sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Guatemala - parte 4

Panajachel

Nossa viagem da Cidade da Guatemala até Panajachel foi uma aventura de verdade. Só usamos ônibus de moradores locais, os famosos chicken bus. Ainda não sabemos o motivo do apelido “carro de frangos”, mas temos algumas suspeitas. O primeiro ônibus nos levou do centro da capital ao anel rodoviário. Ali pegamos uma van muito desconfortável, onde nos sentamos em um banco improvisado voltado para trás do banco da frente. A inclinação do encosto da minha poltrona era a inversa da passageira que ia na frente. Quando a van acelerava eu me encolhia e a dona que estava costa a costa comigo se inclinava para trás. Quando freava, eu me inclinava para trás. O trocador da van era da pá virada. Em uma cena ele abril mandou um passageiro entrar e subiu correndo com as sacolas do mesmo no teto do carro. Até aí tudo bem. Mas o carro começou a andar e segundos depois vimos um pé aparecer na janelinha e com muita agilidade, com a van a uns 60 km por hora, o trocador passou do teto para dentro do veículo pela janela. E ele fazia o inverso: com a van a quase 100, subia pela janelinha para o teto para reposicionar algum fardo. O cara era muito louco! Enfim, depois de 2 horas e meia trocamos de transporte. Pegamos mais dois ônibus completamente lotados de indígenas, com as pessoas caindo sobre as outras e enfim chegamos a Pana.

Esta cidadezinha é um dos vários “pueblos” situados ao redor do lago Atitlan. Bom lugar para comprar artesanato. Conhecemos um carinha ali que vendia passeios de barcos. Não compramos o passeio mas conversamos muito com ele. Ele é indígena e foi integrante de uma gangue, tinham armas, garotas associadas, mas que se dissolveu depois que dois dos líderes foram mortos por rivais. Ele cortou o cabelo, começou a trabalhar, frequentar o Temazcal e agora se diz um cara tranquilo.

Existem três vulcões nas margens do lago. Poderíamos ter feito um passeio para subir em pelo menos um deles, mas agora queremos ver vulcões com lava escorrendo e não é o caso no momento de nenhum dos vulcões de Pana. Então o único passeio que fizemos foi visitar os povoados da margem. Fomos a Santiago e São Pedro. Dava para ir em vários, mas as coisas já estavam se repetindo e não fomos nos outros.


Conhecemos um motorista de tuc-tuc que ajudou a produção da Rede Globo, que estava ali há apenas alguns dias, gravando cenas da próxima novela que não sabemos quando estreará e nem qual nome terá. Seu trabalho era agenciar figurantes. Segundo ele, seu próprio veículo foi alugado para fazer parte de algumas cenas. Além do tuc-tuc, a novela terá Grazi Massafera.


No povoado de Santiago visitamos a casa que recebia o Maximón, uma santidade maia. A efígie de Maximón encontra-se sob a custódia de uma irmandade religiosa local e reside em várias casas de membros da irmandade ao longo do ano, sendo deslocada de forma cerimonial numa grande procissão durante a Semana Santa. Naquele caso, a imagem já tinha 590 anos. Em cada ano ela fica em uma casa e é uma honra muito grande para a pessoa cuja casa a recebe. Na casa que visitamos, o Maximón estava em uma sala cheia de imagens de santos católicos. Mas este sincretismo parece não ofender ninguém por ali, pelo que vimos. Parece que a maioria das pessoas é católica, mas muitos deles acreditam no Maximón também. E a vida segue.


Em Pana ocorreu uma das coisas mais chatas da viagem. Tivemos nosso computador roubado. Temos 99% de certeza de que foi roubado de nossas bolsas dentro do hotel. Já estávamos saindo. Eu lavava as louças que usamos no café da manhã. Renilza deixou as mochilas dentro do quarto fechado a chave e veio falar comigo. Acreditamos que aconteceu mais ou menos assim: um cara que trabalhava para o hotel procurando hóspedes puxou papo com a gente para ganhar tempo. E nos disse que nosso ônibus já deveria estar saindo. Nesse período, provavelmente uma funcionária do hotel abril o quarto e tirou o laptop da mochila. Saímos apressados para não perder o ônibus e só fomos perceber que o computador havia se extraviado já na Cidade da Guatemala.

Na viajem a mochila em que estaria o laptop ficou muito próximo à gente. Não dormimos e os ônibus não encheram. Quando ligamos para o hotel a funcionária que atendeu se embaraçou com as respostas e deixou nos fez acreditar que ela havia participado do roubo. Por outro lado, como demos falta do equipamento só na Cidade da Guatemala, decidimos nem acionar a polícia, pois, de fato, não temos como provar que fomos roubado no hotel. O computador em si foi um prejuízo de 600 reais, já que compramos outro notebook no mesmo dia. Mas perdemos nossas planilhas da viagem, com os registros diários de gastos detalhados. Perdemos também as fotos originais. Na verdade mantivemos as melhores fotos nos cartões de memória e temos os álbuns no facebook. Mas perdemos algumas fotos interessantes. Além disso, vários arquivos de alguma importância se foram. Mas nada que comprometesse a viagem. Uma pena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário