domingo, 24 de fevereiro de 2013

Peru - parte 3

Cusco

A antiga capital dos incas está tomada por igrejas, conventos e praças que não foram feitos obviamente pela administração inca. Isto não quer dizer que sejam feias. Na verdade, quando chegamos na cidade achamos tudo meio deprimente. Os morros ao redor do centro histórico são lotados de casas e barracos que foram feitos totalmente fora do conjunto arquitetônico que torna a cidade famosa. Porém, já dentro do centro histórico pode-se esquecer isto facilmente. A noite então a cidade é realmente linda.

  
Nos arredores há algumas atrações que justificam a estadia do turista por alguns dias. Mas o tempo não estava bom e sentimos um pouco os efeitos da altitude. Uma dorzinha de cabeça aqui e uma respiração difícil acolá. Nada grave, mas que gerava uma vontade de ficar no hotel, hehehe. Mesmo assim demos umas voltas pela cidade e até fomos à Fortaleza de Sacsayhuaman. Mas no alto do morro começou a chover e decidimos não entrar, pois eles tinham um esquema estranho de cobrança. Se você aluga um cavalo e serviço de guia o preço é um. Se decide ir por sua conta, a entrada custa quase o dobro, cerca de 50 reais. Como estava chovendo e achamos aquilo um absurdo, decidimos não entrar. Descemos o morro e voltamos para a cidade.

Machu Picchu

Há quinze anos, quando eu era estagiário em uma empresa de geologia e fazia curso pré-vestibular, lendo sobre Machu Picchu e trilha inca, decidi que um dia eu ia conhecer esse lugar. Era 1998 e as coisas estavam difíceis. O Brasil saía de uma crise econômica e entrava em outra e as perspectivas eram horríveis. Mesmo assim criei esta utopia. Não sabia como, mas decidi que eu queria viajar. Depois de sonhar com Machu Picchu, desejei conhecer outros lugares e a lista foi crescendo. Mesmo que na época eu não tivesse grana nem para sair de Minas, entendo que neste momento eu me tornei um viajante.

Nunca tive outra ambição que não fosse viajar muito. Várias vezes planejei esta viagem. Até de carona eu pensei em fazê-la. Descobri cedo um roteiro que já é quase tradicional: passar a fronteira com a Bolívia pelo Mato Grosso do Sul, pegar o Trem da Morte até Santa Cruz, ir pra Cusco e daí fazer 3 ou 4 dias de trilha e, enfim, chegar a Machu Picchu. O tempo passou, e por um motivo ou outro, Machu Picchu foi adiado. Mas nesta viagem de volta ao mundo ela não podia ficar de fora. Porém cometemos um erro: chegamos ao Peru em fevereiro, justamente o mês em que a trilha inca fica fechada. Por outro lado temos que confessar que um ano de viagens sem atividades físicas regulares e alimentação pouco uniforme nos deixou em péssima forma física perto do que éramos um ano antes. Assim, mesmo havendo uma outra trilha alternativa, caímos na real e decidimos que não tínhamos condições de vencer a caminhada. Mandamos e-mails para alguns amigos que nos disseram para ir a Machu Picchu mesmo que fosse de trem, pois valeria a pena. E foi o que fizemos.

Pegamos o trem para Águas Calientes e reservamos 3 dias e 2 noites na cidade, sabendo que não seria necessário tudo isto. Mas queríamos fazer o passeio de forma tranquila. Na manhã do segundo dia pegamos o ônibus e chegamos ao parque.

Exceto o fato de não haver banheiros dentro da área, que exige várias horas para ser explorada, a cidade de Machu Picchu está muito bem mantida. Chegamos por volta das 8h e começamos a bater perna pela cidade em ruínas. O fato de a cidade não ter sido descoberta pelos colonizadores e provavelmente ter sido abandonada pelos moradores originais e em seguida dominada pela floresta a manteve afastada dos saqueadores. Hoje boa parte dos prédios são reconstruções, o que não deprecia o patrimônio histórico.


Compramos pela internet um bilhete de entrada que também dava acesso à trilha que leva ao topo da montanha maior, que forma o nariz da face formada pelo conjunto de montanhas ao lado da cidade. A caminhada não foi fácil, mas vale muito a pena, pois ali também tem construções incas e de lá se avista a cidade de frente. O dia estava bonito e decidimos descer a encosta para visitar a Grande Caverna. Vale a pena pelas paisagens, mas a caverna em si não tem nada demais. Porém, a volta foi mais complicada. Nossa água acabou e até tentamos coletar um pouco das gotas que pingavam de uma rocha, usando nossas jaquetas como um acumulador, mas depois de alguns minutos e uns 300 ml coletados, vimos que nós estávamos nos encharcando. Voltamos a subir e pouco depois começou a chover. Mas conseguimos chegar sem acidentes e ainda demos um passeio pela cidade em ruínas mesmo na chuva. Havia a vantagem de ter menos turistas.


Enfim, saímos do parque quase 4h da tarde e fomos para o ponto esperar nosso ônibus. Ali, uma cena triste: um outro ônibus chegava cheio de turistas japoneses que teriam menos de uma hora para conhecer Machu Picchu e com chuva caindo.

Voltamos para Águas Calientes muito satisfeitos por termos feito o passeio, pois mesmo sem a Trilha Inca a visita valeu a pena. Foi o último passeio de nossa viagem de um ano, fazendo assim um encerramento com chave de ouro.

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