sexta-feira, 18 de maio de 2012

Vietnam - parte 4

Delta Mekong 

Existem várias formas de se apreciar esta região e a mais tradicional é comprar um passeio de 1,2 ou 3 dias.  Por recomendação da dona do nosso hotel, pegamos um de dois dias. Este tour é montado de uma forma que fica agradável para o viajante, com várias atividades ao longo do caminho. Ou seja, a atração não é ir a um lugar, mas fazer várias coisas ao longo de uma viagem. O nosso passeio era composto, não necessariamente nesta ordem, dos seguintes pontos: 

Rio Mekong e Mercado Flutuante 

Um passeio pelo rio terminando em um mercado flutuante. Ao contrário do mercado que visitamos na Tailândia, o deste dia não se dá nos canais, mas no meio do rio mesmo. No caminho uma parada neste enorme Buddha gorducho e sorridente. 


Fábrica de arroz 

O arroz é a base da alimentação de grande parte da população asiática. No Vietnam possivelmente se consome ainda mais arroz que a média dos vizinhos. Ao longo dos séculos eles desenvolveram várias formas de preparo e o arroz se manifesta em seu prato das formas mais inimagináveis, como macarrão, frito, integral, em papel, etc. Conhecemos uma pequena fábrica de papel e noodle, o macarrão de arroz. Para a fabricação do papel prepara-se um mingau com arroz e mandioca, ambos em pó. Espalha-se uma porção deste caldo sobre uma chapa quente e após alguns segundos se retira o material da chapa com um rolo e seca-se ao sol. Este papel pode ser recortado em pedaços menores para serem usados enrolando-se pequenas porções de outras comidas ou pode-se cortar em fios, gerando o macarrão. 


Pomares 

Para uma planta crescer saudável, todos aprendemos que é necessário água, luz, calor e carinho. Além disso tudo a região tem um solo muito fértil e a produção de frutas é muito comum. Confesso que não achamos muita graça em fazer uma parada em um pomar, mas os europeus que praticamente só comem frutas importadas, e estas para chegarem bonitas na Europa são colhidas meio verdes, ficavam doidos e se lambuzavam. Mas não era nenhum sacrifício comer também frutas que nem lembramos mais o nome, além de manga, abacaxi e outras nossas conhecidas. De canoa, sendo levados através dos canais chegamos a outro pomar onde funcionava uma fábrica artesanal de doces. Mais uma canoa e aportamos num restaurante onde artistas locais executavam músicas folclóricas com instrumentos tradicionais. Foi aí que compramos nossos non la, aqueles chapéus cônicos. De cara eles tem a vantagem de fazer uma sombra maior sobre o rosto. Pelos locais ele também é usado como leque e ocasionalmente como balaio. Foram nossos companheiros por todo o Vietnam até serem esquecidos em um barco.

Home Stay 

Do nosso grupo, apenas nós passamos a noite em home stay. A ideia é oferecer a oportunidade de se conhecer os hábitos das pessoas que vivem no local, mas na prática isto quase nunca acontece. Os quartos para turistas costumam ser isolados das dependências da casa e se tem bastante privacidade, se este é o desejo. 

Onde ficamos os quartos eram bangalôs muito confortáveis e charmosos e suas varandas davam direto no rio. Jantamos na casa com pessoas de outros grupos de turistas e uma parte dessa atividade era uma aula de culinária vietnamita. Não aprendemos nada, mas a janta foi muito boa. Ao final, o dono da casa nos ensinou o método tradicional de se clarear água, usando uma pedra de um sal especial. Então estava todo mundo lá em volta da bacia ouvindo as explicações, quando um cachorrinho, filhote gordinho se acomodou no meio do grupo. E todos falavam “ohh, so cute”, “que bonitinho”... o dono da casa olhou pro cachorrinho, deu uma risadinha e disse, “hehehe, barbecue (churrasco)”. De fato, cachorro faz parte da culinária vietnamita também, assim como da chinesa. Aliás, a arquitetura, as músicas e o teatro de bonecos se parecem muito com seus análogos chineses. 


Pela manhã, quem quisesse podia dar um rolé pela vila. Um menino filho do dono da casa nos guiava. Fomos parar numa escola primária. As aulas não tinham começado e a criançada ficava olhando pra gente, cheia de curiosidade. Então, entrei numa sala, peguei um giz e desenhei a bandeira do Brasil. Depois a do Vietnam. Só que a estrela ficou meio torta e os meninos ficaram olhando pra ela e dizendo entre eles “Anh chàng này phải là chậm phát triển. Nhìn vào đó tác hại lá cờnhiều hơn thực hiện!”. É lógico que não entendíamos nada, mas tava na cara que eles não estavam gostando. Renilza me tomou o giz e fez uma estrela toda bonitinha na bandeira do Vietnam e aí eles até aplaudiram e ficaram todos amiguinhos dela. 


Carnes novas

No início da tarde do segundo dia fomos almoçar em uma cidade do Delta. O restaurante era simples, barato e agradável. O cardápio era variado, com pratos comuns, mas também com opção mais exóticas como cobra e rato. Porque não? Perguntei se os ratos eram comuns (aqueles que vemos nos bueiros) ou algum tipo especial, mas o garçom não entendeu. Mandamos vir assim mesmo. A cobra chegou primeiro. Eu dei uma olhada na rua pela janela, com medo de ver o garçom passar correndo com um porrete atrás de um rato, mas minutos depois, para alívio de todos, o ratinho chegou também. A cobra lembra lula, mas é mais dura, além de não ser salgada como o fruto do mar. Já o rato vem picadinho como frango a passarinho e assado. O rato é realmente bom. O gosto fica entre frango e porco e a consistência é muito boa. Pedimos outro rato. Várias pessoas de nosso grupo vinham à nossa mesa para tirar fotos da gente comendo. Apesar do espanto inicial, convencemos alguns colegas a provarem e todos aprovaram o sabor. Realmente estava muito bom.
 Cobra
Rato

4 comentários:

  1. Já tô de luto pelo cachorrinho! :(

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  2. Nossa, a cobra eu encarava ....agora o rato? sei nao hein...rs

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  3. O chapelão "non la" comprado está seguindo viagem com vcs? rsrs

    Bjo, Dani.

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    1. Gostamos muito deles, mas transportá-los de avião seria meio sem jeito. De toda forma, os pobrezinhos foram esquecidos no Vietnam mesmo dentro de um barco em que passamos uma noite.

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