quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Suazilândia

Suazilândia

Depois do Kruger, seguimos com a Anna para a Suazilândia. O país é uma pequena área montanhosa que faz fronteira apenas com a África do Sul e Moçambique. É uma das últimas monarquias africanas e conseguiu entrar no século XXI ainda absolutista. Embora algumas liberdades sejam institucionalizadas, como possuírem um sistema judiciário razoavelmente independente e uma assembleia legislativa, ainda é proibida a existência de partidos políticos e processos judiciais contra o rei. Logo, o cara pode fazer o que quiser. Um terço da população adulta é HIV positiva, fazendo desta a maior taxa do mundo. A população é de cerca de 1,2 milhões de habitantes e a expectativa de vida não chega a 40 anos. Apesar disso, quase 80% da população é alfabetizada, o que na África é um número alto.

Mas, ao contrário do que esperávamos, o aspecto geral do país era bom. Apesar da pobreza, é incrível como as ruas e demais espaços públicos são limpos, bem como as pessoas em seu asseio corporal. As paisagens se parecem demais com as montanhas de Minas Gerais. Imaginei que se, há séculos atrás um nativo fosse capturado ali, enjaulado sem poder ver o lado de fora, colocado em um navio que fosse para o Brasil e pudesse ver o mundo novamente só em Sabará, por exemplo, ele provavelmente iria achar que sua aldeia era ali ao lado.

Ao passarmos a fronteira, batemos um papo com o agente, que, apesar de cara de adolescente e de ser muito franzino, tinha uma voz extremamente encorpada. Lembrava Berry White ou Milton Nascimento. Parecia que falava dentro de um tambor vazio. Ele que naquela entrada pegaríamos alguns quilômetros de estrada ruim. Na saída do escritório, vimos um pé de goiaba igualzinho aos nossos. Aí conversamos mais um pouco. Dissemos a um guarda que no país da Anna (Polônia), haviam macieiras nas calçadas e em beira de estradas e que se podia colher à vontade. Ele ficou impressionado e perguntou: “mas não há perigo se ser preso?”. Nos despedimos e entramos no agradável país montanhoso com suas casinhas coloridas.


A estrada de terra não era ruim, era péssima. Como estradinhas de zona rural em áreas montanhosas onde chove muito. A Anna nunca havia visto algo assim. Ela começou a ficar desesperada com o monte de vezes que o carro se chocava contra um buraco. Dizíamos que era para ela dirigir devagar e ela tentava, mas não era o suficiente. Enfim, me passou o carro e conseguimos chegar bem. Eu tentava explicar para ela que era fácil passar pelos buracos. Bastava ir bem devagar, parar se fosse necessário para uma melhor avaliação, etc. Depois do sufoco entramos em uma rodovia que, como as outras que conhecemos, era muito boa.

Quando já estávamos no albergue ela disse para todos que nós salvamos a vida dela. E eu sacaneava, dizendo: “Você está exagerando. Nem foi tão difícil, pois em nenhum momento eu precisei pedir a vocês para se sentarem sobre o capô para fazer peso sobre as rodas dianteiras”.

  
No hotel conhecemos ainda um casal luso-polonês, que voltavam de uma temporada de trabalhos voluntários em Moçambique. O portuga é médico e a polaca antropóloga. Como estavam em fim de viagem, nos deram seus remédios para malária e piriri que sobraram. Conhecemos ainda a Linda, a pessoa mais generosa do mundo. Ela é psicóloga e nasceu no Zimbábue. Ela gosta de distribuir dinheiro para os outros. Ficamos muito felizes porque nos deu 600 milhões de dólares! E nós só podíamos retribuí-la nos tornando amigos no Facebook.


Apesar de a “terra dos swasis” ter algumas atrações interessantes, como safáris e trilhas, já tínhamos visto disso na África do Sul. Mas visitamos um centro cultural bem próximo ao hotel onde vimos um show muito bonito de danças e canções tribais. Os homens e mulheres do conjunto vestiam trajes típicos e empunhavam armas e escudos. Alguns negões chegavam a dar medo, quando cantavam com a cara fechada olhando para a gente. Não tem jeito. Para cantar como africano, só os africanos. Dá até pena lembrar que cantores norte-americanos e europeus com voz estridente dominam o mercado mundial de música há décadas enquanto os africanos são e possivelmente permanecerão por um longo tempo como “exóticos”. Depois do show visitamos uma vila artificial que representa uma aldeia swazi típica.


Estávamos na capital Mbabane. Cidade ajeitadinha, com um shopping legal, onde assistimos o último filme da série Crepúsculo (Renilza que quis!). Também visitamos um mercado de artesanato, produto pelo qual o país é famoso e fizemos uma feirinha. Mas de resto era só isso. Pegamos em uma manhã uma van e, amontoados com pessoas nativas chegamos novamente em Johannesburgo para mais uma noite antes de seguirmos para a Namíbia.

Mas essa noite foi legal por um motivo: conhecemos a Lilian, paulista cuja mãe é de Itajubá e que também estava em viagem de volta ao mundo. O legal é que uma amiga minha, a Lela, é sua prima. Tiramos uma foto juntos e eu mandei para a Lela pelo Facebook. Está provado: o mundo é realmente muito pequeno.

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