domingo, 24 de junho de 2012

Índia - parte 5

Trem para Jaipur

Depois de vencer uma luta enorme contra o sistema invisível que trabalha para que você nunca consiga comprar uma passagem de trem que não seja através de uma agência, nos preparamos e fomos para a estação. É claro que estávamos com medo, pois passaríamos a noite em um trem indiano e até ali a Índia era só decepção. O país é tão bagunçado que para voos internacionais as empresas aéreas pedem que o cliente se apresente para o check in 4 horas antes (no resto do mundo este tempo é de 2 horas). Então decidimos aplicar a mesma regra para o trem. Chegamos à estação 4 horas antes do embarque. Foi bom que tivemos tempo de verificar tudo e encontrar em um mural escrito á mão o número de nosso transporte no meio de mais uns 50. Fomos preparados para dar tudo errado, mas tudo deu certo.

Ficamos na classe 2AC. Mas nosso vagão era dividido em biombos com 2 beliches cada. Dois velhinhos dividiam o quarto com a gente. Além do fato de um cara ter passado a mão na Renilza e sair correndo, mais nada de anormal aconteceu. Nas 4 horas que ficamos esperando, vimos cenas interessantes. Mendigos passam de um lado para o outro o tempo todo e quando um trem para eles vão entrando, com seus bebês no colo. Numa dessas um guarda entrou no vagão e expulsou a socos uma mulher com uma criança de colo. Chocante. Minutos depois, com o policial distante, lá estava a mulher, mais uma vez dentro do trem. Na classe mais econômica o veículo se desloca com pessoas dependuradas pelas portas. Não há limite de lotação. As empresas vendem bilhetes enquanto há procura. As pessoas se amontoam como dá no vagão e chega se ao ponto de uma se sentar no colo de outra, mesmo sendo desconhecidos.

Macacos vagam de um lado para o outro pelas plataformas, trilhos, e alambrados.

Um problema verificado é que não há nenhum sistema de informação dentro do trem que te fale em qual cidade ou estação se está parando e, pelo menos no Rajastão, as estações são todas muito parecidas, bem como as cidades (nas áreas das estações). Então você tem que ficar esperto para não descer num local antes ou depois do desejado. Chegamos a fazer isto em uma viagem, mas conseguimos retornar ao vagão.

Enfim, depois de algumas horas de sono, estávamos em Jaipur, “prontos” para enfrentar os 44 graus do Deserto de Thar. Não tivemos problemas em nos localizar e em alguns minutos estaríamos em nosso hotel. Mas tivemos uma visão chocante.

O homem mais pobre do mundo

Bom, se não é ele, pelo menos a candidatura é forte. Mendigos são comuns no Brasil, mas nada que chegue perto do que se vê na Índia. Neste lugar a mendicância não nos pareceu ser algo tão grave para ninguém, tanto que o destino de pessoas de certa casta é terminar a vida mendigando. Mas este que vimos era um jovem de uns 25 anos, de aparência saudável (não lhe faltava membros ou apresentava alguma deficiência motora). E estava nu, em um canto. Não tinha como posse sequer um trapo para se enrolar. Em Délhi chegamos a ver pessoas vestidas com panos tão rasgados que deixavam visível as genitais. Mas este estava nu.

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