quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Iran - parte 10

Teerã

Reservamos uns cinco dias para Teerã, mas já no primeiro decidimos encurtar o período. A cidade tem vários museus, mas os que nos interessavam estavam parcial ou totalmente fechados. E, decidimos que 18 dias já tinha sido o bastante para o Iran. Por mais bonitas que sejam, já estávamos cansados de entrar em mesquitas e a cidade é bastante barulhenta. É claro que tem um potencial imenso a ser explorado e, se fosse outra época, poderíamos curtir os museus e fazer um bom passeio de teleférico nas montanhas que limitam a cidade, que tem as partes mais altas cobertas de neve no inverno. Mas como não era o caso. Ficamos apenas dois dias na cidade.

Pessoas

O Iran pode ser o herdeiro do patrimônio persa, ter cidades históricas completamente originais, ter estações de esqui, ter suas mesquitas, praças, etc., mas o que mais nos marcou foi a hospitalidade. Existe uma marca naquele povo que é muito interessante. Eles não são calorosos, mas são muito hospitaleiros. As pessoas se oferecem para ajudar sem a menor intenção de receber algo em troca. Nunca nos sentimos tão seguros quanto no período em que estivemos no Iran. As pessoas nos passavam a impressão que se sentiam responsáveis por nós, sem serem pegajosas.

Perguntamos ao Ramin se isto acontecia só com turistas e ele disse que não. Nos deu o exemplo de que uma vez, quando ele estava perdido em Teerã, um cara numa moto parou e se ofereceu para ajudá-lo. O cara o levou na garupa por 40 minutos até encontrarem o local que ele procurava.

A gente volta e meia ganhava alguma coisa: pedimos para um padeiro deixar a gente tirar uma foto dele fazendo pão e ele nos deu um pão. Um cara com uma banca de souvenires, nos deu um cartão postal porque gostou da gente. Um outro pagou nossas passagens em um coletivo, um taxista que teve que andar mais do que combinamos porque o endereço do hotel estava errado não aceitou nossa gorjeta. Essas demonstrações de amabilidade nos conquistou desde o início.

O país tem um potencial turístico enorme a ser desenvolvido. Os museus podem ser melhorados e alguns tem mesmo que ser construídos. Por exemplo, não há um museu dedicado à guerra contra o Iraque. Mesmo com essas deficiências, o tratamento que recebemos colocou o Iran entre os países que mais gostamos.

Mulheres

Antes de entrarmos no país tivemos que comprar umas roupas para Renilza. Antes de saber onde está o Iran a maioria das pessoas já sabem que há restrições quanto às vestimentas femininas. As mulheres não devem expor braços, pernas e cabelo. Os homens também não podem usar regata e bermuda. O que ocorre é que, mesmo com essas restrições, algumas pessoas nos disseram que no Iran as pessoas eram livres, pois em outros países muçulmanos as mulheres eram obrigadas a tapar até o rosto. De fato, vimos apenas duas mulheres com os rostos tapados e nos disseram que eram árabes. Realmente, quando se sai do Iran para outros países muçulmanos na região pode-se notar a diferença. Na Jordânia e Egito, onde as leis não proíbem a mulher de usar roupas ocidentais, cansamos de ver mulheres, muitas vezes jovens com o corpo completamente tampado, inclusive o rosto, deixando expostos apenas os olhos.

No Iran, como em quase todo mundo as mulheres são umas danadinhas. Você pensa que por estarem com o corpo todo coberto elas não conseguem expor seus atributos? Engano total. A maioria faz uso quotidiano de maquiagem, estão com sobrancelhas sempre podadas, as jovens usam calças justas e a “blusa” comumente é justa na cintura. Como o cabelo é uma arma importante no arsenal feminino, no caso das iranianas, elas costumam fazer uns apliques para ficarem com o lenço bem volumosos. Cirurgias plásticas para redesenhar o nariz (geralmente grandes em povos de regiões desérticas) são muito comuns.

As mulheres dirigem, inclusive táxi e são maioria nas universidades, além de ocuparem uma boa parte dos postos de trabalho. Que fique claro que não somos defensores da legislação iraniana que reserva direitos diferentes para homens e mulheres. Mas dando uma voltinha pelo mundo árabe você verá situações bem piores do que a das iranianas. Na Arábia Saudita, por exemplo, as mulheres sequer podem dirigir e, caso alguma dela vá sair do país, precisa da permissão do seu “guardião”, que pode ser o pai, marido, irmão e até um filho menor de idade. Mas devido à aproximação entre Arábia Saudita e Estados Unidos, de alguma forma, poucas vezes os meios de comunicação falam sobre as violações dos direitos humanos no país saudita.

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