segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Iran - parte 3

Chegada

Saímos de Trabzon com destino a Dogubayazit, cidade turca próxima à fronteira com o Iran onde está o Monte Ararat, local onde Noé encalhou a arca naquela coisa do dilúvio. Nosso plano era ficar ali por uns três dias e aproveitar para planejar nosso dias no Iran. Pegamos o ônibus às 20:20h em Trabzon e entendemos que chegaríamos às 6 da manhã. De cara um senhor puxou papo com a gente. Era Ali. Iraniano, muito simpático, nos deu várias dicas sobre o país. A viagem ia muito bem quando às 4:00h o ônibus parou. Chegamos! A cidade estava dormindo, às escuras e fazia um frio danado. Todo mundo desceu no meio da rua esmo e foi entrando em uma van.

Então entendemos; todos ali estavam indo para o Iran. Várias pessoas nos disseram para ir com eles e como estava muito frio, decidimos nos embolar na van. Depois de uns 30 minutos chegamos à fronteira. Todo mundo desceu e o carro voltou. O agente turco carimbou nossa saída e entramos em uma área muito medonha: toda cercada, escura, onde caminhamos uns 200 metros em direção ao Iran. Ali, um soldado magro e alto pegou nossos passaportes, olhou na minha cara e perguntou: “Uzbequistan?” “No, Brazil” “You are really welcome to Iran!”. Nada mal. Entramos no prédio e uma fila foi formada. Estávamos bem atrás, mas veio um agente e nos chamou. Olhou nossos passaportes, conferiu os vistos, carimbou e nos devolveu, apontando uma porta. Fomos lá e já era o Iran, com o sol nascendo bem à nossa frente.

Passados alguns minutos o Ali apareceu. Nos ajudou a trocar dinheiro e negociou um táxi para a gente. Nos despedimos com sinceros agradecimentos e votos de muita felicidade. Esse cara é um bom sujeito.

Entramos no taxi, que nos levaria a Tabriz. Seriam 3 horas de viagem e poderíamos até tirar uns cochilos. Olhamos para trás e lá estava o Ararat.


Mas, passados uns 500 metros e o taxista parou e nos mandou descer. Conversou com outro taxista, fizeram uma transação e entramos no outro carro. Depois de alguns minutos, em movimento, nosso motorista gritou para um outro taxista que levava uma senhora. Paramos de novo, os dois negociaram e fomos para o outro carro, com a doninha na frente. Aí entendemos: apesar da aparente bagunça, aquilo era como um mercado de valores: os taxistas recebiam para levar seus clientes de um ponto A para outro ponto B, mas não era obrigatório que ele fosse necessariamente o prestador de todo o serviço. Por exemplo, se no meio do caminho ele encontrasse outro taxista que topasse nos levar até o ponto B por, digamos, um quarto do valor, para ele era lucro e valia a pena fazer o negócio.


Em alguns minutos estávamos dormindo. Depois de uma hora acordamos. A senhora puxou assunto usando da melhor forma possível seu limitado inglês. Disse que seu filho estava no Canadá e mostrou uma foto dele participando de uma manifestação. Ela não gostava do Armadnejad e nos disse que seu filho foi embora para evitar ter problemas. Quando dissemos que iríamos para algum hotel ela nos disse na hora: “minha casa! Vocês vão para a minha casa!” Ficamos impressionados. Ela nem nos conhecia e fazia questão de nos hospedar. A gente até que se interessou, mas realmente precisávamos de um lugar com garantia de funcionalidade, para buscarmos informações e principalmente, com internet.

O inglês dela era bastante limitado e a gente não podia dizer: “só vamos se na sua casa tiver internet!”. Com muita dificuldade conseguimos fazê-la entender que precisávamos de um hotel. Ok. Paramos no centro e entramos os três em outro taxi. Ela ligou para um e para outro e mandou o taxista parar em um hotel que disseram para ela que era bom (e nós igual gado sendo tangido). Ela desceu com a gente, pediu pro taxista esperar (não nos deixou pagar nada) e foi conosco à recepção. Falou muito em farci com o cara. Entendemos que estava mandando nos tratar bem e fazer um bom preço. Perguntou se para a gente estava bom e demos ok. Ela deixou seu telefone e pediu o recepcionista para nos ajudar a ligar se precisássemos. No dia seguinte pela manhã ela nos visitaria. Nos despedimos e ela se foi.

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