sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Romênia - parte 1

Romênia

República da Irlanda, julho de 2010. Estávamos de férias no país, com um carro alugado, ainda tentando entender a rotina dos Irlandeses. Fazíamos por nossa conta um tour conhecido por lá como Ring of Carry. Descobrimos um passeio dentro do passeio que não estava previsto e resolvemos fazê-lo. Para isso teríamos que dormir em uma pequena vila.

Para o pernoite fomos a uma cidade próxima comprar roupas e quando chegamos à vila, famintos, tudo estava fechado. Não tínhamos ideia de como nos alimentaríamos. Mas, veja como são as coisas... descemos do carro na porta do pequeno hotel. Enquanto eu pegava os pacotes no porta-malas Renilza foi andando e um homem se aproximou dela, com uma panela de macarronada em uma mão e uma grande colher na outra, falando para ela algo assim: “Romênia, Romênia, espaguete” e batia a colher na panela. Renilza se virou para mim assustada e rindo e eu não sabia o que fazer.

Aquele senhor nos cercou, nos fez sentar em uma mesa de bar colocada à frente do hotel e foi gritando para a gente e batendo na panela: “Romênia, paaammm (onomatopeia representando o som da batida), Romênia, espaguete”. Sem que respondêssemos serviu dois pratões de macarrão para a gente. Dois rapazes se aproximaram rindo. Eram jovens também vindos da Romênia. O senhor em seguida serviu cervejas para todo o grupo, inclusive a gente. Antes de esvaziarmos os pratos, ele lascava mais colheradas de macarrão. Estava ótimo. Eu estava adorando aquela fartura.

Aquele senhor, apesar de viver na Irlanda há mais de 15 anos falava muito pouco inglês, mas os rapazes faziam um bom meio de campo. Chegou um vizinho irlandês e ficamos conversando ali um tempão, sem acreditar no que acontecia. E o senhor repetia: “Presente da Romênia!”. Foi a primeira vez que a Romênia entrou em uma lista de lugares que gostaríamos de visitar. Podia ser inocência nossa, mas pensamos que um país que gera pessoas tão agradáveis com certeza é um lugar especial.

Já na Romênia, várias vezes nos perguntaram o motivo de termos ido ao país (por incrível que pareça, foi o lugar onde mais vezes isto foi perguntado) e a gente contava este caso.

Por outro lado, devido ao encontro com pessoas desagradáveis, outros países já foram cortado de nosso roteiro.

No episódio da macarronada começamos a entender como as nossas ações como viajantes são importantes para o nosso país. Quando somos simpáticos, receptivos, honestos e respeitosos estamos transmitindo para as pessoas que encontramos que o nosso povo é assim. Em uma terra estrangeira, cada visitante é um embaixador. Temos a consciência de que cada vez que interagimos com alguém em um lugar pouco visitado por brasileiros, é bem possível que sejamos os primeiros que esta pessoa conhece e ela pode formar uma ideia de todo um país baseado apenas no que viu na gente.

Um comentário:

  1. Nossa! Fiquei arrepiada! Não me lembro de Renilza ter me contado essa história do macarrão quando voltou da Irlanda. Achei muito interessante a fala do Ricardo sobre nossas ações enquanto viajantes. Heloísa.

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