quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cuba - parte 1

Um pouco da História de Cuba

Quando os espanhóis chegaram a Cuba encontraram uma enorme ilha com terras férteis e nativos relativamente pacíficos. Em alguns anos os 120 mil habitantes pré colombianos haviam sido praticamente exterminados pela exploração como escravos, em conflitos e por doenças.

Terras férteis, o clima e a localização estratégica fizeram com que os espanhóis resistissem de forma especialmente forte para não perderem a colônia e por isso Cuba foi o último país da América a conseguir sua independência.

A luta pela independência começou em 1868 e tem Carlos Manuel de Céspedes e José Marti como os principais heróis. Após décadas de guerra com o conflito quase vencido pelos cubanos os Estados Unidos dão uma desculpa esfarrapada e entram na briga do lado de Cuba, o que foi o golpe de misericórdia na Espanha em 1898. Mas Cuba saiu do fogo e caiu na frigideira. Os EUA se aproveitam da fragilidade do país, destruído pela longa guerra e impõe a força uma série de medidas que fazia do país sua colônia. Os americanos não deixaram que o país tivesse soberania alguma. Chegaram governar o país de forma direta por 4 anos e conseguiu impor um conjunto de normas chamado Emenda Platt que dava aos Estados Unidos o direito de intervir na ilha quando bem entendesse.

Cuba tinha tudo para ter uma história parecida com a de vários países latino-americanos. A exemplo de Nicarágua, Guatemala e vários e vários outros, os EUA faziam o que queriam e nas décadas seguintes Cuba se tornou um paraíso para a elite rica norte-americana, com cassinos, prostituição, drogas e praias paradisíacas. As maiores empresas eram de norte-americanos assim como a maior parte das terras. Enquanto isso, a maioria da população vivia na miséria.

O país era governado desde 1934 por Fulgêncio Batista, que era nada mais que um fantoche dos EUA. Mas as coisas começaram a mudar em 1956. Fidel Castro cria uma guerrilha que em pouco tempo ganha a simpatia do país. A guerrilha ainda contava com outros soldados que ficariam famosos, como Camilo Cienfuegos, Raúl Castro e Ernesto “Che” Guevara.

Fidel comanda o movimento guerrilheiro de forma brilhante, aproveitando as características geográficas do país e usando muito bem os recursos humanos que tinha. Depois de mais de dois anos de lutas, usando estratégias engenhosas e com enorme apoio popular em 01 de janeiro de 1959, a guerrilha impõe uma derrota total ao governo de Batista que foge do país. Pouco depois, Fidel Castro, com apenas 32 anos se torna o chefe de estado e só deixaria o posto 49 anos depois.

Após a chegada ao poder, incentivada por uma enorme má vontade dos EUA em respeitar os rumos que a nação tomava a revolução adquiriu um caráter socialista. Em 1960 a reforma agrária desapropriou os latifúndios do país, quase todos pertencentes a americanos. Ofereceu como pagamento o valor dos imóveis usados no cálculo do imposto territorial. No mesmo ano, após recusa da Shell, Texaco e Esso de refinarem petróleo vindo da Rússia, Cuba nacionaliza as três refinarias. Foi a gota d’água para que os EUA impusessem um bloqueio econômico à ilha, que ainda vigora, prejudicando gravemente a economia e o desenvolvimento do país. Este bloqueio já foi condenado 15 vezes na ONU. Em 2006 uma resolução da ONU que mandava os EUA terminarem com o bloqueio teve 183 votos a favor e 4 contrários. 

Desde os primeiros dias do governo de Fidel várias incursões partindo dos EUA tentaram desestabilizar o governo, desde financiamento de dissidentes para tentarem matar Fidel Castro até o uso de aviões para provocar incêndios em plantações de cana. Mas o ápice da baixaria foi a invasão da Baia de Porcos. Em 1961, uma força militar treinada e financiada pelo governo de John Kennedy, composta por exilados cubanos e agentes americanos, tenta invadir o país através da baía dos Porcos. A invasão é contida em alguns dias e os EUA se negam a assumir a participação durante vários anos. Mas as provas eram muito contundentes. Por exemplo, um piloto americano de um avião abatido não pode ter seu corpo entregue à família durante anos devido à essa negação. 

Ao se afastar dos EUA, imediatamente a URSS se tornou o principal parceiro do país e durante 3 décadas mantiveram relações comerciais muito vantajosa para os cubanos. O auge desta aproximação foi o evento conhecido como Crise dos Mísseis”, quando a URSS instalou sistemas de lançamento de mísseis nucleares na ilha. Foi o momento mais tenso da Guerra Fria, quando as marinhas de EUA e URSS estiveram frente a frente prontos para disparar e haviam mísseis nucleares apontados para os dois países prontos para serem acionados. Mas tudo se resolveu diplomaticamente e Cuba, apesar de não ter participado das negociações, recebeu garantias de que nunca seria invadida pelos EUA. Apesar de ser um país pequeno e com recursos reduzidos, a atuação de Cuba na geopolítica mundial foi decisiva para a história de vários países, como Angola, Argélia e Namíbia.

Mas no início da década de 90 a União Soviética se desmantelou e Cuba se viu, da noite para o dia em uma situação econômica muito delicada. Para piorar, imediatamente o governo americano aperta o bloqueio e os anos seguintes à queda da URSS foram muito complicados. O país ficou praticamente isolado do mundo, sem combustível, sem parceiros comerciais e com milhares de dissidentes tentando fugir em botes para os EUA.

Porém, contra todas as expectativas, já se passaram 20 anos e gradualmente o país vem melhorando. Os indicadores sociais são os melhores da América Latina. Por exemplo, é o país do mundo com o maior índice de alfabetização, 99,8%. Em 2012 foi a nação com o menor mortalidade infantil de toda América (superando até o Canadá). Por outro lado, a dinâmica econômica do país é algo que desafia o entendimento das melhores mentes. As principais fontes de entradas de divisas são o turismo em primeiro lugar e os dólares enviados por cubanos que vivem nos EUA. Os salários são mesmo baixíssimos, mas ninguém paga por educação, saúde, 85% das pessoas moram em casa própria, a energia elétrica é pouca, mas barata e por aí vai.

Apesar das reclamações constantes dos cubanos, de que ganham pouco, que não podem comer carne de vaca, etc, a desnutrição não é nem de longe um problema no país. Todos andam bem vestidos, as mulheres cheias de brincos, pulseiras, meias “arrastão”, etc. Por outro lado, passeando pela ilha, não há como negar que o país poderia ser mais produtivo. Apesar do fertilíssimo e enorme litoral, não se vê uma instalação de criação de peixes, e as terras não são bem aproveitadas. O país tem quase 365 dias de sol por ano, mas não se vê painéis de aquecimento solar. Mesmo os simpatizantes do regime assumem que é difícil exercer alguma atividade empreendedora, devido ao grande controle estatal. Além disso, o país tem muito que avançar em questões que envolvem liberdades democráticas, como liberdade de expressão, para viagens, de criação de partidos políticos, etc.

Em 2008, Raúl Castro, um dos líderes da revolução, assume o poder no lugar de seu irmão Fidel, que renuncia por questões de saúde e aos poucos promove algumas aberturas políticas e econômicas no país.

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