segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Nicarágua - parte 1

Nicarágua

A Nicarágua foi uma região da América Central na qual se desenvolveu uma antiga civilização que desapareceu sem deixar muitos vestígios de sua existência. As populações que ocupavam a região no momento em que os espanhóis chegaram ao continente, provavelmente surgiram a partir de ondas migratórias oriundas do território mexicano.

Após atingir sua autonomia em 1821, a Nicarágua foi inicialmente conglomerada ao território das Províncias Unidas da Centroamérica. No entanto, o conflito intermitente entre liberais e conservadores acabou transformando a região nicaraguense em um Estado independente.

A disputa entre liberais e conservadores transformou a Nicarágua em um típico exemplo da fragilidade das instituições políticas concebidas após os processos de independência da América Colonial. Aproveitando-se disto, os EUA nunca fizeram cerimônia para fazer suas intervenções no país, várias delas com uso direto de suas forças militares.

Após o predomínio político dos conservadores durante o século XIX, os liberais conseguiram chegar ao poder com a proposta de modernizar as práticas e instituições do país. Em 1893 uma nova constituição foi assinada com o intuito de modernizar o país. Sentindo-se ameaçados com essa situação, os EUA intervieram no país passando a controlar suas ferrovias, o Banco Central e a alfândega. A população da Nicarágua é cerca de 70 vezes menor que a dos EUA.

Os nicaraguenses faziam o que podiam e nunca se renderam ao domínio dos EUA. Até a década de 1920, os incidentes políticos da Nicarágua foram seguidos de perto pelos EUA. Quando julgava necessário, este enviava tropas para anular o resultado de uma eleição e legitimar a ascensão de um líder comprometido com seus interesses econômicos.

Nesse período, um movimento guerrilheiro liderado por Juan Baptista Sacasa, José María Moncada e César Augusto Sandino lutou contra a ação estrangeira em seu país. Após a retirada das forças norte-americanas, Sandino e outros líderes liberais abandonaram o movimento armado. Entretanto, Anastasio Somoza García, chefe da Guarda Nacional, armou um golpe e Augusto Sandino fora assassinado.

Entre os anos de 1936 e 1978, Somoza se preservou no poder através da ação política direta ou por meio de parentes atrelados a ele. Essa “dinastia política” se manteve graças ao poder sobre a Guarda Nacional e uso de diversos instrumentos de natureza autoritária. Tal situação só se modificou quando a Frente Sandinista de Libertação Nacional conduziu uma revolução que derrubou a Guarda Nacional. 

Assumindo o controle político do país, os revolucionários sandinistas tiveram que contornar uma profunda crise econômica em um país terrivelmente devastado pela guerra civil. Estatizando o setor industrial e viabilizando uma reforma agrária, o novo regime tentou implementar medidas de traço socialista. Insatisfeitos com essa situação, os EUA passaram a fomentar um movimento guerrilheiro contra revolucionário conhecido como “Os Contras”. Esta jogada, quando foi descoberta foi condenada pela comunidade internacional e ficou mundialmente famosa com o nome de “Irã Contra”, pois os EUA vendiam escondido do resto do mundo armas ao Irã em sua guerra contra o Iraque, país que oficialmente apoiava e com o lucro dessas vendas apoiavam os “Contras”. 

Ao longo de toda a década de 1980, o governo revolucionário teve que enfrentar a oposição armada dos “Contras”. Visando superar a caótica situação política da Nicarágua, os sandinistas permitiram a realização de uma nova eleição presidencial e a formação de uma nova assembleia constituinte. No final daquela década, o conflito entre os sandinistas e os Contras chegou ao seu fim quando os grupos políticos conservadores retomaram o controle da nação. 

Durante a década de 1990, os governos liberais alcançaram alguns tímidos sinais de recuperação econômica. Contudo, várias questões sociais históricas do país ainda aguardavam por uma resolução mais contundente. Como resultado desta história de dominação, apesar das terras férteis, saídas para os oceanos Pacífico e Atlântico o país é um dos mais pobres da América, com indicadores que chegam a ser vergonhosos, se considerados os recursos do país. 

Várias vezes o país foi assolado por terremotos e a atividade geológica ali mostra que ainda há muito para acontecer no país.

Um comentário:

  1. Olá Ricardo,
    Estamos trabalhando na questão das atividades militares e paramilitares da Nicarágua vs. EUA no âmbito do Direito Internacional. Achamos interessante a sua matéria e gostaríamos de receber maiores informações sobre o conflito.
    Caso você se interesse entre em contato no email: aninha-daldegan@hotmail.com
    Obrigada.

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