segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Israel e Palestina - parte 6

Monte das Oliveiras

Contávamos as horas para cumprirmos nossos planos em Israel. O fato de estar próximo a monumentos históricos extremamente importante não aliviava em nada o asco que sentíamos por aquela situação entre árabes e israelenses. Mas definimos que iríamos ainda ao Monte das Oliveira. Foi um pouco decepcionante. Parece que todo mundo quis marcar presença onde Jesus foi crucificado. Há várias igrejas lá, católicas protestantes, anglicana, um cemitério judeu, enfim. Quer torturar um ateu radical? Solte-o no Monte das Oliveiras e escute os gritos.

Não conseguimos entrar na Igreja da Agonia, ou das Nações (já que várias nações ajudaram a patrocinar sua construção), que já estava se fechando. Mas tiramos esta foto aí.


Teria sido ali onde Jesus teria orado antes de ser preso. Mas o local é uma farra arqueológica. Quanto mais cavam mais coisas encontram. Já descobriram que ela foi construída onde pelo menos outras duas igrejas já existiram. A Igreja Ortodoxa de Maria Madalena, uma das construções mais bonitas do local também estava fechada. 


A única Igreja em que conseguimos entrar foi a Igreja da Assunção e Tumba de Maria. Muito bonita por fora e por dentro, onde se guarda a suposta tumba de Maria, como indica o nome.


Atravessamos, já anoitecendo o Getsemani, jardim no vale entre Jerusalém e o monte das Oliveiras e entramos novamente na cidade murada. O que mais valeu mesmo dessa visita foi a vista privilegiada da parte antiga de Jerusalém. Íamos entrar na cidade pelo lado judeu, mas Renilza vestia uma camisa com um escandaloso “Free Palestine”. Então, com medo de levarmos um merecido esculacho, já que ali a entrada é super controlada, tivemos que dar a volta e entrar pelo lado árabe.

Adeus, Israel

Israel foi o campeão em uma coisa: foi o país onde levamos o menor tempo para ter vontade de ir embora. Havia uma situação clara: Israel domina áreas que os organismos internacionais não o concederam e nem reconhecem como suas. Israel cumpre e invoca muito bem a resolução da ONU que lhe deu o direito de existir, mas é um dos campeões em descumprimento de resoluções deste organismo, principalmente no que se refere às que o ordena a cessar construções de assentamentos para judeus em áreas palestinas, destruição de áreas civis palestinas, e várias e várias outras. Israel é a prova que, pelo menos por enquanto, mais vale ser amigo dos Estados Unidos do que do resto do mundo. Algumas pessoas dizem: “eles venceram as guerras contra os árabes e tem por isso o direito às terras dominadas”. Quem acha que ter poder para fazer algo é uma justificativa legítima para fazê-lo, deve ter concordado quando Hitler decidiu exterminar os judeus, afinal, ele tinha poder para aquilo.

Israel não administra os territórios palestinos, como Belém ou Ramallah, mas os mantem cercados. E controlam quem e o que pode entrar ou sair de lá. Então, se você quiser visitar Belém por qualquer motivo, seja religioso, humanitário ou porque tem um amigo lá e declarar isto na Imigração de Israel, poderá tomar um “não” no passaporte e ter que voltar. Por outro lado, empresas israelenses exploram o turismo gerado pelos locais palestinos. A maneira mais fácil de ir a Belém, na Igreja da Natividade, por exemplo, é por uma agência israelense. Você ainda terá que se hospedar em um hotel em alguma cidade dominada por Israel, pagando a eles impostos.

“Detalhes” como esses não importam à maioria, mas a nós sim, e por isso Israel foi o único país do qual tivemos nojo. Os judeus foram odiados por todo o mundo ocidental durante 19 séculos e, só quando foram quase extintos pelos nazistas é que a humanidade teve compaixão para com eles. Porém, isso não durou nem meio século. Desde o ano 2000, principalmente na Europa, cresce de forma exagerada manifestações populares violentas contra grupos de judeus, sinagogas, escolas judaicas, etc, mesmo com os governos de praticamente todos os países europeus tendo trabalhado fortemente para desencorajar e punir tais atos.

Esperamos poder um dia regressar a Israel sem ter que passar por constrangimentos que hoje estamos sujeitos e, principalmente, esperamos poder um dia visitar a Palestina, já como um país não dominado expressando em suas condições materiais toda a nobreza que seu povo consegue demonstrar mesmo em condições tão adversas.

Saímos de Israel entrando novamente na Jordânia. Detalhe que não se paga pelo visto de entrada em Israel, mas sim pelo de saída, cerca de 50 dólares por pessoa.

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