sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

México - parte 1

Visto

A permissão de entrada nos Estados Unidos Mexicanos (sim, este é o nome do país) foi um dos episódios bizarros dos últimos meses. Estávamos na África do Sul e fomos ao Consulado do México em Pretória, com passaportes recheados de carimbos de lugares exigentes, como Europa e China, além de visto para países cobiçados por pessoas que sonham em imigrar, como Austrália.

Levávamos passagem aérea de volta para o Brasil, extratos bancários, comprovante de que Renilza tem emprego no Brasil, ou seja, tudo que até o momento estávamos informados ser necessário. Fomos recebidos educadamente e a atendente nos disse que precisávamos de um comprovante de movimentações financeiras dos últimos 6 meses.

Perguntamos se poderíamos usar algum computador do consulado para baixar um extrato instantâneo (com eles vendo que acessávamos um site de banco), mas nos disseram que seria necessária a assinatura do gerente do banco. Então dissemos que já estávamos há 10 meses fora do Brasil, como comprovavam nossos carimbos. A mulher nos perguntou se tínhamos visto para os Estados Unidos, pois se tivéssemos não era necessário visto para o México. Renilza respondeu na lata que não queria visitar os Estados Unidos e sim o México. Por fim, saímos de lá profundamente decepcionados com o país. Como pode um país grande como o México, com mais de 100 milhões de habitantes ser tão subserviente?

Voltamos ao hotel e enviamos um e-mail quase mal educado para a embaixada. Dentre outras coisas, falamos que qualquer um que tivesse meio cérebro perceberia que se estivéssemos dispostos a atravessar um deserto apenas para entrar nos EUA seria melhor termos ficado na Austrália, que é um país com condições muito melhores. Finalizamos dizendo que esperávamos que um dia o México se tornasse um país soberano e não mais precisasse se submeter às ordens dos Estados Unidos.

O mais improvável aconteceu: no dia seguinte, a Consul nos responde dizendo que nos daria o visto. Era só a gente voltar lá. Como pode isto?! Que regras são essas? Como era véspera de fim de semana decidimos não perder mais 3 dias com isso. Seguiríamos nosso rumo e tentaríamos com o consulado do México na Espanha, se não desse certo trocaríamos nossa passagem e riscaríamos o México do mapa.

Entramos em contato com o consulado de Madri e eles nos disseram que brasileiros não precisavam de visto. Nós já sabíamos que os brasileiros agora podem pedir pela internet uma solicitação eletrônica de entrada que dispensa a necessidade do visto. Acontece que o site do consulado informa que isto só vale para viagens com as empresas aéreas que aderiram ao programa. E a Ibéria não estava na lista. Renilza pegou esta autorização assim mesmo e quando chegamos ao aeroporto de Madri fomos direto ao balcão da Ibéria perguntar se poderíamos embarcar com aquele documento. Nos disseram que sim. Ficamos aliviados e ainda mais indignados com toda a confusão e perda de tempo.

Por fim, entramos no México. Mas não havia acabado. Quando saímos do país em um ônibus que só tinha estrangeiros e ia para a Guatemala, todos foram pegos de surpresa, pois tínhamos que ter pago uma taxa (de entrada) mas ninguém entendeu isto e tivemos todos que pagá-la na fronteira, onde saiu 5 dólares mais caro por causa do câmbio desavergonhado que eles usavam ali.

A conclusão que chegamos é que o Ministério do Turismo e o de Relações Exteriores do país estão em mãos de pessoas muito incompetentes. Coisa ruim para um país que recebe mais de 20 milhões de turistas a cada ano. Mas nossa estada no país foi muito boa. Os mexicanos que conhecemos são pessoas incríveis, trabalhadoras, honradas e muito amáveis. E estas são as características mais importantes que um povo pode ter.

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