sábado, 19 de janeiro de 2013

Namíbia - parte 2

Sossusvlei

A van nos pegou no hotel no horário marcado. Com a gente ia um casal de holandeses e uma finlandesa, além do Gregory, o guia nativo, que acumulava as funções de motorista, cozinheiro e ajudante de acampamento. O cara ainda fala 5 idiomas.

Tudo ia bem até que tivemos um pneu furado. O Gregory conseguiu enchê-lo o que nos deu autonomia para chegarmos ao ponto onde pararíamos para o lanche. O local era um mirante de onde se tinha uma vista muito impressionante do deserto da Namíbia. O macaco do carro era insuficiente para a altura necessária para a troca do pneu. Foi preciso fazer um buraco no chão para que o sobressalente pudesse ser encaixado.

No meio da tarde chegamos ao Sossusvlei. O nome quer dizer algo como “pântano sem saída”, já que a água das raras cheias dos riachos da região ficam represadas pela geologia do deserto. Ali então, no meio do deserto da Namíbia se forma um ecossistema praticamente único.

A área de camping é excelente. Tem banheiros, restaurante, um pequeno supermercado e as áreas para montagem de barracas são delimitadas por cercas de pedras com uma árvore no meio e um ponto para se fazer fogueira ou montar uma churrasqueira.

Ainda nesta tarde o Greg nos levou ao cânion de um rio que corta o deserto, mas que fica boa parte do ano seco. Nos explicou sobre a geologia, sobre como os homens pré-históricos da região construíam suas moradas nas paredes do vale e um monte de curiosidades. No leito do rio ainda haviam algumas poças onde pudemos ver vários bagres africanos. Este peixe tem algumas características que tornam possível sua vida em um ambiente tão hostil. Por exemplo, quando percebe que seu poço vai secar, ele faz um buraco na lama e se enfia ali. Depois entra em um estado análogo a uma hibernação e pode sobreviver assim por um longo tempo até que as águas retornem. Outra opção é sair do poço rastejando a procura de outro local com mais água.

 
Saímos do cânion e fomos direto para um aglomerado de dunas para ver o por do sol. Chegamos quase na hora e ainda tínhamos que achar um lugar legal.


Vimos então um casal já posicionado em um ponto alto e pensamos: esses aí chegaram cedo e tiveram tempo de procurar um ponto onde a vista é boa. E fomos para lá. Tiro mais que certeiro. Aqui eu faço uma reflexão: se você está no deserto, com sede, e alguém te oferece cerveja gelada só pode ser duas coisas: 

1 - Se trata de uma miragem. Você já está desidratado, febril e começa a ter alucinações.

2 – A pessoa que você encontrou é apenas um alemão que está ali para curtir um por do sol no seu estilo.

Felizmente com a gente o que rolou foi a opção 2. Só mesmo um alemão para não se esquecer das cervejas quando for curtir um por do sol no meio do deserto.

  
Voltamos, comemos e dormimos. No dia seguinte bem cedinho saímos para chegar à duna 45 (as dunas do parque são catalogadas e monitoradas) para vermos o sol nascendo. É reivindicado para esta duna o título de “a duna mais fotografada do mundo”, já que todo turista que vai no Sossusvlei fatalmente acompanha o nascer do sol dali. Além de ela ser muito bonita, tem uma forma fácil de escalar e está perto da estrada.


Chegamos quase na hora e tivemos que subir o monte de areia correndo. Péssima ideia. Para ajudar, estávamos de chinelo. Quando já estava lá em cima percebi que tinha perdido um pé das minhas havaianas (para ser mais exato, era uma Dupé que o Angelo havia deixado comigo). Continuamos subimos e conseguimos nossas fotos. Na volta bateu uma tristeza pelo chinelo perdido e fiz uma tentativa desesperada: comecei a gritar: “I lost my flip-flops (eu perdi meu chinelo)”. Não é que deu certo! Na primeira tentativa uma menina, brasileira, não sei se reconhecendo o sotaque da minha pronuncia ou pelo fato de ter visto uma “Dupé” perdida já foi respondendo de cara em português: “olha, tem um pé de chinelo azul bem ali embaixo”. Seguimos para o ponto onde ela indicou e tudo se resolveu.

O próximo ponto de visita era o Deadvlei. Se trata de um lugar onde outrora foi um pântano, mas que secou as acácias que ali viviam secaram e morreram, mas se mantiveram de pé. Na verdade, ali é um ponto que quando um rio que está próximo transbordava, era encharcado por esta água e por isso pode abrigar uma floresta. Mas o movimento das dunas, séculos atrás acabou barrando a passagem dessa água e tudo se acabou. Os defuntos das acácias tem cerca de 900 anos. As dunas ali em volta, de quebra, estão entre as maiores do mundo.


Na volta nossa van atolou na areia. Todos tiveram que descer e ajuda a empurrar, mas acabamos sendo rebocados por um jipe.


Neste parque não vimos leões ou elefantes, mas alguns antílopes e vários avestruzes garantiram um bom show.


Na mesma tarde iniciamos a viagem de volta. Paramos em um camping na estrada e pudemos curtir uma piscina. Neste lugar o por do sol também foi muito bonito.

A galera na Namíbia tem muito bom gosto quando se trata de jardinagem e arquitetura. Apesar de estar no meio do deserto, a área era cheia de jardins e o pessoal usava muitos cactos e bromélias resistentes, conseguindo excelentes resultados mesmo com escassez de água. 


Na manha seguinte estávamos de volta ao nosso hotel em Windhoek.

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