segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Israel e Palestina - parte 5

Ramallah

É a capital provisória da administração dos territórios palestinos, exceto Gaza. Provisória porque os palestinos consideram Jerusalém como sua capital. Mas esta está dominada por Israel, que também a declarou sua capital, A cidade não tem nada de especial. Descemos do ônibus e começamos a perambular. Na praça central, que tem um mastro com a bandeira palestina sendo escalado por um boneco, muito original, rolava um protesto de jornalistas contra a repressão das forças armadas israelenses contra profissionais de comunicação.


Um vendedor ambulante nos pergunta de onde somos. Fica todo feliz por sermos brasileiros e mais gente se aproxima. Nos paga um chá com menta e a gente fica batendo papo por uns 40 minutos. Caminhamos mais um pouco. Conhecemos um cara que viveu no Brasil. Ele nos levou ao mausoléu de Yasser Arafat, que fica em uma avenida chamada Brasil. Segundo ele, o governo brasileiro ajudou a pavimentar as ruas que chegam ao mausoléu, que é um dos pontos mais bonitos de Ramallah.


Almoçamos um bom kebab e os garçons me deram uma aula de como cortar a carne.


Enfim, voltamos para Jerusalém. Ramallah também está cercada por pelo muro de Israel e mais uma vez passamos por um posto de controle, desta vez com raio x, roleta, sala de vidro blindado. Levamos cerca de 40 minutos para passar, pois era muita gente: garotas indo para a faculdade, pais de família, senhoras, gente normal. Algumas vezes pessoas ficam por horas esperando poder passar e perdem compromissos, pois nem sempre se consegue prever o tempo que se vai perder em uma dessas paradas. Sr. Daud

Passávamos em frente à torre de Davi, na cidade velha de Jerusalém, quando um vendedor nos perguntou de onde éramos. Ao falarmos que somos brasileiros, o cara falou na hora “aquele senhor ali é brasileiro também” e nos apresentou o Sr. Daud (Davi). Ele na verdade é palestino e viveu no Brasil entre 1958 início dos anos 80. Morou no Rio Grande do Sul e é colorado. Depois foi viver nos Estados Unidos. Com 46 anos, em visita à terra natal, se casou com uma moça de 26 e a levou para os EUA. Eles tem 5 filhos.

Há alguns anos regressaram para a Palestina, pois não queriam que os filhos crescessem longe de suas origens. Aprendemos um bocado de coisa com ele, sobre como são as relações com os judeus, os sonhos dos palestinos, seus planos de protestos contra Israel/EUA, como chegar a vários locais, etc. Apesar de estar há mais de 30 anos fora do Brasil seus amigos se referem a ele como “Gaúcho” e seu português é muito bom. Mesmo sendo islâmico, não escapou da feijoada enquanto esteve no Brasil.


O Sr. Daud foi o primeiro de 3 palestinos que conhecemos que viveram no Brasil e que haviam retornado. Fluxo interessante, já que, acompanhando as notícias sobre a região, não é de se esperar que quem se estabeleceu em outro lugar queira voltar. Ele nos pagou um café na bar de um palestino católico e nos fez companhia durante o almoço. Dias depois nos encontramos de novo, quando ele voltava de uma pequena colheita de azeitonas.

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