segunda-feira, 11 de junho de 2012

Índia - parte 2

Busca por passagens – Estações 

Dias antes de chegar ao país ainda não tínhamos nem um esboço de roteiro. Por dois motivos, o primeiro era que queríamos evitar longos deslocamentos, e o outro era previsão do tempo para Delhi e cidades mais próximas. Lugares que nos interessavam prometiam 46 graus de temperatura. Então fomos adiando esta tarefa. Mas quando chegamos, decidimos fazer o triângulo Délhi – Jaipur – Agra. Felizmente as previsões meteorológicas não se concretizaram e o máximo que pegamos foi 44 graus. Moleza! 

No primeiro dia em Délhi (assim chamaremos o conjunto Délhi e Nova Délhi) saímos a procura de bilhetes de trem. Isso deveria ser fácil, mas não se deve esperar facilidades na Índia. Chegamos à imensa estação que estava lotada. A todo momento apareciam pessoas muito educadas tentando nos dar “aquela” ajuda. Quando dizíamos que procurávamos o escritório para compra de bilhetes, nos diziam que estava fechado mas que havia outro em tal lugar. Este golpe é o mais comum e era óbvio que o tal lugar era uma agência particular. Depois de zanzarmos por horas pelas plataformas, nos desviando a todo momento de golpistas, pedintes, homens santos seminus e centenas de pessoas “comuns” deitadas pra todo lado, conseguimos o que queríamos: passagens para Jaipur. Me assusta um país com tamanha fama no uso das informáticas não disponibilizar tal serviço pela internet. Um progresso pelo menos foi visto e deve ser registrado: há placas pela estação dizendo que é proibido escarrar. 


Mas susto mesmo tomamos quando andávamos por uma das plataformas nos desviando dos dorminhocos. Um grupo de três homens escornados batiam papo naturalmente. Mas estes homens vestiam uma espécie de uniforme, composto por calças e blusões brancos (encardidos) bem largos, cinturão e turbante azul e, pasme: espadas e escudos! Sim. Espadas de verdade! Não queria acreditar naquilo e até supomos que pudessem ser um grupo de atores, mas até agora estou convencido de que eram algum tipo de soldado de alguma região do país. Na Índia cerca de 50 milhões de pessoas ainda vivem em organizações tribais. Se alguém souber algo sobre este assunto, por favor comente. 

Neste dia soubemos que qualquer coisa que tentássemos fazer que dependesse de deslocamento seria cansativo, no mínimo. A multidão está para todo lado, sempre presente. A todo momento te oferecem “serviços”, bugigangas, mendigos te puxam pedindo esmolas, fazendo movimentos com a mão direita simulando o ato de levar comida à boca. Na Índia a grande maioria das pessoas ainda come com a mão. Condutores de riquixás e tuk-tuks não se contentam em berrar ao seu ouvido e fecham sua passagem para tentar força-lo a usar o serviço. Assim, a menor distância entre dois pontos nunca é uma reta. 

O lado bom de se caminhar pelas ruas é que se pode comprar pepinos já descascados, que as pessoas comem com se fossem maçãs. 

O metrô e os soldados 

O metro em Délhi é limpo, abrangente e além de tudo, funciona. O chato é que, devido ao constante risco de atos terroristas (o país disputa parte da Caxemira com o Paquistão e há grupos insurgentes que poderiam se animar a explodir algum trem em movimento), toda vez que se adentra em uma estação é necessário passar por revista e os pertences são inspecionados em máquinas de raio-X. Além disso, sempre há dezenas e ás vezes centenas de soldados armados com fuzis, metralhadoras e pistolas pra todo lado. Em algumas estações há barricadas de sacos de areia.

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