segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Iran - parte 9

Isfahan

É a terceira maior cidade do país e um dos mais importantes centros turísticos. De quebra, é perto dali que funcionam as instalações nucleares pelas quais o Iran é acusado de enriquecer urânio para a produção de armas nucleares. Mas estávamos lá para ver o que tinha de bom e não nos decepcionamos.

As pontes antigas sobre o rio Zayandeh

Bom, ao chegarmos na cidade esperávamos ver o rio assim:


Mas tive que nadar com o rio desse jeito:


Ao mesmo tempo em que foi decepcionante, não deixou de ser uma experiência. As pontes são lindas, mesmo estando o rio seco. As margens dentro da cidade são ocupadas por parques e jardins muito bonitos, que nos ocuparam por uma manhã. Na próxima vez que planejarmos ir ao Iran procuraremos saber qual a época em que é garantido encontrar o rio com água. Se nós que só queríamos umas fotos legais ficamos tristes, imagine quem depende desta água para manter a sua rotina?


A Praça de Naqsh-e Jahan

A Praça de Naqsh-e Jahan (ou Meidan Emam), colada numa das bordas do mercado é considerada uma das maiores e mais bonitas do mundo. Os caras realmente capricharam. Ao sul é dominada pela imensa mesquita Shah. A oeste, perto da mesquita Shah encontra-se o Palácio de Ali Qapu. A Mesquita de Sheikh Lotf Allah situa-se no lado leste da praça e o lado norte abre através do Grande Bazar de Isfahan. Os lados leste e oeste além das construções principais são marcados pelas dezenas de arcos. A praça tem no miolo fontes e jardins que completam o complexo.


Ainda em Isfahan conhecemos seu grande Bazar e mais mesquitas, que compõem um grande patrimônio cultural e arquitetônico.. 

domingo, 30 de dezembro de 2012

Iran - parte 8

Museus de Yazd 

Em Yazd visitamos vários pequenos museus, que, em conjunto, contam bastante da história e dos costumes do país. São bem cuidados, mas falta investimento para que fiquem mais confortáveis e interessantes. Em um deles, conhecemos o Ramin. Sujeito muito inteligente, que, sendo funcionário do museu, nos explicava cada peça do acervo, falava da história do país e do Islã, enquanto falávamos do Brasil. Conversa vai, conversa vem, falamos em que hotel estávamos, porque tínhamos escolhido o Iran, etc. 

Ainda neste dia, entramos em uma loja para subir na sua laje e ter uma visão panorâmica da cidade. Esta é uma das coisas que você não pode deixar de fazer em Yazd. As casas, construídas de uma mistura particular de barro e palha, tem a cor do deserto circundante e tem uma arquitetura ímpar. Vale a pena ficar perdido por uma hora nas ruas antigas da cidade, apreciando esta arquitetura e entrando em mesquitas.


Visitamos também a Prisão de Alexandre, lugar que ele usou como tal e ficou preservado. Tentamos comprar um passeio pelo deserto, mas a agência tinha um esquema complicado: teríamos que pagar adiantado, mas o tour só ocorreria se conseguissem um determinado número de pessoas. Se o número não fosse alcançado, teríamos que voltar para recuperar a grana. Resolvemos não contratar. O dia foi longo e voltamos para o hotel. 

Bons amigos

Já havíamos jantado e o telefone em nosso quarto toca. Era o Ramin, o cara do museu, que nos ligou convidando para um chá em sua casa. Topamos. Fomos até a estação ferroviária e ele nos buscou lá de carro. Sua casa era bastante simples, mas aconchegante, com uma sala cheia de tapetes espalhados. Ele nos apresentou sua esposa Zeynab, uma jovem estudante de medicina.

A conversa ia animada quando Ramin cria uma situação toda especial, e começa a nos perguntar: “vocês se interessam por...” nesse momento pensamos que ele ia nos oferecer alguma coisa ilícita, ou nos contar que tinha algum esquema de tráfico de bebidas, ou, sei lá! Mas ele apenas disse: “vocês se interessam por ouro?”. Não sabíamos direito o que responder, mas dissemos que o único que tínhamos eram nossas alianças. Mas a Zeynab nos mostrou as joias que usava naquele momento e falamos um tempão sobre isto, até que chega um casal de amigos com uma criança.


O cara tinha uma loja de peças de carro e a esposa é enfermeira. Depois de devidamente apresentados, passados alguns minutos, Renilza, que já tinha sacado que é importante para as iranianas exporem suas joias, pede à recém chegada para ver de perto suas pulseiras, e recomeça a exposição da joalheria. A noite foi muito legal. Ficamos lá, entre chás, frutas, biscoitinhos e doces até quase 2 da madrugada. O Ramin pediu uma aula de português e ensinamos algumas coisas para eles. A Zeynab era muito caladinha, mas muito esperta, aprendia as coisas até mais fácil que o Ramin.

Ficamos muito a vontade para falar de quase tudo. Falamos sobre governos, religião, e cultura. O Ramin, como praticamente todos os iranianos, é um devoto fervoroso, mas é muito consciente da sua religião, do Corão, dos outros livros e nos ensinou muito sobre sua fé, de uma forma bem tranquila.

No fim da noite ele ainda nos levou no nosso hotel.

No dia seguinte ele nos ligou de novo e nós os convidamos para um chá no hotel. Mais uma noite muito agradável. Saímos dali com muita vontade de continuarmos aquela amizade.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Iran - parte 7

Um passeio com duas hospitaleiras iranianas

Buscávamos informações de como chegar aos hotéis históricos de Yazd, quando duas simpáticas senhoras que entravam num táxi nos ofereceram carona. Caty é esposa de um diplomata em missão na Tailândia e visitava familiares em Yazd. Fátima é artista plástica e casada com um dentista. Passamos o dia juntos.


Almoçamos, elas nos mostraram os hotéis históricos e fomos juntos ao Templo do Fogo, lugar sagrado dos zoroastristas. Elas não nos deixavam pagar nenhum táxi e eram muito interessantes. Ajudaram Renilza a comprar mais um lenço e, já de noite, quando passávamos em frene a uma joalheria, propuseram, assim do nada, que entrássemos e que Renilza experimentasse algumas joias, só para tirar foto (?). O marido inocente topou. Enquanto uma ajudava Renilza a se produzir, a outra falava comigo: “você precisa comprar umas joias para ela. Esse anel que ela usa é muito pouco”. E eu, na maior inocência respondia que não, que ter joia no Brasil poderia ser perigoso, por causa da violência...”. 


Olhei lá dentro e vi Renilza se olhando no espelho cheia de ouro e com os olhinhos brilhando. Perguntei o preço e cara disparou “4800 dólares”. Mesmo com aqueles três pares de olhos femininos me fuzilando, agradeci dando um monte de desculpas, cada uma melhor que a outra, mas é claro que não compramos. Mas a brincadeira foi engraçada. Nossas amigas estavam realmente tentando ajudar Renilza a ganhar joias do marido, pois uma mulher não pode viver assim, sem ouro e pedras preciosas. Era um absurdo. Mas no fundo elas entenderam que no nosso nível social, não é comum as mulheres terem joias no Brasil.

No final da tarde tomamos um chá e a Caty nos ensinou que os cubos de açúcar não devem ser colocados dentro da xícara, mas sim atrás dos dentes. Experimentamos e gostamos da sensação do açúcar derretendo na boca com o chá quente. A Fátima, que é de Teerã nos convidou para jantarmos com sua família quando estivéssemos na capital. Trocamos e-mails e telefones e nos despedimos.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Iran - parte 6

Yazd

Aproveitando os ótimos preços do país, nos hospedamos em Yazd em um hotel 4 estrelas. As coisas eram tão baratas que dava até um pouco de pena. Mas aí eu lembrava da época em que o Real estava super desvalorizado e a farra que europeus e norte-americanos (e até argentinos!) faziam no Brasil. E concluía que este era um problema para o Iran resolver.


Bom, em Yazd nossa prioridade era procurar a autoridade competente e esticar nosso visto. Estávamos com dificuldade para achar o local indicado e acabamos pedindo informação na portaria de um quartel do exército. O guardinha chamou seu chefe, talvez um sargento, que nos mandou entrar em seu carro e nos levou no escritório da Polícia Turística. Demos entrada no pedido pela manhã e de tarde fomos buscar os passaportes recarimbados.

Os policiais gostaram da gente e ficamos um tempão ali batendo papo, falando de futebol, política, guerra, etc. Um deles, o que falava inglês melhor, sabia bastante sobre o Brasil e nos perguntou sobre nossos problemas com o tráfico e violência. Falamos que isto era uma vergonha para a gente, mas o Brasil é realmente um lugar violento. Ele ficou impressionado e perguntou se a polícia não fazia nada. Respondemos que, em alguns casos a polícia era ainda pior que os bandidos, que a corrupção era muito grande... ele ficou abismado, traduziu para os colegas, que ficavam embasbacados e nos perguntou se o governo não fazia nada. Respondemos que sim, que em vários Estados a preparação do policial estava melhorando e que seus salários também, mas que a violência tem um componente cultural e uma cultura não se muda de um ano para o outro, mas leva gerações.

Em outro assunto, ficamos impressionados com a tranquilidade que eles demonstravam em relação à possibilidade de um conflito com Israel. Antes de entrarmos no Iran imaginávamos que o país estava em clima de guerra, com as pessoas armazenando comida, soldados em movimento, essas coisas. Mas já no país vimos que o clima era outro. Com várias pessoas que conversamos sobre o assunto, quando mencionávamos Israel, elas afirmavam com a maior tranquilidade que Israel não teria coragem de atacar sozinhos e os Estados Unidos não queriam mais uma guerra. E o que eles mais esperavam era que a situação econômica melhorasse logo.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Iran - parte 5

Shiraz

Citadela

No segundo dia na cidade demos umas voltas para conhecer a região. Estávamos perto do centro, onde fica uma belíssima praça, com a Citadela no meio e vários outros lugares para visitação. Fomos em praticamente todos. A Citadela é tão bonita por fora quanto por dentro. Suas torres de defesa, localizadas nas quinas da fortificação foram engenhosamente construídas tombadas, produzindo um efeito arquitetônico muito interessante. Se eu fosse um inimigo teria dó de destruir aquilo. Por dentro, pomares, uma piscina e jardins criam um oásis no meio da cidade de quase 1,5 milhão de habitantes. Além disso, tinha também uma exposição de artigos antigos, fotografias, roupas tradicionais, etc..


Em frente à Citadela tem um centro de informações turísticas muito bom. Lá pegamos a localização de uma agência onde compramos para o dia seguinte um passeio para as principais atrações da região, por um preço ridiculamente barato: 20 dólares por pessoa, incluído almoço, para visitar as ruínas de Persépolis, Pasárgada e a Necrópole.

A cidade é famosa por várias outras coisas, como poesia, vinhos (hoje não produzem mais) e pelos jardins. Tem um rio que cruza a cidade, mas nessa época do ano, pescar, só com arapuca!


Sítios arqueológicos

Uma van, com uma boa guia de turismo nos levou aos sítios. A menina manjava muito e o grupo, com dois casais de espanhóis era muito interessante também. Apesar do sol rachando foi um dia bem agradável. 

Necrópole

A Necrópole Persa abrigou os restos mortais de vários imperadores dos Persas. As sepulturas gigantescas fora escavadas no paredão rochoso de forma genial, e em cada uma das entradas para as esculturas foram esculpidas diversas cenas retratando as glórias do sujeito. Um templo Zoroastrista completa o complexo, que foi saqueado por Alexandre, o Grande. 


Persépolis 

Persépolis foi a capital do Império Persa quando estava no seu apogeu até ser destruída por Alexandre, o Grande. Um incêndio provocado por Alexandre e sua turma (não se sabe se por vingança ou por acidente) fez o resto do serviço, pondo abaixo o palácio de Xerxes. Mas o que restou mostra que os persas eram feras em arquitetura, tanto pela capacidade de levantar construções colossais quanto na sensibilidade necessária para as ricas esculturas. O local é um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo e é Patrimônio da Humanidade desde 1979.



Pasárgada

As ruínas de Pasárgada não se comparam com Persépolis em ordem de grandeza. Ciro era um cara esperto, que, tendo acabado de fundar um império, não ia torrar todos os recursos em uma cidade faraônica. Mas restam vários indícios da genialidade dos construtores, como ruínas de jardins, palácios e um forte. O mais importante ali, porém, é uma estrutura que seria a tumba de Ciro, o Grande, que está vazia, já que Alexandre passou por ali também.


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Iran - parte 4

Tabriz

O hotel tinha internet, mas não era wifi. Tínhamos que usar o PC do hotel, muito lento e com um monte de site que precisávamos acessar bloqueados. Assim, muito pouco nos ajudaria permanecer neste hotel. A cidade até que tem coisas interessantes: um bazar muito famoso e um conjunto de moradas construídas na rocha, semelhante às da Capadócia. Mas a dificuldade para achar lugares para comer, ausência um centro de informações (pelo menos não encontramos) e o despreparo dos próprios funcionários do hotel estava nos desanimando do país.

Renilza, coitada, ainda tinha que se acostumar com a obrigatoriedade de cobrir todo o corpo, exceto rosto, mãos e pés. Então pensamos: vamos embora para Shiraz, que é uma das cidades mais interessantes do país e tem aeroporto internacional. Se não gostarmos de lá a gente vai embora.

Na manhã do segundo dia fomos embora. Infelizmente não tornamos a encontrar a nossa anfitriã. Mas não podíamos ficar esperando ela aparecer e sabíamos que não conseguiríamos ter uma boa conversa no telefone. Paciência. Insha'Allah que ela esteja bem!

Fomos para a rodoviária a pé mesmo. Apenas alguns quilômetros. Sem falarmos nada em farci e sem os vendedores falarem nada em inglês conseguimos comprar nossas passagens para as 14h, apenas apontando os destinos e escrevendo os valores e tempos no papel. Por cerca de 8 dólares cada, compramos as passagens para Shiraz, a quase 1300 km de Tabriz. Fomos para o ônibus que atrasou 40 minutos para partir: uma junta de mecânicos trabalhava no veículo que já era bem velho. Partimos e colocamos na mão de Allah.

Passagem de ônibus em farci

Um sério problema em viagens de ônibus no Iran é que não há previsão de paradas para o uso de banheiros, descanso ou coisa assim. Apesar de ter as pequenas paradas para pegar e descer passageiros, só após quase 8 horas de viagem é que foi possível ir ao banheiro e comprar algo para comer. Então abusamos de algo não muito indicado, principalmente em clima desértico: passamos a beber o mínimo possível de água.

Mas, felizmente, sem nenhuma quebra, após pararmos em apenas um posto de polícia onde nossos vistos foram checados, após 20 horas de viagem estávamos em Shiraz. A cidade é bonita e organizada. Com uma rodoviária que funciona bem e cheia de jardins. Pegamos um táxi para o centro: menos de um dólar. Depois de procurar hotel por cerca de uns 30 minutos, encontramos o Parmis. Pegamos um pequeno apartamento por cerca de 23 dólares o dia, com café da manhã, banheiro, sofá e tudo muito bem organizado. Voltamos a sorrir.

Rodoviária de Shiraz

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Iran - parte 3

Chegada

Saímos de Trabzon com destino a Dogubayazit, cidade turca próxima à fronteira com o Iran onde está o Monte Ararat, local onde Noé encalhou a arca naquela coisa do dilúvio. Nosso plano era ficar ali por uns três dias e aproveitar para planejar nosso dias no Iran. Pegamos o ônibus às 20:20h em Trabzon e entendemos que chegaríamos às 6 da manhã. De cara um senhor puxou papo com a gente. Era Ali. Iraniano, muito simpático, nos deu várias dicas sobre o país. A viagem ia muito bem quando às 4:00h o ônibus parou. Chegamos! A cidade estava dormindo, às escuras e fazia um frio danado. Todo mundo desceu no meio da rua esmo e foi entrando em uma van.

Então entendemos; todos ali estavam indo para o Iran. Várias pessoas nos disseram para ir com eles e como estava muito frio, decidimos nos embolar na van. Depois de uns 30 minutos chegamos à fronteira. Todo mundo desceu e o carro voltou. O agente turco carimbou nossa saída e entramos em uma área muito medonha: toda cercada, escura, onde caminhamos uns 200 metros em direção ao Iran. Ali, um soldado magro e alto pegou nossos passaportes, olhou na minha cara e perguntou: “Uzbequistan?” “No, Brazil” “You are really welcome to Iran!”. Nada mal. Entramos no prédio e uma fila foi formada. Estávamos bem atrás, mas veio um agente e nos chamou. Olhou nossos passaportes, conferiu os vistos, carimbou e nos devolveu, apontando uma porta. Fomos lá e já era o Iran, com o sol nascendo bem à nossa frente.

Passados alguns minutos o Ali apareceu. Nos ajudou a trocar dinheiro e negociou um táxi para a gente. Nos despedimos com sinceros agradecimentos e votos de muita felicidade. Esse cara é um bom sujeito.

Entramos no taxi, que nos levaria a Tabriz. Seriam 3 horas de viagem e poderíamos até tirar uns cochilos. Olhamos para trás e lá estava o Ararat.


Mas, passados uns 500 metros e o taxista parou e nos mandou descer. Conversou com outro taxista, fizeram uma transação e entramos no outro carro. Depois de alguns minutos, em movimento, nosso motorista gritou para um outro taxista que levava uma senhora. Paramos de novo, os dois negociaram e fomos para o outro carro, com a doninha na frente. Aí entendemos: apesar da aparente bagunça, aquilo era como um mercado de valores: os taxistas recebiam para levar seus clientes de um ponto A para outro ponto B, mas não era obrigatório que ele fosse necessariamente o prestador de todo o serviço. Por exemplo, se no meio do caminho ele encontrasse outro taxista que topasse nos levar até o ponto B por, digamos, um quarto do valor, para ele era lucro e valia a pena fazer o negócio.


Em alguns minutos estávamos dormindo. Depois de uma hora acordamos. A senhora puxou assunto usando da melhor forma possível seu limitado inglês. Disse que seu filho estava no Canadá e mostrou uma foto dele participando de uma manifestação. Ela não gostava do Armadnejad e nos disse que seu filho foi embora para evitar ter problemas. Quando dissemos que iríamos para algum hotel ela nos disse na hora: “minha casa! Vocês vão para a minha casa!” Ficamos impressionados. Ela nem nos conhecia e fazia questão de nos hospedar. A gente até que se interessou, mas realmente precisávamos de um lugar com garantia de funcionalidade, para buscarmos informações e principalmente, com internet.

O inglês dela era bastante limitado e a gente não podia dizer: “só vamos se na sua casa tiver internet!”. Com muita dificuldade conseguimos fazê-la entender que precisávamos de um hotel. Ok. Paramos no centro e entramos os três em outro taxi. Ela ligou para um e para outro e mandou o taxista parar em um hotel que disseram para ela que era bom (e nós igual gado sendo tangido). Ela desceu com a gente, pediu pro taxista esperar (não nos deixou pagar nada) e foi conosco à recepção. Falou muito em farci com o cara. Entendemos que estava mandando nos tratar bem e fazer um bom preço. Perguntou se para a gente estava bom e demos ok. Ela deixou seu telefone e pediu o recepcionista para nos ajudar a ligar se precisássemos. No dia seguinte pela manhã ela nos visitaria. Nos despedimos e ela se foi.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Iran - parte 2

Um pouco de história

Até 1935 o Iran se chamava Pérsia. O nome foi trocado para Iran (Terra dos Arianos) e desde então é tratado por este nome. Uma pena. Pérsia é mais bonito. Após a Revolução Islâmica oficialmente se chama República Islâmica do Iran. A história escrita da Pérsia tem mais de 5000 anos. Por estar no meio do caminho entre Índia e Europa, o país sempre foi importante no cenário mundial. Na região surgiu e floresceu o Zoroastrismo, primeira religião monoteísta de grande porte. Até hoje ela possui seguidores, concentrados principalmente na Índia

Ciro foi o grande nome persa da antiguidade. Venceu seus inimigos e inaugurou uma era de grande prosperidade e expansão. No seu auge, sob o domínio de Dário I, O Império Persa se estendia até o Egito. Ciro é famoso por ter sido relativamente tolerante com as religiões dos povos dominados, algo incomum naquela época.

Mas esta etapa acabou com a chegada de Alexandre, o Grande, em 332 a.C.. O país se tornou parte de seu império, mas após sua morte ficou sob as ordens de seu general Selêuco, que inaugurou sua dinastia. Esta foi substituída por várias outras, que ora ganhavam ora perdiam território até que em 641 o Islã chega na área pra dominar. A Pérsia passou a ser parte do califado omíada e o zoroastrismo perdeu espaço gradualmente.

Mas não houve uma quebra brusca nos costumes persas e sim um intercâmbio cultural muito forte, o que prova que ali estava desenvolvida uma civilização avançada. Com a decadência do califado abássida, várias dinastias se sucederam no domínio da Pérsia ao longo dos séculos. O país foi dominado pelos mongóis e depois disso, pouco a pouco perdeu seu protagonismo regional se tornando fortemente influenciado pelos impérios russo e britânico.

Mais dinastias preenchiam o tempo e o território só minguava, principalmente com a derrota em duas guerras contra a Rússia, quando perderam os territórios que hoje são a Armênia e a Geórgia. Mas a Pérsia começou o século XX querendo tirar o atraso e um golpe pôs no poder Reza Pahlavi, que mudou o nome do país para Iran. Em 1941 o país foi invadido por Rússia e Inglaterra para assegurarem os recursos petrolíferos para si durante a II Guerra. Nessa bagunça, forçaram Reza Pahlavi a abdicar em favor do filho, também Reza Pahlavi.

Com o passar dos anos o governo foi se tornando cada vez mais autoritário, mas tudo acabou com o retorno ao país do Aiatolá Khomeini, que estava exilado. Em 1979 ele lideraria a Revolução Islâmica, que colocaria mais uma vez fogo no Oriente Médio.

Porém, do outro lado da fronteira, Saddam Hussein, islâmico sunita, líder de um país de maioria xiita, temendo que a revolução se espalhasse para o Iraque declarou guerra ao Iran (esclarecendo que, o Iran é quase 100% xiita). A guerra durou 8 anos e não houve vencedor. O Iraque foi apoiado maciçamente por Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética. Mas vendo que Saddan Hussein não era flor que se cheirasse, os Estados unidos passaram a vender armas também para o Iran (de forma clandestina). Contra todas as expectativas, o Iran resistiu e em alguns momentos esteve perto de vencer.

Após o conflito o Iran resistiu a várias provocações e não se envolveu em nenhuma guerra, embora seu nome sempre estivesse na lista negra das potências ocidentais. Vale lembrar que os xiitas são minoria no mundo islâmico e costumam sofrer bastante preconceito dos sunitas. Logo, o Iran volta e meia se vê envolvido em animosidades mesmo dentro do mundo islâmico.

Mas os caras de bobos não tem nada. Devido a tantas ameaças, desde que a guerra contra o Iraque acabou nunca pararam de se armar, e hoje, 24 anos depois, possui uma capacidade militar que tem garantido o respeito de seus inimigos. Isto tem feito Israel se escabelar, já que o Iran não reconhece o Estado de Israel. O Estado judeu em 2012 levou a cabo uma campanha internacional com o intuito de que o Iran fosse forçado a paralisar seu programa nuclear. Israel chegou a divulgar que atacaria o Iran, mas como não teve apoio dos Estados Unidos neste sentido, afinou e desconversou.

Porém, o atual presidente do Iran, Mahmoud Ahmadinejad, tem se mostrado um péssimo articulador na arena internacional. Muitas de suas opiniões poderiam ter sido guardadas para si, principalmente quanto a homossexuais. Suas declarações a respeito do holocausto e sobre a existência de Israel, se fossem mais bem formuladas não teriam gerado tanta polêmica. Mas ele parece não estar nem aí.

O Iran conseguiu uma folga na mídia com último conflito entre Israel e palestinos. Por outro lado, as declarações de Israel vem tendo cada vez menos confiabilidade, já que, com o recente conflito contra os palestinos de Gaza, ficou notório para a comunidade internacional que é sempre interessante para Israel provocar conflitos bélicos com seus vizinhos quando eleições se aproximam, como foi o último caso (e o penúltimo...).

A economia do país sofre com o bloqueio econômico imposto por Estados Unidos e Europa, devido a seu programa nuclear. Mas o país tem uma autonomia razoável, com uma indústria nacional versátil e uma agricultura desenvolvida, além de ainda manterem boas relações comerciais com a China, que é quem realmente produz nesse mundo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Iran - parte 1

A conquista do visto

Quando ainda batalhávamos o visto para o Iran o clima entre o país e Israel, no campo da diplomacia estava quente. Acusações de Israel de que o Iran desenvolvia armas atômicas e a exigência para que os Estados Unidos fizessem mais pressão sobre o Iran usando a força já encorajava alguns analistas a marcar até datas para o conflito. Mas nós estávamos ali do lado, na Turquia. Era só um pulo... a tentação era grande. Estão no Iran as ruínas do Império Persa, o povo tinha fama de muito agradável e os preços, devido às sanções econômicas, provavelmente estariam baixos... enquanto pensávamos se íamos ou não, corríamos atrás dos vistos.

No consulado iraniano em Istanbul a funcionária nos deu uma lista de agências que poderiam nos ajudar, pois teríamos que conseguir um número de referência através do ministério competente. Este número de referência é obtido pelas agências mediante o pagamento de uma taxa. Como um brasileiro nos disse que conseguiu o visto em Ankara sem muita burocracia, decidimos partir para a capital turca, que estava no meio do caminho para Goreme. Lá fomos à embaixada. O pessoal, meio esquisito, de poucas palavras, nos atendeu até bem, mas nos disseram que teríamos que esperar pelo menos uma semana para termos a resposta.

Naquele momento a gente chegou a desistir do Iran. Mas na saída conhecemos o Khin. Esse cara de Hong Kong está fazendo uma volta ao mundo também, só que de bicicleta. Ele nos falou da cidade de Trabzon, no norte da Turquia, às margens do Mar Negro, onde era possível conseguir o visto no mesmo dia. Ele mesmo não tinha muita certeza, mas voltamos a colocar o Iran nos planos. Pegamos o ônibus em Ankara no mesmo dia e fomos para Goreme, continuar nossa viagem pela Turquia. Teríamos mais alguns dias para estudar o assunto.

Depois de nos esbaldarmos em Goreme, pegamos um ônibus noturno para Trabzon. Quando chegamos no consulado do Iran, conhecemos uma galera mais ou menos na nossa situação: dois poloneses que faziam uma volta ao mundo de moto, outro cara de Hong Kong, dois dinamarqueses, uma alemã e um chileno. Demos entrada nos papéis, e o atendente mandou todo mundo voltar às 17h. Só tivemos que preencher um formulário simples e entregar as fotos. O detalhe é que para mulheres a foto tem que ser com os cabelos cobertos.

Tínhamos ainda que pagar a taxa, que era diferente para cada país. Daquela galera, a taxa para brasileiros era a mais barata: 45 euros cada. Pagamos, almoçamos e às 17h todo mundo estava lá no portão do consulado. Entramos na maior tensão e o funcionário foi chamando a gente um por um. Todo mundo conseguiu o visto para o número de dias solicitado. Pedimos só 15 e nos arrependemos depois. Mas o mais importante é que havíamos conseguido.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Turquia - parte 11

Caros Amigos

Mais uma vez quis o destino que encontrássemos de novo nossos anfitriões de Londres, a Carol e o Angelo. A gente sabia que ia para a Turquia, mas não sabíamos exatamente quando. Poderíamos ter ido à Turquia um mês antes ou depois, por exemplo. Já os nossos camaradas tinham passagens compradas há um tempão e por uma feliz coincidência chegamos à Goreme um dia antes deles e pudemos passar dois dias juntos.

Eles chegaram de madrugada e pela manhã já fizeram o voo de balão. Demos um tempinho pra eles dormirem pela manhã, mas antes das 11 já estávamos acordando os pombinhos para explorarmos as cercanias. Fomos até o Vale do Amor. Ficamos um pouco perdido, é verdade. Subimos e descemos vários montes moldados pelas águas e ventos, roubamos, sem saber que o fazíamos, vários cachos de uvas e achamos uma brecha no paredão pela qual conseguimos descer para a parte mais baixa e alcançar o Vale do Amor.


Este é um lugar interessante... a passagem de enxurradas, córregos e ventos esculpiu na rocha vulcânica um monte de figuras que olhos inocentes identificam cogumelos alongados, mas mentes maldosas viam mesmo era um monte de pênis apontando para cima, com dezenas de metros. Daí o nome Vale do Amor. Esses turcos são mesmos uns danadinhos! Depois, quando alcançamos a estrada por onde quem não havia se perdido passava, vimos placas indicando que tanto colher frutas quanto descer pelas laterais dos vales era proibido.


Fomos até o hotel deles, porque após saberem que nenhuma havaiana falsificada que comprávamos durava mais que 2 ou 3 semanas nos meus pés, o Angelo ia dar a dele para mim, pois já estava voltando para a pátria amada. Choramos mais um pouco e ele deixou com a gente uma lanterna maneira, que se carrega sozinha quando exposta à luz solar e ainda pode transferir via USB a energia para celulares. Mais uma semana eles voltavam pelados para Londres, hehehe.

De noite fomos para um restaurante, escavado também na rocha, para comer comida turca, ouvir música turca, apreciar a dança turca e ver os dervixes rodopiantes, seres religiosos que  respeitam pessoas, animais e a natureza e fazem um tipo de dança rodopiando em suas cerimônias. Rimos muito, bebemos um pouco, dançamos e eu acabei participando do show com a dançarina de dança do ventre. Aquelas coisas manjadas feitas para turistas. Mas nós gostamos pra caramba.

A Capadócia com certeza está entre os pontos altos desta nossa jornada. Mas rever amigos, principalmente estando esse tempo todo fora de casa foi muito bom.

Turquia, até logo

Demos mais uns rolés pela Turquia em busca do visto do Iran, mas disso falaremos depois. Por agora, basta dizer que a Turquia nos surpreendeu. O país é mais organizado do que muito lugar famoso da Europa, exibe uma prosperidade invejável, tem muitas atrações de altíssimo nível e recebe muito bem os visitantes. Istambul até então foi a cidade grande com as pessoas mais calorosas que vimos. Um carinha de Hong Kong que conhecemos lá e que também dava uma volta ao mundo, mas de bicicleta, nos disse que várias vezes ele era praticamente obrigado a parar devido aos convites das pessoas para conversarem e tomarem um chá e isto às vezes o atrapalhava, pois em alguns casos seu tempo de uma localidade a outra era muito limitado. Se Deus nos permitir continuar viajando, certamente voltaremos a este lugar. E, é claro, o indicamos com muita força. É um lugar bom para quem quer fazer turismo independente do mesmo jeito que é interessante para quem prefere vir através de agências. Oferece atrações em praias, montanhas, cidades grandes, pequenas, tem estações de esqui, e tem uma história igual a de poucos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Turquia - parte 10

O Green Tour

Os passeios mais comuns pela Capadócia estão bem padronizados e são de fácil contratação com as empresas locais. A Capadócia é um dos locais mais legais que visitamos, mas nosso tempo é limitado. Escolhemos o Green Tour, depois que nosso amigo que nos indicou os balões nos esclareceu que seria o melhor para as nossas condições.

Cidade Subterrânea

A cidade subterrânea, também chamada de Cidade Formigueiro é uma coisa provavelmente única. Aproveitando das já citadas condições geomecânicas da rocha vulcânica da região, as pessoas escavavam suas casas na mesma. Com o tempo, para se defender de invasores e, porque não, ganharem mais espaço, as escavações foram se aprofundando e se interligando, ao ponto de, na Capadócia, ter surgido entre 6 mil a 9 mil anos atrás uma cidade subterrânea capaz de abrigar, segundo estimativas, cerca de 100 mil pessoas em seus 20 níveis.


A cidade subterrânea se ligava à cidade da superfície por cerca de 600 entradas e foi descoberto um túnel que a ligaria a outra cidade distante 8 quilômetros dali. Com o tempo os moradores desenvolveram técnicas de armazenamento de alimentos, distribuição de ar, dispersão da fumaça na superfície para não chamar a atenção dos invasores, portas de segurança, rede de distribuição de água, etc, tudo que era necessário para a sobrevivência ali por longos períodos. O sucesso foi tanto que durante milênios pessoas viveram ali.

Nos primórdios do cristianismo, fiéis usaram a cidade também, e pode-se identificar várias cruzes escavadas nas paredes e até uma igreja rudimentar. A temperatura média no interior é de cerca de 13 graus célsius e varia muito pouco ao longo do ano, mesmo a superfície passando por fortes variações ao longo do ano. Imperdível!

Vale Ihlara

Já o Vale de Ihlara é um enorme canion esculpido por um riozinho muito agradável, em cujas paredes os cristãos do primeiro milênio construíram dezenas de igrejas, a maioria delas escavadas na rocha. Visitamos a de Santa Bárbara, na qual os fiéis capricharam na construção e nas pinturas, que se mantem preservadas em vários pontos. 



A Catedral de Selime

Fomos também a um local muito doido, A Catedral de Selime, onde, também escavando as rochas fiéis construíram a igreja, um monastério bizantino e mais um monte de moradas. Muitos afirmam que Guerra das Estrelas, o primeiro filme da série lançado (o quarto episódio) foi gravado ali. Mas não é verdade. George Lucas adorou o lugar e o teria mesmo usado, mas acabou filmando num lugar parecido na Tunísia, que na época oferecia melhores condições políticas. Massa demais.



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Turquia - parte 9

Capadócia

No ônibus que nos levava a Goreme conhecemos um cara que trabalha na cidade como guia turístico. Há muito pouco tempo ele havia trabalhado para a equipe da Globo que fazia gravações para a novela. O cara gostou da gente e acabamos nos encontrando na cidade para um chá e bater papo. Como um bom guia deve ser, ele sabia muito da história e geopolítica da região e nos deu várias dicas importantes. Mas ele nos fez mais: conseguiu um desconto muito bom em um voo de balão, que nos fez salvar mais de 100 reais.

Já a cidade, é um daqueles lugares praticamente únicos sobre a Terra. Povoações existem por ali por vários milhares de anos. Alguns estudos chegam a apontar 12.000 anos. Vendo as casa escavadas nas rochas fica mais fácil entender. A geologia do local é dominada por um tipo de rocha que tem uma excelente estabilidade e é relativamente fácil de se escavar com ferramentas de mão, mesmo as feitas com pedras por povos pré-históricos. Logo, desde há milênios o lugar se tornou habitado por povos que buscavam abrigo e proteção. E até hoje habitações, restaurantes e hotéis são construídos tendo pelo menos uma parte escavado em rocha. Nós ficamos em um hotel caverna.


Balão

É praticamente impossível conhecer alguém que visitou Goreme e não voou de balão. O lugar deve ter a maior concentração desse tipo de aeronave do mundo. Eles tem três coisas que favorecem a atividade, ventos em direções e intensidades adequadas, uma paisagem que é muito legal de se ver do alto e os próprios balões! Em um dia normal, mesmo em baixa temporada, mais de 100 balões chegam a levantar voo. As movimentações, o colorido e a fartura dos objetos voadores se tornaram uma parte da própria atração. Algumas atividades são muito ruins de se fazer quando está muito cheio de gente. Mas no caso do balonismo é exatamente o contrário. Quanto mais melhor.

De madrugada nos pegaram no hotel e fomos para o ponto de decolagem. Desde a chegada, o chá, a preparação dos equipamentos, o fogaréu dos maçaricos enchendo os balões, tudo faz com que a espera não seja simplesmente uma espera. E em algumas horas todos são chamados para seus balões. O piloto dá as instruções de como se deve proceder na hora do pouso e vamos embora.


Vale demais a pena. A todo momento tem algo diferente para ver, entre paisagens, os outros balões e o sobe-e-desce que o piloto faz com o veículo. O nosso voo teve um brinde: um casalzinho de namorados, ambos islâmicos se tornaram noivos durante o voo. O cara tirou um anel, se ajoelhou e fez o pedido. Choveram aplausos, a noivinha chorou, outras mulheres ficaram babando (menos Pretinha que já é muito bem casada e sabe disso). Pousamos sem maiores problemas ainda de manhã já estávamos de volta ao hotel.



quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Turquia - parte 8

Mais Istambul

A metrópole turca não é uma cidade que se pode dar por conhecida em apenas alguns dias. Vimos bastante coisa, mas saímos de lá sabendo que poderemos voltar várias vezes e sempre vai ter coisa pra ver, nova ou antiga mesmo.

Em outros passeios que não detalhamos fomos surpreendidos várias vezes. Conhecemos o antigo aqueduto, várias praças legais, o mausoléu dos sultões, comemos milho assado e torrado, provamos o “pilau”, ou algo assim, um lanchinho de arroz, frango desfiado e grão de bico acompanhado por um iogurte salgado que, pelo gosto e pelo preço se tornou nossa refeição mais frequente. Curtimos vários artistas de rua e volta e meia nos impressionávamos com a devoção dos fiéis islâmicos.



Atravessar o Estreito de Bósforo diariamente era quase sempre emocionante. Além de estar mudando de continente, ficávamos sempre na torcida para que algum das centenas de pescadores ali fisgassem alguma coisa, o que vimos 4 ou 5 vezes. Pra quem gosta, é um lugar bom para fazer compras. Talvez nem tanto pelos preços, mas pela variedade de artigos que não é comum encontrar em qualquer lugar, principalmente cerâmicas, tapetes e outros artesanatos.

Adquirimos também uma jarra elétrica, coisa meio rara no Brasil mas muito usada na Europa para aquecer água para um chá ou café ( no nosso caso, para fazer miojo também). Resolvemos pagar um pouco mais e esperamos ter mais sorte do que tivemos com o nosso ebulidor búlgaro, que explodiu na Grécia.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Turquia - parte 7

Mesquita Azul


Com certeza este foi um dos edifícios religiosos mais bonitos que visitamos em toda a viagem. Por fora o prédio é grande, imponente e ainda conta com 6 minaretes, coisa rara, talvez única. Por dentro é ainda mais impressionante. Incontáveis mosaicos, lustres, o tapete, azulejos predominantemente azuis fazem o turista ficar todo abestalhado. Ao chegarmos à mesquita um cara se ofereceu para nos ajudar. Disse que não era guia e sim dono com mais 4 irmãos de uma loja de tapetes. Ele nos fez entrar pela porta dos fiéis, mais vazia, ajudou Renilza a vestir o grande véu que eles emprestam para tapar decotes e braços.

Demos sorte. O cara tinha formação em Turismo e História e sabia explicar cada detalhe da construção, dos símbolos, as inscrições, etc. Nos mostrou como o posicionamento dos desenhos no tapete indicam onde os pés, joelhos cotovelos e cabeça se posicionam no momento da oração, além de contar curiosidades históricas da mesquita. Uma delas foi a decisão dos 6 minaretes e não apenas 4, o que é mais comum em mesquitas daquele porte. O sultão que encomendou a obra, numa carta ao arquiteto responsável manifestou sua vontade de usar ouro nos minaretes. Mas a palavra “ouro” na língua usada se parece muito com a palavra “seis”. A confusão resultou na construção dos seis minaretes.

Após a visita, obviamente o cara nos convidou para conhecer sua loja. Deixamos bem claro para ele que nós não temos o hábito de comprar coisas em viagem, mas ele insistiu assim mesmo. Nos serviram um ótimo chá, empregados começaram a desenrolar tapetes (começaram por um de 700 dólares) e iam nos dando detalhes da confecção. Mas acabamos por dizer que apesar de reconhecermos a qualidade dos produtos realmente não íamos comprar nada. Conversamos mais um pouco depois nos despedimos.

Museu de Arqueologia

Istambul concentrou no mesmo local uns 4 ou 5 prédios e jardins que compõem o Museu de Arqueologia. Interessante lugar a se visitar para começar a entender a vasta cultura do Oriente Médio. Não tem a imponência dos museus de Londres, mas vale muito a pena. Muitas peças, esculturas e documentos históricos, além de mapas, joias e utensílios de povos antigos, muito bem expostos. Um excelente vídeo em uma das entradas dá uma boa luz para o telespectador que não raramente fica perdido com a confusão da história protagonizada na região por Grécia, Roma, Turquia e Pérsia (e talvez outras). Destaque para o belo sarcófago de Alexandre, o Grande, exposta em uma área toda especial.