sábado, 15 de setembro de 2012

Rússia - parte 5

Yekaterinburg

Em Yekaterinburg nos hospedamos em dois albergues. No Europe Asia passamos só a primeira noite. Era um apartamento da era comunista. Fomos recebidos no meio da madrugada por Alexander e seu cão Thomaz. Éramos os únicos hóspedes e não nos cobraram nada pela entrada antecipada. Os donos não eram muito de papo, em compensação Thomaz entrava o tempo todo no nosso quarto e tentava brincar com nossas coisas.


No dia seguinte fomos para o Meeting Point, mais barato, mais central, e o albergue mais agradável que ficamos até aqui. Outro apartamento da era comunista, com um quarto de dormir apenas. Contando com as beliches da sala, 8 hóspedes se acomodavam lá. Svetlana, a simpática bailarina que tomava conta do lugar enquanto os donos passeavam de férias ia lá de vez em quando dar uma geral, receber algum hóspede e depois ia embora. O negócio era tão tranquilo que teve um hóspede que precisava ir embora e a garota não estava lá para receber a grana. O cara pagou pra gente e nós demos a grana para a “gerente”.

O mais doido neste albergue é que devido às dimensões reduzidíssimas, os hóspedes eram praticamente obrigados a se interagir. Conhecemos várias pessoas interessantíssimas ali, inclusive uma paulista que após acabar seu mestrado na Espanha alugou seu apto em SP e estava viajando pelo mundo. Um casal de holandeses, Jeroen e Herlinda, que também estavam de volta ao mundo. Eles que só falavam em inglês, mesmo entre si. Perguntamos o motivo e ela disse: “fazemos isto porque pensamos ser a forma mais educada. Assim todos podem entender o que falamos”. Deu até um pouco de vergonha.

Continuando este diálogo, o Jeroen nos disse que na Holanda a educação pública de qualidade é mais do que um direito. É obrigação dos pais porem seus filhos na escola mesmo se forem imigrantes ilegais. O David era um inglês de pais peruanos que planejava morar no Brasil. O Gigi, Giusepe, era um italiano que falava português muito bem e já havia passado 7 meses no Brasil. Tinha um violãozinho e mandava bem com Djavan, vários sambas, Caetano.

Ele estava na Rússia a vários meses e nos ensinou muito sobre aquele povo. Disse que eram completamente diferente de nós, latinos. Falou que se um Russo entende quem você é, de onde vem, e que está no país com boas intenções, nunca te deixará passar aperto. Falou que os professores no curso de russo se preocupavam com os alunos chineses que muitas vezes ficavam sem dinheiro no fim do curso e quase não comiam. Então os ajudavam frequentemente.

Aí contamos o que se passou com a gente na fronteira com a China, quando uma russa nos conduziu resolvendo nossos problemas, pois sem que pedíssemos ajuda ela percebeu nossa situação. Contamos também sobre a Nádia e seu irmão, que nos acolheram tão bem. O Gigi disse que isto era super normal na Rússia. Falou que as meninas são muito liberais no país, mas que fazem questão de se casarem.

A holandesa ainda fez mais uma gracinha: cozinhou para todos do albergue um prato típico do seu país. Era mais ou menos um mexidão de batata, cenoura, cebola, bacon e outras coisas. 



Yekaterinburg é muito bonita mesmo, especialmente à noite. Rodamos bastante pela cidade e saímos de lá sem ver a principal atração, que seria fazer um passeio pelos Montes Urais, cadeia de montanha que geologicamente divide Ásia da Europa. Mas nos sentimos muito bem com o que fizemos. Comemos e bebemos muito bem e por muito pouco.


Usamos nesta cidade do mesmo expediente anterior. Pedimos à Svetlana para fazer uma cartinha para a moça do guichê da estação. Desta vez já compramos os bilhetes de Yekaterinburg para São Petersburgo e de São Petersburgo para Moscou. 

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