois casais felizes a passear. A cidade é bastante agradável, mas o clima estava feio. Frio, nuvens e chuva. Já na chegada se vê uma muralha enorme. Ela se difere das que foram comumente construídas pela Europa por terem sido usadas pedras pequenas na sua construção e não brandes blocos.

Perambulávamos procurando a Cathedral and Metropolitical Church of Christ at Canterbury e um velhinho muito simpático nos parou e nos deu voluntariamente a indicação de uma igrejinha ali perto que seria a mais antiga de toda a Inglaterra. Entramos, vimos o ensaio do coral de crianças e demos uma volta pelo cemitério. Depois que a chuva deu uma trégua resolvemos entrar na Catedral com o nome pomposo já citado neste parágrafo.


É uma igreja enorme, que, como é comum no Reino Unido, não se pode saber pela aparência se é católica ou protestante. É que à época da Reforma, na Inglaterra, as igrejas católicas foram transformadas em anglicanas da noite para o dia. Visitamos todo o complexo, com construções, ruínas e jardins. A igreja, apesar de estar em reforma é muito bonita, tanto por fora quanto por dentro. Ficamos sabendo que haveria um culto na parte da tarde e resolvemos participar. Era uma espécie de missa cantada. A igreja era bonita e o coral impecável. Mas que sofrimento! Não dava para levantar e sair, pois a gente se sentava em umas cadeiras laterais e os sacerdotes ficavam perto da porta. Se me lembro bem nós quatro dormimos em algum momento. Uma tortura cruel.

Perambulamos mais um pouco pela cidade antes de irmos embora e chegamos a Londres já tarde da noite.

Frango com Quiabo

Em Canterbury numa vendinha de uma paquistanesa, encontramos nada menos do que quiabo. Igualzinho ao que usamos em Minas para fazer um dos pratos mais saborosos do mundo. Trocamos ideia com a senhora e explicamos que na nossa região o vegetal tinha uma importância muito grande (demos uma exagerada...). Ela também falou de como ele era usado no Paquistão, e num dado momento eu disse: “os ingleses não entendem nada de culinária” e ela replicou na lata: “não, definitivamente não entendem nada”. Enchemos uma sacolinha, compramos fubá e fomos embora felizes.

No dia seguinte, Renilza deu o show: aplicando conhecimentos transmitidos por incontáveis gerações em sua família, fez o melhor frango com quiabo que comi até hoje. É claro que praticamente qualquer mineira sabe fazer um bom frango com quiabo, mas estávamos em Londres, a quase 6 meses fora das alterosas mineiras, comendo só coisa exótica. Perfeito, perfeito, perfeito! Quaspruidi de tancumê!