sábado, 23 de fevereiro de 2013

Peru - parte 2

Chegada

Aterrissamos em Lima perto da meia noite e nosso plano era dormir em algum canto no aeroporto e no dia seguinte pegar um ônibus para o interior. Mas Pretinha estava com uma cólica horrorosa, então, de madrugada, pegamos um taxi para um albergue que tínhamos o endereço e ficamos por ali. Então resolvemos nos dar um tempo para estudar melhor o Peru, pois em Cuba estávamos sem internet. Dois dias depois estávamos em um ônibus para Arequipa.

Arequipa

Esta é uma das cidades mais importantes do Peru, com uma arquitetura ímpar e uma história complexa. Mas não tem jeito. Desde 24 de janeiro de 2006, quando escutava ou lia sobre a cidade, me lembrava de nosso amigo Betão. Na madrugada deste dia, um ônibus com estudantes da UFMG que seguia para a Venezuela para levá-los para o Fórum Social Mundial, quando passava por Arequipa saiu da pista e tombou violentamente. Quatro estudantes morreram, incluindo nosso amigo. Que ele esteja bem. Mas a partir de agora teremos lembranças melhores da cidade.

Chegamos de Lima cedo e depois de um taxi para o centro e batermos pernas por uma hora encontramos um hotel que nos atendia. Pouco depois almoçamos um “rocoto relleno”, comida típica local. O tal rocoto é uma pimenta do tamanho de um tomate, que se recheia com carne e outras coisas. É muito bom, mas arde de verdade. Lágrimas rolaram dos meus olhos, mas conseguimos comer.

Demos umas voltas pelo centro, mas tivemos preguiça de entrar nas igrejas e conventos históricos. Os colonizadores chegam, destroem uma cidade e constroem outra em cima, usando as mesmas pedras. Para ajudar a impor sua cultura constroem templos (igrejas católicas) enormes com mão de obra escrava e esses templos, 500 anos depois são atrações turísticas. A história se repete... e por fim enche o saco. Mas realmente as construções históricas são bonitas e originais.

  
Cânion de Colca

Compramos nosso passeio no próprio hotel, devido ao menor preço. Dezenas de agências vendem os mesmos passeios e não é fácil saber os que são bons ou ruins dentro de uma mesma faixa de preço. Se tratava de um passeio de 3 dias, com duas noites em lodges localizados ambos no vale do Rio de Colca.

As noites estavam muito chuvosas e ficamos sem luz justo na hora em que tínhamos que arrumar as mochilas. Usamos nossas lanternas até as duas de apagarem, mas conseguimos deixar tudo pronto. Por volta das seis da manhã a van nos pegou no hotel. Fomos em direção à Chivay. Ali tomamos o café da manhã. Depois a viagem continuou. Fomos subindo, subindo subindo, até que, perto dos 4000 metros começamos a sentir os efeitos da altitude. Nada muito pesado. Uma pequena dor de cabeça e a respiração difícil, como um ataque de asma não muito forte.

A primeira parada foi na Cruz del Condor, onde se espera que fossem vistos os tais pássaros, mas só tinha neblina. Ali compramos um servido pacote de folhas de coca. Então, volta e meia a gente mascava umas folhinhas e isso ajudava a superar mais facilmente os efeitos da altitude. Na segunda parada, onde estão construindo um museu para a “Princesa Juanita”. Uma múmia inca de uma garota que teria sido sacrificada para algum deus. Mas a múmia mesmo está em uma universidade. Neste ponto descemos das vans e os guias organizaram os grupos para começar a caminhada. Poucos minutos depois vimos os primeiros condores.

O primeiro dia não foi difícil. Praticamente só descidas. As paisagens, cada vez mais bonitas, são fotografadas várias vezes por todos, já que a descida é em zig-zag às vezes nos impressionamos com a mesma paisagem mais de uma vez. Nosso grupo tinha a gente, o guia Juanito, uma alemã chamada Alex, um casal de um chileno e uma americana e outro casal de chilenos. Grupo tranquilo, todos gentis e até voluntariosos.


A primeira noite seria em um lodge muito ruim. O quarto só tinha uma cama e um toco, que era um pedaço de um tronco de árvore. O banheiro não oferecia um mínimo de privacidade. Todas as paredes feitas de bambu, de forma que o usuário enquanto obrava podia ver e ser visto por todos. O chuveiro só tinha água fria. E o local era frio à noite. A janta, um horror, de tão pequena. Uma sacanagem com o hóspede, que passou o dia inteiro caminhando. E o pior é que estava em expansão. Em vez de os donos investirem para darem um mínimo de conforto, estavam construindo mais habitações.

O segundo dia teve uma parte de caminhada no plano e outra em subida. As paisagens continuam impressionando. Cruzamos alguns povoados nas montanhas. Juanito, nosso guia, nos apresenta uma pedrinha feita de uma massa de sementes, farina e folhas de coca. Misturamos aquilo com mais folhas de coca e o efeito destas aumenta legal. Ao mascarmos aquilo, os lábios e língua ficam um pouco dormente, mas os efeitos da altitude são esquecidos por algumas horas. No meio da tarde a gente chegou ao Oásis, o lodge onde passaríamos a noite. O almoço, uma macarronada meio fraca, mas que não foi das piores. O legal é que tinha uma piscina de água morna. Mas a janta foi decepcionante. Do frango que foi compartilhado por umas 20 pessoas só me coube um osso de coxinha, quase sem carne. Fomos dormir cedo porque não tínhamos o que fazer. Mas esquecemos de colocar o relógio pra despertar e saímos uma hora atrasados, por volta das 5h30 da manhã.

Esse dia foi duro. Uma subida de 3 horas, com mais de 1000 metros de diferença de nível. Apesar de sermos os últimos do grupo a chegar, subimos dentro do tempo previsto. Fomos com calma, parando para descansar com muita frequência, mas por pouco tempo de cada vez. Enfim, chegamos ao topo, tomamos café da manhã e seguimos para Chivay, onde um banho em águas termais e um almoço em buffet livre, tudo pago a parte, nos esperava.


Mas não havia acabado. No retorno para Arequipa passamos por paisagens muito bonitas. Atravessamos um planalto onde atingimos a altitude de 4910 metros. Dos dois lados da pista haviam vários bandos de lhamas, alpacas e ovelhas. Infelizmente não pegamos neve, mas mesmo assim os pastos, lagoas e montanhas eram muito bonitos.


E no início da noite chegamos ao hotel. Dois dias depois partimos para Cusco.

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