terça-feira, 4 de setembro de 2012

China - parte 16

Mănzhōulǐ (pronuncia-se mandjouli)

Acabamos não sabendo afinal qual era a população desta cidade. A Wikipédia diz que é 300 mil. No nosso guia falava de 60 mil. Mas chegando lá tivemos a certeza de que era algo entre 50 e 100 mil mesmo. O fato é que, o porte dos prédios e a quantidade enorme de neon espalhado pela cidade mostra o grande otimismo do chinês. A cidade surpreendeu. Bonita, limpa, bem planejada, muitos hotéis.

 
Normalmente procuramos sozinhos o hotel, mas este nos mandou email dizendo que por 2 dólares mandaria um carro nos buscar. Como era noite e barato aceitamos. Como combinado, um carro mandado pelo hotel nos esperava na estação. Era um BMW todo bacana com um motorista que não falava inglês. Começamos a desconfiar que o cara deveria ter confundido os turistas. Mas no trem, já na última estação, estava bem vazio e não vimos mais ninguém com cara de turista.

O caminho para o hotel nos fez cair o queixo. Em lugar nenhum no mundo vimos uma cidade daquele porte com tantos prédios enormes e com tanta luz. Finalmente chegamos ao hotel e a fachada nos fez pensar que realmente algo estava errada. Era bonito de verdade, bastante luxuoso e bem grande. Pensamos: “Não é possível que vamos pagar menos de 30 dólares a noite para ficar num hotel assim. Esses chineses vão nos extorquir mais grana. Vai dar merda”. Mas estávamos tão cansados que não discutimos.


Como ninguém na recepção nem arranhava o inglês, o gerente veio nos receber. O cara era super educado, se ofereceu para nos ajudar no que fosse preciso, nos passou seu celular, etc. Nos mostrou o hotel, a sauna, piscina, academia, restaurante. O quarto foi o melhor em que ficamos nesta viagem. Ganha até dos hotéis em Bali, pois além de ser mais barato a internet era um foguete. O gerente colocou um roteador no nosso quarto pra pegar melhor.

O hotel fornecia uns pijamas muito confortáveis e todos os hóspedes transitavam sempre usando os mesmos. Nos arrependemos logo de termos reservado apenas 3 noites. Ali era para ficar escornado por uma semana ou mais, heheheh. O café da manhã era farto, mas muito longe do que estamos habituado. As únicas coisas que conseguíamos reconhecer era ovo, meio azul, e arroz. Tentamos provar uma das sopas. Não deu. Ficamos só no ovo mesmo. Agora, para o jantar e almoço, por apenas 1 dólar tínhamos um buffet liberado, com opções muito boas.

Diariamente o gerente nos procurava ou nos ligava para saber se precisávamos de algo. Estava preocupado porque ninguém na cidade falava inglês. Ele foi a pé com a gente na estação, que era bem próxima ao hotel e fez toda a negociação para comprarmos nossas passagens de ônibus para atravessar a fronteira e a do próximo trecho da Transiberiana, Zabaykalsk – Irkustk.

Então chegamos a seguinte conclusão: como o hotel era novo e sua inscrição nos sites de reserva de hotéis era muito recente, eles precisavam acumular avaliações e comentários, de preferência bons, para que o hotel pudesse disfrutar bem das vantagens desses sites. Realmente, quando se escolhe um hotel que, mesmo com boas notas tem poucas avaliações, o risco de não ficar satisfeito é maior. Mas, em compensação, é uma boa oportunidade de conseguir verdadeiras barbadas em hospedagens.

Para nossa surpresa, Manzhouli é uma cidade bilíngue. Tudo está escrito em mandarim e russo! A cidade vive da extração de carvão, usinas termoelétricas e do comércio de fronteira. Os russos vêm em peso até ali para comprar mercadorias que, através da Transiberiana serão distribuídas pela Rússia toda e outros países da Europa. Os comerciantes chineses, como logo viam que não éramos dos seus pensavam que éramos russos. Mais ou menos assim: se uma pessoa não é chinesa ela só pode ser russa. Então já nos ofereciam as mercadorias falando este idioma. Quando dizíamos “no, thanks” elas disparavam a rir, como se fôssemos ET.’s. Aliás, a cidade não é muito visitada por turistas. Esta rota que escolhemos da Transiberiana é muito pouco popular. No nosso trem Beijing Manzhouli não havia mais nenhum turista.

A cidade e a mina de carvão

Manzhouli é uma cidade em construção e que está sendo preparada para receber turistas. Temos certeza de que não demorará para entrar forte neste mercado. Ela é bonita, ótima para fazer compras e ainda é acessível pela transiberiana. A cidade tem pracinhas muito bonitas, construções antigas e modernas e um monte de estátuas interessantes, mostrando traços das culturas chinesa, mongol e russa.

Numa praça, há uma estátua bem bonitinha de dois ursos, um panda e um polar dançando abraçados, simbolizando a amizade entre russos e chineses (que nunca foi tão forte assim...).


Descobrimos que era possível visitar a mina de carvão, que opera a 110 anos. Resolvemos ir dar uma olhada. Só dava para fazer isso mesmo. Conseguimos chegar a um mirante e pudemos ver algumas operações de lavra, mas nada muito diferente do que já conhecemos. Neste mirante foram colocadas umas estátuas de mamutes, animais bastante presentes por ali há alguns milênios. Tiramos nossas fotos e voltamos para o aconchego do hotel. No dia seguinte pisaríamos em solo russo.


Este é o nome do hotel em mandarim, russo e inglês:
满洲里秀山国际商务酒店
Международный развлекательный комплекс “Сю Шань”

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