terça-feira, 8 de maio de 2012

Vietnam - parte 2

Ho Chi Minh, o cara. 


Nguyễn Sinh Cung era seu verdadeiro nome e Ho Chi Minh, “aquele que ilumina” foi como ele ficou mundialmente conhecido. Nasceu em 1890 e trabalhando em um navio esteve até no Brasil. Viveu em vários países, ajudou a fundar o Partido Comunista Francês, estudou táticas de guerrilha na Rússia e se tornou mais tarde um dos maiores mestre nessas artes, foi expulso da China, foi preso pelos ingleses em Hong Kong, fugiu e, por fim, estava de volta à terra natal liderando uma rebelião para tornar o país independente. Seu exército foi decisivo na expulsão dos japoneses que com a queda da França na Segunda Guerra, dominou a região. Ele liderou a declaração de independência de seu país e tinha o dom de inspirar seu povo, que mesmo em condições materiais totalmente desfavoráveis expulsou os franceses e partiu para cima do Vietnam do Sul para unificar o país. Suas táticas consistiam em tirar o máximo de proveito do conhecimento do terreno e sempre promover integração entre soldados e os camponeses. Disseminou entre seus homens seus 8 mandamentos: 

1) Não estrague a terra ou as colheitas. 
2) Não insista em comprar ou pedir emprestado aquilo que as pessoas não querem vender ou emprestar. 
3) Mantenha a palavra. 
4) Faça os camponeses sentirem-se livres. 
5) Ajude-os no seu trabalho diário. 
6) No tempo livre, conte histórias simples e engraçadas que estimulem a resistência, mas não conte segredos militares. 
7) Sempre que possível, compre coisas para aqueles que moram longe do mercado. 
8) Ensine à população noções de cidadania e higiene. 

Morreu em 1969 de ataque cardíaco e não viu seu país unificado. Mas após seu exército tomar Saigon, em 1975 a cidade foi rebatizada e hoje se chama Ho Chi Minh. 

Ho Chi Minh, a cidade 


Com 5,5 milhões de habitantes Ho Chi Minh, ou Saigon, como ainda é chamada por todos é a maior cidade do país. Suas 4 milhões de motos fazem o trânsito parecer um rio que, literalmente, nunca para e leva todos e praticamente tudo para todo lado. Motos pequenas chegam a levar 5 pessoas e até um búfalo adulto vivo já foi visto em uma garupa. A cidade é charmosa e vibrante. Praças ficam lotadas a noite com pessoas de todas as idades fazendo de tudo, desde hip hop a até um esporte que não conseguimos descobrir o nome onde uma espécie de peteca é chutada entre os jogadores. Saigon ofereceu suas próprias atrações e ainda foi base para rodarmos pela região. 



Museu da Guerra 

Os Estados Unidos no seu “pernas pra que te quero” deixou para trás um verdadeiro arsenal, de modo que muita coisa entrou para os ativos das forças armadas do Vietnam e ainda sobraram vários tanques, caças, canhões, helicópteros e armas de mão para encher vários museus. O Museu da Guerra dedica-se quase que totalmente a expor o que os filmes americanos obviamente nunca mostram: como o Vietnam venceu a “Guerra da América”, como o conflito é conhecido aqui. O primeiro salão mostra as manifestações populares pró Vietnam por todo mundo. Em destaque uma parede apenas para Cuba, que apoiou o país durante toda a guerra principalmente com voluntários em construções de estradas e hospitais. As manifestações populares no próprio Estados Unidos para que suas tropas sejam retiradas aparecem várias vezes. Aprendi que haviam muitas formas de protestos além de passeatas, como a deserção, com os jovens preferindo ser presos a irem ao Vietnam como soldados e pessoas que incendiaram o próprio corpo em protesto contra o uso de Napalm pelos norte americanos. Esta guerra deixou um acervo enorme que mostra as várias faces com as quais a morte se apresentou, seja por tortura, tiro, explosão, agente laranja, queimaduras e o que mais se pode imaginar. Há uma ala só para os fotógrafos mortos em conflito. A ala dos efeitos do agente laranja, composto químico aplicado sobre as florestas para desfolhar as árvores e expor os guerrilheiros é a que mais impacta, porque se vê com frequência pela cidade pessoas com as deformações mostradas nas fotos. O Museu é excelente. Como trata de um assunto tão amargo, desencadeia emoções mais fortes do que pode-se esperar.


2 comentários:

  1. Ricardo não chora, lembra? Eu tive que interromper a visita e sair das salas várias vezes para não chorar, não queria pagar esse mico, mas eu sou chorona mesmo, engasguei.

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