quarta-feira, 9 de maio de 2012

Vietnam - parte 3

Túneis de Cu Chi
As agências de Ho Chi Minh City (HCMC), antiga Saigon, oferecem um monte de passeios para os mais variados gostos e bolsos. Nosso primeiro tour foi aos túneis de Cu Chi. O pessoal transformou uma parte do que restou de um entre incontáveis sistemas de túneis usados pelas forças norte-vietnamitas contra os americanos em atração turística, que está entre as mais populares de HCMC.

A programação do tour é bastante engenhosa. A parada para lanche e ir ao banheiro é em uma loja de artesanato de excelente qualidade e grande variedade. Até aí tudo bem, nada de novo. Só que a gente entra no complexo pelas oficinas onde os artesãos trabalham e aí vem a surpresa: todos os trabalhadores são pessoas com deficiências causadas pelas armas químicas que os Estados Unidos usaram há mais de 40 anos. Se o turista tem intenção de comprar artesanato de qualidade, ele injeta grana no país e ainda ajuda estes artesãos a viverem com dignidade.


A 40 km de HCMC, os vietcongues mantiveram uma rede de túneis feitos no braço que abrigou soldados durante os anos de guerra contra os americanos. Ao longo da guerra a rede foi aumentando em quilometragem e complexidade. Falam-se em mais de 200 km de túneis. Um complexo poderia ter até três níveis, com salas de reunião, cozinha, paiol de armas poço para coleta de água, entradas de ar, armadilhas contra invasores e todo o tipo de coisa que a mente de milhões de pessoas sem recursos envolvidas em uma guerra pode imaginar durante uns 15 anos de guerra. Quando começava um bombardeio, os soldados se refugiavam nos túneis e aguardavam. Quando acabava a chuva de bombas saíam para pegar ar, dar tiro, contar os prejuízos e eventualmente recolher alguma bomba que não explodiu para retirar seu conteúdo explosivo para construir suas próprias bombas. 

Neste passeio a gente podia entrar nos túneis, que eram feitos estreitinhos para economizar esforços e sair em outro ponto. Quem tem um pouquinho de claustrofobia não consegue prosseguir.


Recebemos breves aulas de como funcionavam os disfarces das entradas dos túneis, e o mais arrepiante: as várias e várias formas de armadilhas com seus variados efeitos. As mais inofensivas “apenas” inutilizavam o soldado atravessando sua perna com um vergalhão ou mesmo uma vareta de bambu quando o distraído pisava. As mais malvadas visavam desencarnar o sujeito ao fazê-lo cair na medonha “armadilhas de tigre”, que é um buraco grande com várias lanças apontadas para cima esperando o inimigo. Outras ofereciam tipos intermediários de sofrimento, visando inutilizar o inimigo para outras coisas, como uma engenhosa geringonça que caía como um pêndulo em direção a face da vitima. Quando ela tentava se proteger com o braço, a parte de baixo atingia sua virilha. 



Pagando um pouco mais, pudemos dar uns tiros com uma AK 47 em um local dentro do complexo. Há um intervalo para lanche quando é servida mandioca (eles chamam de tapioca) com uma espécie de farinha de amendoim e um chá. Ao final, todos assistem a um documentário bem mal produzido sobre a guerra e o guia fala um pouco do conflito, sobre as perdas de cada lado, mas enfatizando que o Vietnam venceu a guerra, pois seus objetivos militares foram alcançados e o país se reconstruiu totalmente após o conflito. O esquisito é que vários americanos entre os turistas chegaram ali achando que tinham vencido a guerra e soltavam interjeições, demonstrando incredulidade.


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