quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Iran - parte 1

A conquista do visto

Quando ainda batalhávamos o visto para o Iran o clima entre o país e Israel, no campo da diplomacia estava quente. Acusações de Israel de que o Iran desenvolvia armas atômicas e a exigência para que os Estados Unidos fizessem mais pressão sobre o Iran usando a força já encorajava alguns analistas a marcar até datas para o conflito. Mas nós estávamos ali do lado, na Turquia. Era só um pulo... a tentação era grande. Estão no Iran as ruínas do Império Persa, o povo tinha fama de muito agradável e os preços, devido às sanções econômicas, provavelmente estariam baixos... enquanto pensávamos se íamos ou não, corríamos atrás dos vistos.

No consulado iraniano em Istanbul a funcionária nos deu uma lista de agências que poderiam nos ajudar, pois teríamos que conseguir um número de referência através do ministério competente. Este número de referência é obtido pelas agências mediante o pagamento de uma taxa. Como um brasileiro nos disse que conseguiu o visto em Ankara sem muita burocracia, decidimos partir para a capital turca, que estava no meio do caminho para Goreme. Lá fomos à embaixada. O pessoal, meio esquisito, de poucas palavras, nos atendeu até bem, mas nos disseram que teríamos que esperar pelo menos uma semana para termos a resposta.

Naquele momento a gente chegou a desistir do Iran. Mas na saída conhecemos o Khin. Esse cara de Hong Kong está fazendo uma volta ao mundo também, só que de bicicleta. Ele nos falou da cidade de Trabzon, no norte da Turquia, às margens do Mar Negro, onde era possível conseguir o visto no mesmo dia. Ele mesmo não tinha muita certeza, mas voltamos a colocar o Iran nos planos. Pegamos o ônibus em Ankara no mesmo dia e fomos para Goreme, continuar nossa viagem pela Turquia. Teríamos mais alguns dias para estudar o assunto.

Depois de nos esbaldarmos em Goreme, pegamos um ônibus noturno para Trabzon. Quando chegamos no consulado do Iran, conhecemos uma galera mais ou menos na nossa situação: dois poloneses que faziam uma volta ao mundo de moto, outro cara de Hong Kong, dois dinamarqueses, uma alemã e um chileno. Demos entrada nos papéis, e o atendente mandou todo mundo voltar às 17h. Só tivemos que preencher um formulário simples e entregar as fotos. O detalhe é que para mulheres a foto tem que ser com os cabelos cobertos.

Tínhamos ainda que pagar a taxa, que era diferente para cada país. Daquela galera, a taxa para brasileiros era a mais barata: 45 euros cada. Pagamos, almoçamos e às 17h todo mundo estava lá no portão do consulado. Entramos na maior tensão e o funcionário foi chamando a gente um por um. Todo mundo conseguiu o visto para o número de dias solicitado. Pedimos só 15 e nos arrependemos depois. Mas o mais importante é que havíamos conseguido.

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