sexta-feira, 4 de maio de 2012

Camboja - parte 3

Soh Rong 

Em Sihanouk Ville um italiano nos informou, meio ressabiado da possibilidade de tufão nas próximas 48 horas. A partir daí, passei a me informar com mais detalhes com o pessoal que organizava passeios para mergulho. Como o tufão não vinha resolvemos arriscar. 

Vistos do Vietnam obtidos, praias de Sihanouk Ville devidamente curtidas, compramos um pacote para uma das ilhas de Soh Rong. Dois dias em um bangalô bem rústico numa praia sem telefone e energia elétrica (tudo bem, de 18 às 22h eles ligavam um gerador). As casinhas eram “pé na areia”. Renilza acordava e me chamava para vermos o sol nascer.
 


Arrumamos três amiguinhos, que exploravam livremente a ilha, entravam na água, vinham à nossa varanda e depois sumiam. Kiko e Chaves tinham personalidades fortes. Chiquinha, burrinha de tudo só andava atrás do Kiko. Chaves tinha seus próprios objetivos. Então só às vezes os três eram vistos juntos.


Pegamos a lua cheia e o visual a noite era esse aí. Bem mais ou menos. 

O período de isolamento eu usei para desenvolver algumas atividades. Ainda não consigo amar como Jesus amou e muito menos viver como Jesus viveu, mas já posso andar sobre as águas. 


Ônibus 

A forma mais barata de se “fazer” a Indochina (Laos, Camboja e Vietnam) é por terra, de ônibus. Assim ainda se aproveita as paisagens e se pode testemunhar parte da rotina dos moradores. Une-se o útil ao desagradável, mas sai a um bom preço. O azar dos mochileiros, clientes assíduos deste meio de transporte, foi que alguém conseguiu convencer as agências de turismo de que os gringos gostam de conforto, conforto é viajar deitado e viajar deitado é em sleeping bus. Então praticamente não há outra opção. É encarar e seja o que Deus quiser. Juntamos a tudo isto a obrigatoriedade de se tirar os calçados ao se entrar no ônibus, mais o péssimo, ou inexistente serviço de limpeza dos assentos entre viagens, a total falta de cuidado com as bagagens pelos funcionários e está armado o circo. A qualidade varia de lugar pra lugar, mas os ônibus do Camboja dão medo. Sempre tem vários vidros estilhaçados. Num dos ônibus o para brisa estava furado por algo que deve ter sido um tiro de canhão. Ninguém respeita o número do bilhete que você comprou. Para “aumentar as comodidades” para o turista, não existem rodoviárias e algum transporte te pega em seu hotel. Então nem adianta tentar chegar cedo para garantir um bom lugar. Se você está na janela, seu corpo vai ficar apoiado no vidro. Na primeira viagem que fizemos quase não dormi, pois justo no meu lugar o vidro estava todo estilhaçado. Vai que eu me apoio e o negócio se rompe... os assentos são fedorentos, cheios de marcas de baba velha, suor misturado com protetor solar e a poeira acumulada de vários mochileiros que nem sempre podem tomar banho regularmente. Ainda tem as goteiras dos condicionadores de ar e o ronco do motor pra quem fica com o fundão. Fora o chulé da galera e os restinhos de salgadinhos nas entranhas das almofadas. Passageiros nativos pegos no caminho frequentemente se deitam nos corredores e não é difícil uma perna ou um ombro sobrar pra quem pegou “cama” na parte de baixo. Terrível, terrível. 

Além disso, tem o fato de que os ônibus, normalmente fabricados na China, são feitos para pessoas, digamos, baixinhas. Como a maioria dos mochileiros é de europeus dá pra imaginar o nível de conforto encontrado. Eu que tenho 1,82m me espremia na minha cama e ficava com pena de alguns gringos bem maiores. 

Embora nada tivesse sido roubado de nossas bagagens (usávamos cadeados), há uma lenda de que pode existir esquema entre o ladrão e o motorista para que o primeiro viaje no porta malas e com uma lanterna possa fazer uma checagem com calma nas bolsas. Lenda é lenda. 

Retirada 

O Camboja nos preocupou um pouco, mas já no primeiro dia vimos que dá pra aproveitar o país sem medo. E o legal é saber que só de estar ali e gastar alguns dólares já estamos ajudando esta nação, que realmente precisa. Se puder se esforçar um pouco mais, não dando esmolas e preferindo produtos da economia local, ajudará ainda mais. É um dos poucos lugares onde ainda é possível fazer um bom passeio sem ter que deixar ali os olhos da cara.

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