sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Jordânia - parte 2

Senhor Shauki, o taxista

Esse cara nos levou até a fronteira com Israel, mas no caminho paramos no Mar Morto e em outros lugares interessantes. Com um bom inglês, este filho de palestinos nos colocou por dentro de tudo sobre o país, cultura, família real e história. Jogou futebol, vôlei, foi corredor, foi soldado, e tem 8 filhos. Contou sobre sua família. Teve os três primeiros filhos em escadinha (hoje com 18, 17 e 16 anos ou algo assim), deu um intervalo de uns 4 anos e fez mais um lance de escada (12, 10 e 9). Deu um espaço de uns 7 anos e vieram gêmeos.

Perguntamos se queria ter mais esposas (quase todas nossas conversas com muçulmanos chegavam neste ponto) e ele disse que não, que era muito feliz, etc. Tinha planos bastante consistentes para colocar os filhos e filhas na faculdade e para ajeitar bons casamentos para eles. Além de tudo ele era muito engraçado e inteligente, sempre com um bom papo. Ele nos disse como seríamos tratados pelos israelenses por sermos parecidos com árabes (e acertou na mosca) e nos adiantou como seriam as coisas para a gente do outro lado. Já chegando na fronteira com Israel, dissemos a ele que tínhamos visitado o Iran. Ele disse: “ uhmmmm, isso pode dificultar. Há quantos anos vocês estiveram lá?” “Há 3 dias”. “O QUE?!!! Vocês não vão conseguir! 0% de chance. Hoje a noite nos encontraremos para jantar em Amman e vocês me contam” (nisso ele errou).

Mar Morto

De Amman até o Mar Morto paramos em uma Igreja de São Jorge, em alguns mirantes, além de uma loja de artesanatos e produtos do Mar Morto (cremes em geral). Todos eles legais, mas sem grande importância para a gente. Já a parada no Monte Nebo foi legal. De lá se tem um panorama da Terra Santa, com Jericó e, dependendo da visibilidade, até Jerusalém. Moisés teria avistado dali a terra prometida. Mais do que isto: para judeus e cristãos, ele teria sido enterrado ali por ninguém menos que Deus! E mais: até a arca da aliança pode estar ali, segundo uma passagem da bíblia. É tão importante que Bin Laden quis bombardear a área.

De qualquer forma a vista é bastante bonita, o local é bem arrumadinho, já que volta e meia pessoas importantes batem ponto lá. Tem algumas ruínas em escavação e alguns monumentos recentes.

Mas os objetivos principais do dia eram boiar no Mar Morto e entrar em Israel. Chegamos no Mar Morto e entramos por um dos clubes que o acessam. Você pode até tentar bolar um esquema para acessá-lo por sua conta, mas aprendi que não compensa.

Mas o que que o Mar Morto tem de tão especial? Pois bem, em termos de tamanho, não passa de uma lagoa, que, se formos tentar encontra-la em um mapa mundi pequeno possivelmente ele será apenas um ponto posto ali devido à importância histórica. Mas o Mar Morto além de ser a maior depressão do planeta fora dos oceanos, estando a mais de 400 metros abaixo do nível médio dos mares, é também a porção de água natural mais salgada da Terra, com uma concentração salina cerca de 10 vezes maior que a dos oceanos. Isto faz com que seja muito fácil para o banhista flutuar em sua superfície.

Aliás, para alguém se afogar no Mar Morto, só amarrando pedras ou coisa assim em seu corpo. É por isso que quase todos os turistas que vão lá tiram a clássica foto, deitados sobre a água, lendo um jornal ou revista. Dá até para tirar uma soneca. Realmente é uma brincadeira legal. Mas tem os seus limitadores. O otário aqui já foi entrando na água como se entra em uma lagoa qualquer, em um mergulho. Queria ver qual era o efeito do empuxo sob quem tenta mergulhar. Mas não usava nenhuma proteção para os olhos. Que idiotice! Devido à salinidade, meus olhos arderam tanto que tive que sair e lavar os olhos com nossa água mineral.

Mas não é só isto: qualquer feridinha que você tiver pelo corpo vai doer como se fosse uma dentada de tubarão. Mas não se preocupe: nenhum peixe sobrevive ali. Bem, como estávamos há mais de um mês entre locais de climas semi-áridos e desérticos, meu nariz estava todo ferido por dentro. Ou seja, meus primeiros momentos ali foram só sofrimento. Depois consegui ignorar parte das dores. É bom não de barbear ou se depilar nos dias anteriores.


Pois bem. Flutuamos até cansar daquilo e almoçamos no restaurante do clube. Os jordanianos tem uma receita de carneiro com quiabo muito gostosa, mas é claro, inferior ao prato mais delicioso do mundo: o Frango Com Quiabo. E quando eu voltava do banheiro encontrei Renilza em um debate acalorado com o Sr. Shawki, o taxista, sobre qual receita era a melhor. Entrei para ajudar Pretinha. O clima estava tenso: o Sr. Shawki atacou assim: “eu entendo porque vocês preferem o frango: porque vocês são uns franguinhos”! E nós contra-atacamos: “e vocês são umas ovelhinhas que ficam assim: béééééé, bééééé´!”. E infelizmente não conseguimos convencê-lo do que é certo. Esses palestinos são muito teimosos, como o planeta inteiro já sabe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário