quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

África do Sul - parte 4

Parque Nacional Kruger (Kruger Park)

Estávamos em Johannesburgo cheios de dúvidas sobre o que faríamos quando conhecemos a Anna Mowinska, uma polonesa que já estava com carro alugado, planos e roteiros definidos, e tinha estudado bastante sobre o país. Decidimos acompanhá-la, rachando as despesas do carro.

A Anna é uma garota extrovertida, muito inteligente e que, assim como nós, adora conversar sobre política, história e manda bem em qualquer terreno. Com apenas 28 anos, socióloga, ela tem uma empresa que presta serviços na área de assessoria legal referente a projetos envolvendo fundos da União Europeia. Ela manja muito sobre os hábitos dos europeus e com ela aprendemos muito sobre o pensamento das pessoas desse continente. Nos dias que passamos juntos aprendemos como se faz um boneco de neve, sobre os painéis solares que vimos na Europa, como dirigir em estradas cobertas de gelo, sobre comportamento dos bebuns europeus de diferentes países, sobre o Leste Europeu antes e depois do colapso da URSS, sobre João Paulo II e muito mais. Ela nos prometeu a receita da saudosa sopa polonesa zureg. O carro quase nunca ficava em silêncio, já que a gente também é cheio de opiniões.


Pegamos o carro, um Tata indiano e marchamos para Sabie, pequena cidade no norte, colada no parque. No dia seguinte, acordamos de madrugada para chegarmos à portaria na hora que os portões abrissem. Há várias formas de rodar pelo parque. Durante o dia você pode ir com carro próprio ou em tours do próprio parque, em jipões bem altos, onde a vista é melhor, e que são pilotados por um guia com rádio e que sabem muito sobre os bichos. Mas à noite, só é permitido passeios em tours fornecidos pelo parque. Passeamos por dois dias no parque. No primeiro, durante o dia fizemos com o nosso carro e de noite pegamos um passeio guiado. No dia seguinte só repetimos a parte do dia.

O parque tem uma estrutura muito boa, com várias áreas com banheiros, restaurantes e lojas onde também se pode hospedar ou acampar. Entramos e começamos a procurar pela bicharada. Essa parte é muito legal, pois fica um clima de tensão, com todos atentos à vegetação em busca de alguma novidade. O principal objetivo é conseguir encontrar os “big five”: elefante, rinoceronte, leão, búfalo e leopardo. Mas chegamos a um consenso que este grupo deveria ser de 7, entrando aí girafa e hipopótamo. Mas qualquer animal avistado era muito comemorado. Mesmo os impalas, espécie da qual vimos centenas, tinham o seu charme.

Os babuínos, em grupos com várias dezenas, mesmo sendo muito frequentes, sempre rendiam boas fotos.


A primeira emoção foi ver elefantes. É muito legal ver um bicho desse tamanho livre em seu habitat.


Toda vez que cruzávamos com outro carro, parávamos para trocar informações sobre os animais que estavam por perto. E assim, antes de completarmos 3 horas dentro do parque encontramos esta fera.


Como desde a infância eu me interesso por vida animal, aquele momento foi uma realização pessoal. Quando chegamos o leão dormia e vários carros estavam ali esperando ele acordar e se movimentar. Mas leões estão entre os animais que mais dormem na natureza, podendo dormir até 21 horas por dia (vidão, sô!). Sabendo disso, várias pessoas desistiam, pois o gatinho poderia ficar ali por várias horas sem se mexer. Legal que nenhum turista apelava para a buzina (é proibido, mas às vezes é tentador).

Aguardamos uns 15 minutos e, por uma tremenda sorte, o bichão acordou, se levantou, fez xixi, cocô, e saiu andando para a mata fechada.


Vimos no primeiro dia dezenas de espécies, destacando as elegantes girafas, as costas, nucas e focinhos de hipopótamos, que passam a vida quase toda dentro da água.

Os facóqueros (Pumba, de “O Rei Leão”), também chamados de javali africano (em inglês, warthog) estão para todo lado também.


As “galinhas d’Angola” (porém, com cabeças azuladas) são frequentes, bem como kudos, gnus, elandes, zebras, gaviões e vários outros bichos.


O leopardo é praticamente invisível. Pessoas que visitaram o Kruger dezenas de vezes nos disseram que nunca viram um, devido ao hábito natural de viver escondido. Ainda à luz do dia vimos rinocerontes. Mas no passeio noturno do primeiro dia o encontro foi mais legal, pois antes de vermos qualquer coisa escutamos uma barulhada de árvores de quebrando. Segundos depois apareceu na estrada um bichão, correndo igual um doido em zig-zag, com suas quase três toneladas. Felizmente, não em nossa direção. À noite vimos também algumas hienas, caminhando tranquilas, mas leões mesmo, como esperávamos (de preferência perseguindo uma presa), nada. Aliás, só com muita sorte um turista vai conseguir testemunhar uma cena dessas. 


No segundo dia entramos por outra portaria, para explorarmos outras áreas. Foi menos produtivo que o primeiro, mas mesmo assim foi muito bom. O melhor foi o final. Logo após sairmos, ao atravessar uma ponte sobre um rio, vimos vários turistas parados na mureta. É que haviam vários elefantes e hipopótamos bem pertinho, na maior tranquilidade. Em seguida entramos em um hotel de luxo que ficava na divisa com o parque para usarmos o restaurante. Era caro, mas negociamos e ficou interessante. Comida africana, com carne de alguns animais selvagens e alguns pratos parecidos com comida brasileira, como uma ótima rabada. No meio do jantar, uma apresentação de um grupo musical regional, com um coral muito bonito, tambores, dança. Gostamos tanto que até compramos um CD.


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