quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Rússia - parte 3

Irkutsk

Ao chegar aí finalmente decretamos que estávamos na Rússia. A impressão gerada na fronteira, de que o país era sujo e mal cuidado, se dissipou para sempre. Descemos do vagão, negociamos um taxi sem falar sequer uma palavra em russo e o taxista em inglês. Só escrevendo os valores em um papel. Chegamos ao albergue e a recepcionista falava menos que nada de inglês. Não entendia um “hi”. Mas mesmo assim conseguiu nos mostrar o quarto, as camas e dependências.


A cidade é bonitinha e tem atrações turísticas, além de ser o principal ponto de partida para passeios no Lago Baikal, mas nos dois dias que passamos lá ficamos só a perambular pelas ruas curtindo as peculiaridades do país. Aí vão algumas:

- Está na moda por lá os rapazes usarem meias pretas com bermuda;

- Os caras tem um corte de cabelo muito esquisito. Raspam a cabeça com máquina 2 ou 3 e deixam uma franja fina na testa;

- O consumo de álcool é exagerado. Se não fosse trágico seria engraçado. Em qualquer supermercado pequeno a área reservada para bebidas é enorme, com dezenas de marcas de vodca e outros destilados. Cervejas são comuns em garrafas pet que chegam a 5 litros. Pelas 10 da tarde (lembre-se, nessa época quase não há noite em boa parte do país) os jovens andam pelas ruas com suas garrafas. Alguns com 2 de cervejas de um litro cada.

O vício é predominante entre homens. É parte da cultura. Mas mulheres também são vitimas. É muito comum ver alguém cambaleando pela rua. O governo decretou guerra, promovendo aumento de preços, controlando substâncias industrializadas usadas no fabrico, dentre outras. Em Moscou chegou-se a proibir a venda de bebida entre 22 e 8h, não se aplicando à cerveja. Me pareceu que cerveja para eles não é problema. Um estudo conduzido por uma universidade britânica atribuiu ao consumo de álcool a causa de metade das mortes de homens na Rússia entre 15 e 54 anos;

- Eles (principalmente elas, é verdade) xingam os outros com muita facilidade. Tomamos vários pitos por coisas bobas, como por passa por um local quando era indicado outro em supermercado, quando demorávamos para escolher algo, ao tentar comprar bilhetes. Mas não entendíamos nada. Ficávamos um pouco constrangidos nas primeiras vezes, mas depois passamos a achar engraçado;

- É muito comum o uso pelos homens de camisetas listradas na horizontal, tipo de marinheiro, bem como o uso de roupas camufladas como do exército;

- No trânsito são bastante educados. É muito comum parar o carro quando veem que alguém está tentando atravessar a rua.


Mas estávamos com um problema. Não sabíamos como comprar o bilhete para o próximo trecho e ainda não havíamos encontrado ninguém que falasse inglês. Mas no centro de informação nos apareceu a simpática Natalie, que nos explicou tudo sobre a cidade e as opções de compra de bilhete. Ligou para a estação, confirmou datas e horários e avisou que iríamos lá. Depois escreveu uma carta com tudo que era necessário, até a posição das camas que desejávamos. Como se fosse pouco, deixou o número do celular dela com a gente. Era para ligar mesmo fora do horário de serviço se precisássemos. Aí não tinha como dar errado. Fomos direto á estação e saímos de lá com nossos bilhetes.


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