quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Jordânia - parte 4

Deserto Wadi Rum


De Petra descemos para o sul, para o Vale da Lua, outro nome do Wadi Rum. É um deserto com areias avermelhadas e montanhas de granito e quartzito, que fica a 60 km de Aqaba.


Chegamos na entrada do parque pela manhã e bem cedo entramos no deserto, apenas nós e três amigos japoneses, estudantes de medicina. Garotos muito divertidos e muito camaradas. Um deles esteve no Brasil e segundo seus amigos ele vivia dizendo que o Brasil era o melhor país que ele havia visitado. Até chegar ao nosso acampamento paramos em vários pontos de interesse, todos realmente muito legais. Passamos pelos restos da casa que um dia foi habitada pelo famoso Lawrence da Arábia, subimos vários rochedos, de onde tínhamos vistas espetaculares, subimos e descemos algumas dunas. Os japinhas, animados pra caramba, tentavam subir correndo e descer rolando, e sempre aos gritos e às gargalhadas.



Numa das paradas eu pedi o beduíno que era nosso motorista para me deixar dirigir o jipe. Ele disse que sim, mas em uma área mais tranquila, pois a caminhonete não tinha freio. Era brincadeira. Ele tinha 22 anos e era noivo. Dissemos que era bastante jovem para se casar, mas ele disse que os beduínos costumam se casar com 15. Ele falou para a gente que queria 4 esposas: 1 beduína, uma brasileira, uma australiana e uma americana. Também me disse que poderia me ajudar a conseguir uma segunda esposa beduína. Mas a primeira esposa tem que aceitar e até ajudar a escolher a segunda. O problema é que Pretinha não aceita mais ninguém (ela é doida comigo).


Por incrível que pareça, no fim da tarde choveu. Não foi lá aquela coisa que se pode dizer: nossa, que tempestade! Apenas uma garoa que salpicava a areia. Mesmo assim é raro. A Fiona, uma alemã que era voluntária no acampamento nos disse que conheceu pessoas que visitaram o Wadi Rum dezenas de vezes e nunca viram nem uma chuvinha.

Nosso acampamento era composto por uma área de serviços, banheiros, uma grande tenda de beduínos, feita com tapetes de lã de ovelha, que era a área social e onde fazíamos as refeições e as cabanas para passarmos as noites. Tinha pouco mais que o mínimo necessário, mas era isto que queríamos. Não faz sentido querer passar a noite no deserto em um hotel 5 estrelas. Ao fim da tarde começou a esfriar e a noite foi bem fria. Renilza chegou a usar um dos cobertores de emergência.



O por do sol no meio daquela paisagem avermelhada é muito bonito, quase único. Com a noite, dá para entender porque os povos do deserto tem o hábito de ficar estudando as estrelas. Primeiro, é claro, por necessidade, pois ajuda na orientação e também na definição das estações. Segundo, porque é bonito demais. O número de estrelas visíveis parece se multiplicar, já que o ar é muito puro e o céu quase sem nuvens e névoas. A Via Láctea fica facilmente visível.


Jantamos uma comida que dizem ser de origem beduína. Nosso cozinheiro é um cara do Sudão, muito simpático, com um nome muito difícil de se pronunciar. Conhecemos o Sérgio, um mexicano muito gente boa, namorado da Fiona, também voluntário no acampamento. O cara trabalha com uma ideia interessante, de promover algo como uma rede de acampamentos ecológicos em vários pontos do globo. Faltou um violão e umas cervejas, mesmo assim valeu muito a pena.


Aqaba 

Pegamos um táxi partindo de Wadi Rum até Aqaba, compartilhando com um inglês que já tinha hotel em Aqaba, nosso próximo destino. O taxista foi caminhoneiro durante muito tempo, fazendo uma rota que percorria a Jordânia e Iraque. Ele dizia que Saddam Hussein era muito bom, pois os combustíveis eram baratos e a comida também. Segundo ele, todos amavam o Saddam. Exceto os xiitas, que eram a metade da população. Estranho esse conceito de “todos”, que exclui a metade o grupo. Sem contar que os xiitas são cerca de 60% e não a metade.

Enfim, conseguimos nos hospedar no mesmo hotel que o nosso companheiro. O hotel é na margem do Mar Vermelho, com piscina, restaurante, além de oferecer mergulhos guiados.

Aqaba é onde acaba a Jordânia, na porção sul. Dali se podia avistar 4 países diferentes. O primeiro, a Jordânia, onde estávamos. À nossa direita, Israel. À frente, na outra margem do Mar Vermelho, o Egito. E à nossa esquerda, quem tinha boa visão podia ver umas usinas soltando fumaça que são sauditas.


Estávamos ali por duas razões: queríamos mergulhar no Mar Vermelho e para tomarmos um ferry para o Egito. Fizemos um mergulho em meio a corais de qualidade muito boa. Não se comparam a Bunaken na Indonésia, onde mergulhamos em março, mas valeu a pena. Porém, não foi o que esperávamos, já que o Mar vermelho é um dos locais mais famosos para mergulho. É claro que mesmo em lugares muito recomendados, existem pontos para mergulho melhores que outros. Então preferimos acreditar que não vimos o melhor do Mar Vermelho. Mesmo assim valeu a pena.


Saída 

A Jordânia, mesmo sendo um pequeno país possui atrações que facilmente ocupariam um mês de férias. Boas praias, mergulho, os desertos, Petra, o Mar Morto, ruínas, boa comida, além de lugares sagrados para as religiões abraãnicas. Além disso, do país se acessa por terra Israel/Palestina de forma segura.

Mas a gente tinha que ir. Então pegamos um ferry noturno em seu único porto marítimo e de manhã estávamos em Nuweiba no Egito.

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