sábado, 18 de agosto de 2012

China - parte 3

Beijing

Partimos de Hong Kong rumo a Beijing e fomos apreciando a paisagem do país socialista. Chegamos a Beijing com o dia ensolarado. Apesar das dificuldades que tivemos para a obtenção do visto a entrada no país foi muito tranquila. O que nos fez pensar que os problemas que tivemos foi mais obra de incompetências localizadas do que um esforço estatal para evitar a presença de turistas. Afinal, se não nos quisessem, qual o motivo de terem gastado tanto para fazerem as Olimpíadas de 2008.

No aeroporto pegamos o metrô, aliás, até o momento o melhor e mais abrangente que usamos. Cerca de 1 hora depois estávamos no hotel. Ficamos hospedados bem no miolo do centro histórico de Beijing, a uns 15 minutos da Cidade Proibida. A turminha que fazia o hotel funcionar é bastante simpática e prestativa. E dias depois descobrimos que nosso hotel era uma das atrações turísticas da cidade. Bem que achávamos estranho vermos toda hora chegar um grupo de turistas acompanhado de guia e depois irem embora. Nosso quarto era simples, mas espaçoso. Pudemos lavar nossas roupas, descansar bem e ter uma boa base para explorar a cidade.

As atrações da capital são incontáveis. E como vínhamos de países que por vários motivos nos esgotaram, decidimos concentrar nossa estadia no país em Beijing.

Praça Tiananmen

A praça Tiananmen ficou famosa com o nome de Praça da Paz Celestial. Fica bem no centro de poder do país. Num dos lados está nada menos que a Cidade Proibida e há uma série de atrações ao redor. O lugar é muito bonito e pede alguns dias para uma boa exploração. Como estávamos na parte antiga da cidade, caminhar pelas ruelas era sempre divertido.

Em 1989, eu ainda criança acompanhei os protestos de estudantes, intelectuais e trabalhadores chineses que ocorriam nessa praça. Uma das imagens mais interessantes do século 20 foi gravada lá: um jovem se postou em frente a uma fila de tanques e conseguiu que eles não avançassem. Porém, dias depois desse fato o governo chinês acabou com a brincadeira e expulsou dezenas de milhares de pessoas da manifestação a tiros de metralhadoras e com o uso de tanques.



Como a liberdade de imprensa nunca foi o forte da China, nunca foi possível levantar quantas pessoas realmente morreram ali. Números variam de 500 a 4000. Lembremos que o protesto era pacífico.

Pois bem, estávamos lá justamente no dia 05 de julho, data de aniversário do ocorrido. O governo faz um evento lá para lembrar não sabemos o que. O clima é tenso, pois sempre há a possibilidade de algo violento acontecer. Alguns civis andam com uma braçadeira verde no braço. Apuramos que são uma espécie de voluntariado civil pela segurança e recebem o equivalente a 200 dólares por mês para auxiliarem as autoridades com informações se virem algo estranho. Uns dedos-duros.

Então, no albergue eu perguntei a uma funcionária, menina de uns 20 anos sobre as braçadeiras e ela respondeu como se não fosse nada demais. Aí eu fiz de bobo e perguntei se tinha algo a ver com os ocorridos de 1989. Ela estufou os olhinhos e perguntou assustada: “você sabe do que aconteceu???!!!!”. Como eu respondi que sim e com alguns detalhes ela estufou os olhinhos mais ainda e tentou pular fora da conversa.

Mais tarde eu perguntei a mesma coisa para um cara mais velho e a conversa foi mais tranquila. O que eu senti em Beijing é que todos sabem que vivem em uma ditadura, gostariam de ter alguns direitos que nós temos, mas que estão aproveitando bem esta fase de crescimento que já dura décadas. Ou seja, com grana no bolso os ânimos se acalmam.

Aproveitamos bem a nossa localização e fizemos tudo o que podíamos e que era de graça. Há lá um museu de artes enorme, com o pé direito de dezenas de metros. Mas parece que faltou o mais importante: as obras. Tudo bem, as telas lá eram legais, mas pela suntuosidade da construção esperávamos encontrar a Monalisa em pessoa.

2 comentários:

  1. Meio triste esta do dinheiro. Meio parecido com o Brasil e até com os professores Ricardo... abs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não entendi, Wagner. Não vejo nada semelhante no Brasil.

      Excluir